Exposição interativa ‘Fortaleza em 121 Bairros’ retrata peculiaridades dos territórios da Capital

Exposição traz quebra-cabeças com peças que representam cada bairro da Capital

Escrito por Ana Beatriz Caldas , beatriz.caldas@svm.com.br
Exposição inclui
Legenda: Exposição inclui "nuvem" imersiva de mapas
Foto: Ismael Soares

Quais bairros compõem as suas memórias? Onde você mora, estuda, trabalha, frequenta espaços de lazer, conhece pessoas e mantém laços afetivos? Essas são algumas das reflexões provocadas pela exposição “Fortaleza em 121 Bairros”, que reúne mapas, dados e curiosidades sobre os territórios da Capital e está em cartaz no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) até o fim de julho.

Idealizada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan Fortaleza), a mostra é resultado da atualização do mapeamento de dados realizado pela instituição e é dividida em duas etapas.

Cada regional tem uma paleta de cores diferente e cada bairro, uma cor própria
Legenda: Cada regional tem uma paleta de cores diferente e cada bairro, uma cor própria
Foto: Ismael Soares

A primeira, artística, tem como destaque uma intervenção que reúne mapas dos 121 bairros em uma “nuvem” interativa; a segunda, mais analítica, traz painéis com elementos visuais que permitem entendimento fácil de dados importantes da Capital, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos bairros e onde políticas públicas de saúde, educação, lazer e outros segmentos estão mais ou menos presentes.

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Segundo Laura Janka, diretora de planejamento do Ipplan, a exposição utiliza elementos analógicos e experimentais para se aproximar dos cidadãos – já que os dados também podem ser consultados online, no site do projeto, mas ganham uma outra dimensão no formato pensado para o CCBNB. 

“Para cada um dos dados, a gente fez um esforço de criar infográficos que ajudam a digerir e a memorizar melhor as informações. É muito mais fácil ler um gráfico, uma forma, do que uma letra”, explica a gestora.

Centro com forma de
Legenda: Centro com forma de "navio", Edson Queiroz como "dinossauro": painel traz possibilidades lúdicas para territórios
Foto: Ismael Soares

Além dos elementos visuais, a exposição conta com recursos interativos, como quebra-cabeças com peças que representam cada bairro da Capital. A mostra se pauta em conceitos da pedagogia urbana, que estimula o pensamento crítico e a educação por meio da geografia das cidades.

“O mapa empodera. Quem tem o mapa, quem conhece a cartografia e entende seu próprio território, tem mais conhecimento, tem mais poder de decisão”, explica Laura.

Quebra-cabeças dos bairros de Fortaleza é um dos elementos da mostra
Legenda: Quebra-cabeças dos bairros de Fortaleza é um dos elementos da mostra
Foto: Ismael Soares

Laura explica que o design e o uso de linguagem simples fazem com que a exposição seja acessível para crianças – especialmente em ações educativas, feitas em parceria com escolas –, mas também estimule o interesse de acadêmicos, pesquisadores e os próprios gestores públicos. O público principal, porém, é o cidadão comum, que vivencia a cidade.

“Esse projeto aproxima as pessoas dos bairros a partir de dados confiáveis, histórias e curiosidades de cada um dos bairros e a partir, especialmente, da cartografia”, destaca. “Os mapas cabem no bolso e são disponibilizados em mesas de apoio, em montes, para que cada um encontre o seu e descubra ou redescubra outros territórios”, conclui.

Os mapas de cada bairro, aliás, também podem ser baixados gratuitamente na plataforma do projeto.

Exposição revela crescimento da Cidade e traz reflexão sobre desigualdades

Visitantes podem levar mapas de seus bairros para casa; versão online pode ser baixada no site do projeto
Legenda: Visitantes podem levar mapas de seus bairros para casa; versão online pode ser baixada no site do projeto
Foto: Ismael Soares

Os dados apresentados na exposição foram retirados de uma Base Cartográfica Unificada, desenvolvida entre 2018 e 2019 pelo Ipplan e parceiros públicos e privados, que dá conta dos reais números de Fortaleza – como o crescimento da Cidade e da população, os novos bairros que surgiram nos últimos anos e informações referentes ao impacto das políticas públicas nos bairros da Capital. 

A partir desses dados, é possível refletir sobre vivências individuais, mas, principalmente, sobre a realidade coletiva vivida por quem mora nos territórios mais negligenciados de Fortaleza. 

Um dos painéis demonstra, por exemplo, que apenas 28 dos 121 bairros possuem IDH acima de 0,50. Analisar os mapas dispostos nas mesas é, também, se surpreender com as diferenças entre os índices de bairros como Conjunto Palmeiras (0,13, o menor da Capital) e Meireles (0,87, o mais alto de Fortaleza).

Conforme a presidente do Ipplan, Larissa Menescal, o constante mapeamento dos dados que alimentam a plataforma 121 Bairros tem como objetivo ajudar a reduzir essas desigualdades.

“A gente planeja com foco nas pessoas, mas as pessoas estão distribuídas territorialmente. Nessa distribuição, juntando os dados, a gente consegue identificar quais são os bairros mais vulneráveis, que estão precisando de mais atenção”, explica. A mostra também visa, segundo a gestora, munir a população de dados que possibilitem uma reflexão crítica sobre os espaços em que habitam. 

“Nosso desejo é trazer crianças, idosos, pesquisadores, cidadãos, profissionais e também só observadores sobre a temática dos bairros”, elenca a gestora. “Porque profissionais ou não, o bairro atinge cada ser diretamente, é a unidade de medida territorial que está na boca do povo, que a gente consegue trazer para o diálogo da família, para a mesa de bar”, completa.

Serviço
Exposição "Fortaleza em 121 Bairros"

Quando: Até 27 de julho
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (R. Conde d'Eu, 560 - Centro)
Site do projeto: 121 Bairros de Fortaleza
Acesso gratuito

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