Ultrafarma sonegava 60% das vendas, aponta delator
Dono e fundador da rede de farmácias foi preso na última semana
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga a denúncia de que a Ultrafarma sonegava até 60% do que vendia, conforme reportagem exibida pelo "Fantástico" nesse domingo (17). O dono e fundador da rede de farmácias, Sidney Oliveira, foi preso na última semana durante operação do órgão que apura um esquema bilionário de fraude tributária.
A denúncia foi feita pelo fundador e presidente executivo da rede Farma Conde, Manoel Conde Neto. A delação premiada dele foi homologada em outra investigação do MPSP, em 2017. Na ocasião, o órgão apurava um esquema de sonegação de impostos envolvendo diversas redes de farmácias e distribuidoras de medicamentos.
“Até o ano passado, ela [a Ultrafarma] vendia o produto num preço que é inexplicável. E é inexplicável o Fisco não ir lá fechá-la também. Porque nós, mesmo sonegando, e eu sonegava 10% do que vendia. Eles sonegavam 60% do que vendia e 'tava' na cara que a sonegação lá era e é até hoje muito grande”, disse Conde durante depoimento na época.
Na ocasião, a empresa teve que devolver mais de R$ 300 milhões aos cofres públicos. Segundo os advogados, Conde recebeu perdão judicial e agora denuncia irregularidades cometidas pela concorrente.
Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a assessoria de imprensa de Manoel Conde Neto esclareceu que as investigações da operação cujo empresário foi alvo se estenderam por mais de dez anos e contou com a colaboração da Farma Conde. Em abril de 2024, ainda conforme o comunicado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu o perdão judicial a Manoel Conde Neto, encerrando sua participação no processo.
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Prisão de Sidney Oliveira
Sidney Oliveira foi preso na última terça-feira (12) durante operação do MP-SP para desarticular um esquema de corrupção — envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda. O empresário do setor farmacêutico foi encontrado em casa, uma chácara em Santa Isabel, na Grande São Paulo.
Conforme o MP-SP, três pessoas foram presas, incluindo o auditor Artur Gomes da Silva Neto, supervisor da Diretoria de Fiscalização (DIFIS) da Fazenda estadual paulista, e apontado como o principal operador do esquema.
Outro preso é o diretor estatutário do grupo Fast Shop Mario Otávio Gomes, que foi encontrado em um apartamento na Zona Norte de São Paulo. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.