Cena musical cearense é destaque em premiação nacional

Bandas, artistas, eventos e organizações culturais locais são indicados em 14 das 19 categorias do Prêmio Dynamite. Votação online para escolha dos vencedores vai até o fim de setembro

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
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Legenda: Daniel Groove, Selvagens à Procura de Lei, Old Books Room e Daniel Peixoto são alguns nomes cearenses entre os indicados

A música autoral cearense marca presença no Prêmio Dynamite de Música Independente 2020. Das 19 categorias dessa edição, 14 contam com algum nome atuante da cena local. Além de bandas e artistas solo, a lista contempla o âmbito da música independente e de quem a apoia (rádios, sites, TVs, personalidades). É um mapeamento generoso do que tem rolado nos 27 estados do País entre os anos de 2018 e 2019. 

A Cerimônia de premiação acontece no dia 14 de outubro de 2020. Segundo os organizadores, a curadoria observou cerca de 400 trabalhos. O Ceará concorre em diferentes expressões musicais, o que revela o efervescente momento musical de Fortaleza. Do heavy metal ao reggae. Da música instrumental ao eletrônico.  

Na categoria de melhores discos estão as bandas Selvagens à Procura de Lei (Melhor lançamento de rock por "Paraíso Portátil"), Old Books Room (Melhor lançamento de indie rock por "Songs About Days"), Facada (Melhor lançamento punk / hardcore por "Quebrante"), Damn Youth (Melhor lançamento de heavy metal por "Breathing Insanity") e Lilt (Melhor lançamento de música instrumental por "Solis"). 

Ainda nessa lista constam o rapper Nego Gallo (Melhor lançamento de rap / hip hop / black music com "Veterano"), Daniel Peixoto (Melhor lançamento de música electrônica por "Mastigando Humanos Remixes"), Outragalera (Melhor lançamento de reggae com "Dub da Tapioca") e Daniel Groove (Melhor lançamento de MPB por "Levante"). 

Testemunha 

A trajetória de Daniel Groove possui frutífera relação com a premiação. Seu álbum “Giramundo” (2013), foi eleito o melhor de MPB no Prêmio Dynamite 2014. O registro seguinte, “Romance pra depois” (2015) foi indicado novamente em 2016.  

“Logo que que cheguei em São Paulo, por volta de 2007, tive a oportunidade de acompanhar os amigos do Montage que estavam indicados ao Dynamite. Lembro do Teatro Sérgio Porto lotado, cheio de artistas conhecidos e de ter ficado maravilhado. Lembrei que nós, que moramos em regiões geográficas mais isoladas do eixo, acompanhamos essas coisas de longe”, descreve.  

O Montage foi premiado naquela noite. Groove resgata que o grupo eletrônico “era um cearense, naquele mar de gente de outros lugares”. Sete anos depois, o cantor e compositor seria vencedor. “Giramundo” foi produzido na luta. Sem gravadora, sem assessoria de imprensa, o registro andou sozinho. De boca em boca, escreveu uma história própria, explica o músico.   

“A partir daí, eu tenho que dar crédito ao prêmio. O disco cresceu horrores. Aí pintaram convites para shows, como o Sesc Pompéia (SP), Circo Voador (RJ). Comecei a circular nos grandes festivais. Foi um divisor de águas para mim”, detalha.  

Diversidade 

A presença dos artistas locais também é forte em outros segmentos. Getulio Abelha e Mateus Fazeno Rock foram indicados em "Revelação". O Dynamite também evidencia agentes importantes do segmento e que fazem a música independente acontecer.

A Casa de Vovó Dedé concorre por "Melhor produtora, coletivo ou entidade". Já o Maloca Dragão e o Salão das Ilusões estão, respectivamente, listados em "Melhor Evento" e "Melhor casa de shows alternativos". Na categoria Melhor programa de rádio ou emissora, está o Brasil Novos Sons – Rádio Universitária FM da UFC. 

 

 

Em junho último, os cearenses da Old Books Room anunciaram o fim da banda.  Para o guitarrista do grupo, Ricardo Ferreira, a indicação já é um prêmio por toda a batalha ao longo dos anos. Em 2021, eles completariam 10 anos de ativa atuação no cenário da música independente. Ter tantos artistas locais participando do prêmio, é sinal de alegria para o entrevistado.  

Apoio

O mercado independente é feito da união de esforços. Ricardo descreve que falta apoio e poucos conseguem sobreviver só da produção musical. Além da qualidade nos palcos e nos discos, o legado deixado pela Old Books Room é a de um grupo que fazia a cena girar.  

“Sempre nos preocupamos com isso e, sempre que possível, seja na produção de eventos, indicação de bandas em rádios, buscou crescer e levar outros artistas junto a ela. Quanto maior o número de artistas cearenses conquistando espaços e públicos, maior serão as chances do nosso cenário de produção cultural sobreviver e se perpetuar. Assim, talvez um dia, todos poderemos conquistar o conforto financeiro que almejamos trabalhando com aquilo que amamos”, avalia. 

Ter tantos nomes locais em evidência também é motivo de orgulho para Daniel Groove. "Ver que das 19 indicações, 14 levam o nome do Ceará é a realização de uma vida inteira para mim. Fico mais feliz do que ter sido indicado, juro Por Deus. Lutei a minha vida inteira por isso, é a sensação que eu tenho. Reflete um momento das artes para o Ceará. Vivo repetindo em entrevistas, não só na música, como na dança, teatro, cinema, vivemos um momento muito inventivo. Muito criativo", finaliza Daniel Groove.  

Serviço:  Prêmio Dynamite de Música Independente 2020
Votação online até 30 de setembro nesse link

 

 

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