Com exposição do cearense Luciano Figueiredo, a Galeria Multiarte reabre nesta segunda-feira (14)

A mostra “Luciano Figueiredo: Próxima Parada” reúne obras históricas e atuais do cearense. Com visitação até o dia 30 de outubro, o acesso é gratuito mediante agendamento

Escrito por Redação ,
Foto Luciano Figueiredo
Legenda: Luciano Figueiredo conquistou relevância internacional pelo trabalho como multiartista

Desde março sem funcionar no ambiente presencial por conta da pandemia do novo coronavírus, a Galeria Multiarte retorna às relevantes exibições artísticas em Fortaleza. A partir desta segunda-feira (14), entra em cartaz a exposição “Luciano Figueiredo: Próxima Parada”, que reúne obras históricas e atuais do cearense. A mostra ficará em cartaz até 30 de outubro. A visitação acontece mediante agendamento.

Com a curadoria de Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, colecionador e conhecedor de arte contemporânea, a mostra apresenta, por setores, uma retrospectiva pelo trabalho do artista que é marcado pelas texturas e densidades. Nos dois núcleos contemporâneos, há a exibição de quatro maquetes, 23 novos relevos em tecido e três novos poemas visuais da série Kinomania, além de um revelador tríptico, três pinturas juntas que formam apenas uma imagem.

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Legenda: A produção de Luciano Figueiredo envolve um trabalho minucioso e manual com texturas

O núcleo Livro das Sombras 2 apresenta a colaboração entre artista, cineastas e poeta. A obra, realizada entre outubro de 2007 e novembro de 2008, dá forma a anos de pesquisas, período em que Luciano desenvolveu uma série de poemas visuais a partir de colagens feitas com recortes de fotografias impressas nos jornais. Além da obra original cedida pelo curador, o núcleo exibe, em uma parede de 15 metros quadrados, poema homônimo de Antonio Cícero. Katia Maciel e André Parente produziram o Filme-livro e o Livro-filme.

No núcleo Histórico, são expostas três peças que mostram o talento gráfico do artista cearense como designer: as capas dos álbuns “Barra 69” de Caetano e Gil, “Cores, Nomes”, de Caetano Veloso, e “Próxima Parada”, de Marina Lima, cujo título dá nome à exposição.

O curador da mostra tem no currículo importantes atuações no campo da arte. É presidente do Conselho do Museu de Arte do Rio – MAR, membro do Conselho do Museum of Modern Art, MoMA Archives and Library-NY e do Comitê de Investimentos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio.

Max Perlingeiro, diretor da Multiart e organizador da mostra, pontua a importância do trabalho do cearense para a arte brasileira. “É uma exposição definitiva dele. Luciano produz poucas obras, pois é uma produção toda manual e que requer muita minuciosidade. Ele cria as estruturas, pinta, trabalha sozinho em todas as etapas, a produção dele é com ele mesmo, mas é um multiartista. Pensando nisso, resolvemos trazer essas obras para além dos relevos”, conta.

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Legenda: A mostra pretende revelar os laços de Luciano enquanto ainda estava em formação

A abertura da exposição traz ainda o lançamento do livro bilíngue que recebeu o mesmo título da mostra. Na publicação, há uma ampla documentação fotográfica histórica, bem como a reprodução de todas as obras expostas. “Luciano Figueiredo: Próxima Parada” conta também com a contribuição de textos de Max Perlingeiro, Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho e de poema de Antonio Cicero.

Conexão

Em planejamento desde 2018, a mostra pretende revelar os laços de Luciano enquanto ainda estava em formação, o que apresenta ao público uma melhor compreensão de seu processo criativo, além da ligação das produções com o cinema e a poesia.

De acordo com Max, a exposição tinha previsão de estreia em 25 de março deste ano, mas teve de ser adiada por conta da pandemia. “Ficou montada durante esse tempo esperando o momento oportuno. Agora, quando as autoridades sanitárias permitiram a abertura de museus, galeria, resolvemos estreá-la, mas com as restrições. Estamos atendendo com horário agendado”. O galerista assegura que todas as recomendações e orientações das autoridades de saúde estão sendo respeitadas pela Galeria para garantir a segurança dos visitantes.

Na Multiarte, a primeira exposição do artista em Fortaleza foi exibida em 2012 e marcou o retorno de Luciano à cidade natal após 54 anos. A mostra, de caráter retrospectivo, teve 44 obras, entre pinturas e objetos tridimensionais, produzidas entre o período de 1984 a 2012 e integrou as linguagens de pintura, cinema e poesia.

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Legenda: A exposição apresenta ao público uma melhor compreensão do processo criativo do artista

Além disso, a mostra “Do Jornal à Pintura” teve um significado especial para a família Perlingeiro, pois coincidiu com a inauguração das novas instalações do espaço, um novo ambiente planejado e adaptado para a contemporaneidade, e fez parte das comemorações de 25 anos da galeria.

Após quase 20 anos, trazer de volta ao Ceará o trabalho de Luciano é, para Max, uma homenagem ao Estado. “O Luciano hoje é um artista que além de uma conexão muito grande no Brasil, tem uma grande conexão internacional. Isso já dá a ele um significado muito importante e a possibilidade de trazer esta exposição com uma dimensão como essa, e com qualidade do livro nos deixa muito contentes”, afirma.

Memória

A mostra se revela ainda mais especial por ser a primeira sem a presença física de Bia Perlingeiro, que faleceu em abril deste ano por complicações da Covid-19. A galerista esteve presente em toda produção e planejamento da mostra. “Ela se envolveu muito com essa exposição, teve inúmeras reuniões com o artista e o curador, ela participou indiretamente da montagem”, recorda Max, seu esposo. “A Bia com certeza vai estar muito feliz em participar da exposição que ela foi uma colaboradora extraordinária, ela trabalhava nos bastidores, não queria aparecer. Ela tinha uma generosidade de ficar observando o que ela construiu”, comenta o diretor com admiração.

Relevância

Há 50 anos morando no Rio de Janeiro, Luciano construiu carreira e conquistou bastante relevância no eixo Rio-São Paulo, com exibições de exposições em diversas galerias da região. Além disso, mantém um ateliê em Blois, na França. O artista alcançou repercussão internacional e, recentemente, teve obra inserida no acervo do museu Centro George Pompidou, em Paris (FR).

Reconhecido como um dos expoentes da Contracultura no Brasil, o artista também participou de mostras coletivas em Londres, na Inglaterra, e em Nova York, nos Estados Unidos da América.

Uma nuance de Luciano é a atuação como cenógrafo, em que já trabalhou em eventos públicos de Macalé (Teatro da Praça, 1970), Gal Costa (Gal a Todo Vapor, 1971), Gilberto Gil (Luar, 1981) e Caetano Veloso (Velô, 1983). Outra linguagem explorada pelo cearense é o cinema, com produções em Brás Cubas (1984), Tabu (1982) e O gigante da América (1978).

Serviço

Exposição Luciano Figueiredo: Próxima Parada 
Em cartaz de 14 de setembro a 30 de outubro. Visitação de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h. 
Entrada gratuita mediante agendamento pelo telefone 3261.7724 ou pelo e-mail encontros@galeriamultiarte.com.br 

 

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