Homem resgatado de trabalho análogo à escravidão foi forçado a tatuar iniciais dos patrões

Plataformas digitais eram utilizadas pelos empregadores para abordar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 06:49, em 30 de Abril de 2025)
Tatuagem de homem resgatado de trabalho análogo a escravidão forçado a tatuar as iniciais dos patrões
Legenda: Um homem gay e uma mulher transgênero, ambos de nacionalidade uruguaia, foram aliciadas por meio de redes sociais
Foto: MTE/Divulgação

Duas pessoas submetidas a condições análogas à escravidão em Planura, Minas Gerais, foram resgatadas neste mês por meio de uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Uma das vítimas foi obrigada a tatuar as iniciais de dois dos patrões.

Durante a inspeção, a equipe de auditores identificou que as vítimas — um homem gay e uma mulher transgênero, ambos de nacionalidade uruguaia — foram aliciadas por meio de redes sociais.

Plataformas digitais eram utilizadas pelos empregadores para abordar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva, segundo a investigação, prometendo falsas oportunidades de trabalho, moradia e acolhimento. 

“As abordagens exploravam principalmente membros de comunidades LGBTQIAPN+, com o objetivo de estabelecer vínculos de confiança e, posteriormente, promover situações abusivas e degradantes”, informou a pasta.

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TRAFICO E VIOLÊNCIA

As duas vítimas foram traficadas para a região e submetidas a jornadas exaustivas, sem remuneração e em condições precárias de moradia.

“Um dos resgatados foi mantido por aproximadamente nove anos como empregado doméstico, sem registro em carteira, sofrendo diversos tipos de violência — física, sexual e psicológica. A equipe constatou que ele foi coagido a fazer uma tatuagem com as iniciais dos patrões, como símbolo de posse”, compartilhou ainda o MTE.

A outra vítima, uma mulher trans migrante, também foi levada ao local por meio de falsas promessas e inserida em um vínculo de trabalho doméstico informal. Ela relatou ter vivido em um ambiente opressor, sem salário adequado e sob constante intimidação.

Durante o período em que esteve na casa dos empregadores, chegou a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), possivelmente causado, segundo a inspeção, pelo estresse e pelas violências presenciadas.

DENÚNCIA

O Ministério do Trabalho e Emprego informou que a fiscalização foi desencadeada a partir de uma denúncia registrada no canal Disque 100, que apontava graves e sistemáticas violações de direitos humanos.

Diante da gravidade dos fatos, a Polícia Federal efetuou a prisão em flagrante de três homens identificados como empregadores.

As vítimas foram acolhidas pela Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pela UNIPAC, que oferecem assistência médica, psicológica e jurídica.

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