Museu da Fotografia Fortaleza realiza sua primeira exposição a céu aberto na Beira-Mar

"Ser Humano" retrata uma série de conflitos históricos no Brasil e no mundo. A abertura da mostra acontece nesta segunda (14), a partir das 14h

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Registro de bombardeio na cidade de Mossul, no Iraque, em 2017
Foto: Felipe Dana

A fotografia é um dos meios que o ser humano encontrou, sem o recurso da palavra, para observar como sua jornada envolve do amor ao conflito. Nesta polaridade, as imagens soam feito registros de memória da nossa inclinação ao poder, à competição e à afirmação de um espaço próprio em prejuízo do lugar do outro.

A mostra "Ser Humano", nova exposição do Museu da Fotografia Fortaleza (MFF), faz um apanhado desse tom da história e disponibiliza 42 fotos na Avenida Beira-Mar (na altura do Espaço Casa Cor Ceará) a partir desta segunda (14), às 16h. O acesso é gratuito. A exposição ficará em cartaz até 14 de janeiro.   

Com a curadoria dos fotógrafos Silas e Lia de Paula, a partir do acervo de Paula e Sílvio Frota (diretor do MFF), a exposição revela 12 imagens do período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e mais 30 sobre conflitos na Síria, Iraque e Líbia. Autores como Gabriel Chaim, Felipe Dana, Maurício Lima, André Liohn, Juca Martins e Evandro Teixeira compõem o recorte da mostra.  

"Nós decidimos fazer essa exposição logo que acabou a Casa Cor na Beira-Mar. O espaço ia ser desmontado. Daí nós, juntamente com a Neuma Figueiredo da Casa Cor e o Rodrigo Nogueira da Prefeitura, tivemos a ideia de levar o museu pra aquele lugar", situa Sílvio Frota. Para Silas de Paula, a possibilidade democratiza o acesso do público às imagens. "Prédios imponentes de alguns equipamentos culturais podem assustar alguns públicos. Às vezes, intimida um pouco. A Beira-Mar é um ótimo local pra isso", observa o curador. 

Legenda: Registro da passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, mobilizada pelo movimento estudantil brasileiro em 1968
Foto: Evandro Teixeira

"Ser Humano" é a primeira exposição do MFF a céu aberto. O diretor Sílvio Frota recapitula que outras exposições do Museu ocuparam outros lugares, por meio do projeto "Museu Itinerante". Dessa vez, a ideia de facilitar o acesso ao público foi fundamental para aproveitar o espaço deixado pela organização da Casa Cor. 

Após a curadoria das imagens, a mostra ganhou o título, pela "duplicidade conotativa do termo", destaca Silas. "É adjetivo e substantivo, ao mesmo tempo. Carrega a dimensão dos conflitos, exigindo, talvez, uma reflexão sobre o tempo passado e o presente. Isso pode nos ensinar a pensar melhor o futuro", sugere o fotógrafo. 

Retiradas do acervo da direção do MFF, as imagens já foram expostas antes e, segundo Silas de Paula, o número de fotos da série a qual cada uma pertence é bem maior. O recorte de "Ser Humano" resume, para o curador, os acontecimentos registrados e o trabalho de cobertura fotojornalística dos autores. 

Ao lado de Silas, que também é o atual diretor do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS), a curadoria da mostra ficou a cargo da fotógrafa Lia de Paula. Fotojornalista, ela se dedica à fotografia documental, aos retratos de família, e já trabalhou pelo próprio Museu da Fotografia, além dos poderes municipal, estadual e federal. 

Percurso

Após 6 meses fechado por conta das restrições de circulação da pandemia do coronavírus, o MFF reabriu para visitação desde o último dia 22 de setembro. O equipamento (localizado na Rua Frederico Borges, 545, Varjota) retornou permitindo um máximo de 40 visitantes simultâneos, de terça a domingo, das 12 às 17h.

Para a reabertura, a organização do Museu teve de providenciar medição de temperatura, totens com álcool em gel disponíveis nas galerias, e só permitir a permanência de cada visitante com máscara. Os funcionários também tiveram de adotar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Para o diretor Sílvio Frota, "foi um ano muito difícil". "Primeiro, porque o grande foco da gente é a parte educacional (pelo Núcleo Educativo do MFF), em que a gente atende em torno de 60 mil crianças por ano. Em 2018, foram 98 mil. Em 2019, 60 mil. Com a reabertura, nós não tínhamos como trabalhar com as crianças, era muita responsabilidade", observa.

Frota acrescenta que os projetos itinerantes do Núcleo Educativo também foram paralisados e seguem limitados até que o contágio do vírus permaneça em alta. "A gente atua também dentro dos hospitais, daí não tem como levar o Museu para dentro desses lugares. Foi um ano difícil, porque esse trabalho é o nosso grande foco".  

Serviço
Ser Humano

Abertura da nova exposição do Museu da Fotografia Fortaleza. A mostra acontece a céu aberto, no endereço Avenida Beira-Mar, 4060, Meireles (Espaço Casa Cor Ceará). Em cartaz até 14 de janeiro de 2021. A visitação é gratuita, de terça a domingo, das 16h às 22h. Contato: (85) 3017.3661

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