Caso Benício: médica usava carimbo de pediatria sem ter especialidade
A defesa de Juliana Brasil alega que ela tinha experiência prática na área e que iria fazer a prova de título ainda este ano.
A médica investigada pela morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, pode responder por falsidade ideológica e uso de documento falso, além de homicídio doloso por dolo eventual. Juliana Brasil admitiu que prescreveu adrenalina intravenosa para a criança, mas a defesa alega que a confissão dela foi feita "no calor do momento".
Segundo o G1, com informações do delegado Marcelo Martins, à frente do caso, a Polícia Civil analisou a forma como a médica se identificava profissionalmente e descobriu que ela utilizava carimbo e assinaturas referentes à especialidade de pediatria, mas sem ter o título oficialmente reconhecido.
"Realizamos um estudo a respeito da questão dela ter assinado a especialização de pediatria no carimbo e ter assinado o nome dela com a expressão pediatria. Todas as regulamentações do Conselho Federal de Medicina indicam que o médico que não possui uma especialização não pode se identificar de nenhuma forma, com nenhuma referência a uma especialidade que ele não possui, e ela fez isso", afirmou o delegado.
A conduta da profissional pode configurar dois crimes distintos: de falsidade ideológica e de uso de documento falso. "A investigação prossegue agora, também, com relação a esses crimes", continuou o investigador.
O Hospital Santa Júlia, onde Benício morreu, não se pronunciou ainda sobre a médica não ter especialidade em pediatria e atuar no setor da unidade.
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O que diz a defesa da médica?
A defesa de Juliana Brasil afirmou à Rede Amazônica que, embora ela não tenha o título de especialista em pediatria, é formada desde 2019 e atuava legalmente na área, com experiência prática.
Os advogados disseram ainda que ela pretendia realizar a prova de título neste mês de dezembro.
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Lembre o caso
Benício morreu na madrugada do último 23 de novembro, em um hospital de Manaus, após a médica Juliana Brasil prescrever para ele aplicações de adrenalina intravenosa para tratar uma suspeita de laringite.
Segundo o pai do garoto, Bruno Freitas, a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina, sendo 3ml a cada 30 minutos.
A família questionou a técnica de enfermagem ao ver a prescrição, mas a profissional manteve a aplicação e, logo na primeira dose, Benício teve um mal súbito.