Justiça Federal determina que governo Lula religue radares desligados em BRs

Cerca de 45 mil km de rodovias federais estariam sem fiscalização por conta de falta de recursos

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Foto de radares em rodovia de Fortaleza
Legenda: Radares devem voltar a funcionar em todo o Brasil, após decisão judicial
Foto: Camila Lima

A Justiça Federal determinou que o governo federal religue os radares de rodovias federais que pararam de funcionar, e os mantenha em "pleno funcionamento". Os equipamentos foram desligados por falta de recursos financeiros, e, conforme o Jornal Nacional, quase 4 mil pontos em 45 mil km estariam sem fiscalização eletrônica. 

A decisão foi proferida nessa segunda-feira (18) pela juíza Diana Wanderlei, da 5ª Vara Federal em Brasília. O processo vem de uma ação popular ajuizada ainda em 2019, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que desligaria os radares para que motoristas não fossem mais multados. 

Nesse âmbito, a Justiça já havia fechado um acordo com o governo Bolsonaro. Agora, com o governo Lula, a nova decisão determina que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) comunique as concessionárias "para que mantenha ligados e em pleno funcionamento os radares definidos no 'Acordo Nacional dos Radares' [de 2019]". 

O DNIT foi notificado da decisão na noite dessa segunda. A pena para a não religação dos radares é de R$ 50 mil por dia, tanto para as concessionárias quanto para o DNIT. 

"É inconteste que o não adimplemento dos contratos e a ausência de prestação do serviço atingem diretamente o interesse primário da sociedade pela segurança. A autonomia do Poder Executivo na definição das dotações orçamentárias é relativa, pois o cumprimento de serviços primários não pode ser relegado ou colocado em segundo plano", pontuo a juíza. 

A magistrada questionou a postura do atual governo de desligar os radares, assim como Bolsonaro quis em 2018, e foi criticado. 

"Para surpresa deste juízo, o atual governo federal, grupo que, à época da retirada dos radares nas rodovias federais [em 2019], foi um dos grandes críticos daquela medida [...], agora age de forma oposta, o que soa como contradição e retrocesso na proteção social, no cuidado com as pessoas", indica.

Veja também

DNIT precisava de R$ 364 milhões 

Segundo apuração do Jornal Nacional, neste ano, o DNIT precisava de R$ 364 milhões para manter os radares de fiscalização em funcionamento em 2025. Entretanto, o orçamento deste ano destinou somente R$ 43,3 milhões para este fim. 

Em nota, o Departamento esclareceu que a suspensão do Programa Nacional de Controle de Velocidade (PNCV) é temporária, e ocorre por ajustes orçamentários. 

Veja a nota do DNIT na íntegra 

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) esclarece que a suspensão do Programa Nacional de Controle de Velocidade (PNCV) é temporária em decorrência de ajustes orçamentários. A autarquia informa que foram suspensos os contratos que contemplam os 26 estados e o Distrito Federal, totalizando o monitoramento de 3.887 faixas.

O Departamento reitera que o PNCV é importante para a redução de sinistros de trânsito provocados pelo excesso de velocidade, sendo atualmente um dos instrumentos da política nacional de segurança viária, voltado à preservação de vidas e à redução de riscos nos trechos da malha rodoviária sob a administração desta autarquia. Contudo, o PNCV não é a única ferramenta com esta finalidade e o DNIT já está adotando medidas alternativas de engenharia voltadas à segurança viária para minimizar os riscos ou atenuá-los.

Ademais, vale ressaltar ainda o Manual Brasileiro de Trânsito Volume VI, no qual destaca outros elementos cuja função é proporcionar maior segurança ao usuário da via, alertando-o sobre situações de perigo, obras, serviços e eventos que possam comprometer a segurança viária. Tais medidas visam reduzir os riscos à segurança dos usuários das rodovias federais, mesmo diante da suspensão temporária da fiscalização eletrônica e até que os contratos sejam reativados.

Desse modo, o DNIT reafirma seu compromisso com a segurança viária e com a preservação de vidas nas rodovias sob sua jurisdição. Mesmo diante das restrições, a autarquia segue atuando de forma técnica, transparente e articulada com outras esferas de governo, buscando garantir a continuidade das ações voltadas à redução da sinistralidade". 

Assuntos Relacionados