Líder de igreja do Santo Daime é denunciado por violação sexual mediante fraude

Padrinho Paulo Roberto foi acusado por pelo menos seis ex-seguidoras de sua igreja.

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 12:07)
Padrinho Paulo Roberto fundou igreja do Santo Daime no Rio.
Legenda: Padrinho Paulo Roberto fundou igreja do Santo Daime no Rio.
Foto: Reprodução/YouTube.

O líder religioso Paulo Roberto Silva e Souza, 76, conhecido como Padrinho Paulo Roberto, foi acusado de violação sexual mediante fraude e violência psicológica contra uma mulher que era seguidora de sua igreja, a Santo Daime Céu do Mar, localizada em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro. 

A vítima, Jéssica Nascimento de Sousa, concedeu entrevistas ao O Globo em que relatou os episódios que sofreu. Outras cinco mulheres afirmaram à reportagem do jornal que também foram vítimas de situações semelhantes.

Após a denúncia de Jéssica, Paulo Roberto teve a prisão preventiva decretada no último dia 4. Segundo a vítima, os crimes aconteceram entre abril de 2022 e julho de 2023, quando Paulo se aproveitou da posição de líder espiritual para manipulá-la e praticar atos sexuais.

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Ao O Globo, Jéssica afirmou que os abusos começaram quando Paulo Roberto recomendou a ela uma "terapia bioenergética", espécie de terapia de cura que exigia toques físicos para liberar traumas. Segundo ela, o líder religioso teria dito, durante a suposta terapia, que ela poderia "chorar e gritar", mas que estava segura com ele.

Num primeiro momento, ele teria tocado um dos seios da vítima. Nas "sessões" seguintes – que duraram, ao todo, cerca de oito meses –, os toques avançaram e se tornaram atos libidinosos e conjunção carnal.

Jéssica afirma que, em alguns dos abusos, os atos ocorreram sob o efeito de substâncias entorpecentes, cujo uso foi sugerido por Paulo como um apoio no "tratamento curativo". 

Segundo o jornal, ao ser procurada pela reportagem, a defesa de Paulo Roberto não quis se posicionar. No processo, porém, o líder religioso nega as acusações e afirma que a vítima e ele tiveram "um relacionamento amoroso e extraconjugal".

O processo corre em sigilo na 11ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

Outras vítimas denunciaram líder religioso

As cinco outras vítimas ouvidas pelo jornal O Globo afirmam que o líder religioso cometeu atos de assédio similares aos relatados por Jéssica. Os casos teriam acontecido dentro e fora do Brasil, já que a igreja fundada por Paulo Roberto tem ramificações nos Estados Unidos, no Canadá e no México.

As mulheres conviveram com Paulo em fases diferentes da vida dele. Uma das vítimas relatou que, em 2007, foi assediada por Paulo ao ser chamada para uma conversa particular no escritório dele tarde da noite.

Na ocasião, ela achou que receberia alguma orientação de seu mentor espiritual, mas acabou recebendo toques inadequados. "Ele começou a massagear minhas costas e meus ombros. Isso me deixou extremamente desconfortável, e eu disse isso a ele. Voltamos para dentro, para o escritório, e ele disse que eu não estava entendendo o que ele estava fazendo", relatou a vítima ao jornal carioca.

"Ele parecia decepcionado comigo. Eu disse que sentia muito, mas que estava tendo dificuldade em confiar nele e que me sentia realmente desconfortável. Ele disse que estava apenas tentando me enviar amor, que eu poderia levar para casa comigo. Queria que eu aprendesse a me amar", completou.

Após o ocorrido, a vítima afirmou ter denunciado a conduta do "padrinho" ao Conselho Brasileiro de Padrinhos do Centro Eclético de Fluente Luz Universal Rita Gregório de Melo da América Norte (Ceflurgem-AN) e ao Centro Eclético da Luz Universal Fluente Madrinha Rita Gregorio de Melo - Conselho de Anciãos da América do Norte. Ambas as entidades tinham Paulo como membro.

Por conta das denúncias, ele sofreu medidas restritivas. Um relatório do Ceflurgem-AN gerado a partir do relato da vítima confirmou que houve "a aparência de má conduta sexual" e um "comportamento abusivo".

No entanto, após pouco tempo, Paulo voltou a conduzir cerimônias do Daime e a receber doações nos EUA. A defesa dele também nega que esses abusos tenham ocorrido.

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