Caso Benício: delegado diz que mais dois médicos podem ser responsabilizados

Morte de criança pode ter sido causada por "sucessão de erros" de profissionais.

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 12:14)
Imagem mostra Benício Xavier sorridente com toga e capelo azuis de formatura, segurando um diploma em um fundo colorido de lápis de cor. Criança faleceu após receber dose de adrenalina errada em Manaus, no Amazonas.
Legenda: Vítima chegou em unidade de saúde com suspeita de laringite.
Foto: Reprodução/Redes sociais.

Mais dois médicos que atuaram no atendimento ao menino Benício Xavier podem ser responsabilizados pela morte da criança, ocorrida no Hospital Santa Julia, em Manaus, informou o delegado do caso, Marcelo Martins, nessa quarta-feira (17).

O garoto de 6 anos faleceu em 23 de novembro após receber uma dose de adrenalina elevada e administrada inadequadamente. 

Segundo as investigações, o medicamento foi prescrito erroneamente pela médica Juliana Brasil, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes aplicou a substância na veia da criança. Ambas são investigadas pelo caso

'Sucessão de erros' podem ter causado morte

Segundo Martins, as apurações indicam que uma "sucessão de erros" ocorreu durante o atendimento de Benício na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, conforme informações do portal g1.

"Dois médicos deveriam ter adotado alguns procedimentos que não foram feitos ali na situação. Por exemplo, há apontamentos no sentido de que o médico Luiz Felipe Sordi deveria ter intubado o Benício de imediato e isso não foi feito. Ele também deveria ter solicitado o parecer dos especialistas, no caso o pediatra infantil, que ele não fez, e também do anestesista, que ele não fez", detalhou.

Em seguida, o profissional de saúde teria liberado a alimentação para o paciente, algo que, segundo titular, não deveria ter ocorrido.

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Depois, o delegado detalha que a médica Alexandra da Silva, responsável pela intubação, teria realizado o procedimento na criança sem verificar se ela tinha se alimentado

Geralmente, o procedimento deve ser realizado em jejum ou após o esvaziamento do estômago, reduzindo, assim, as chances de complicações graves como a aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, conforme artigo científico

"Ela poderia ter feito previamente ali um procedimento para retirar o alimento do estômago do Benício para depois fazer a intubação. Então foram vários erros, e quando ela vai fazer a intubação não tem um médico sobressalente para caso ela não conseguisse intubar", listou Martins ao g1.

Outro ponto destacado pelo delegado foi a medicação imprópria administrada durante a intubação. "Ela deveria ter feito uma medicação para induzir a sedação dele e, caso não desse certo, teria que administrar uma outra medicação para ele voltar ao normal e, aí depois, tentar de novo."

Para Martins, a sequência de erros no atendimento de Benício tirou a chance dele sobreviver. 

"O Benício não teve chance nenhuma. Foram erros sequenciais. Por isso que coloquei a qualificadora de crueldade, porque ele sofreu muito. Parece que era como se algo dissesse que era para ele não ter chance", concluiu.

Os dois médicos citados pelo titular prestaram depoimento no fim de novembro. E, até o momento, não se manifestaram sobre o caso.

Relembre o caso

Benício morreu na madrugada do último 23 de novembro, em um hospital de Manaus, após a médica Juliana Brasil prescrever para ele aplicações de adrenalina intravenosa para tratar uma suspeita de laringite.

Segundo o pai do garoto, Bruno Freitas, a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina, sendo 3ml a cada 30 minutos.

A família questionou a técnica de enfermagem ao ver a prescrição, mas a profissional manteve a aplicação e, logo na primeira dose, Benício teve um mal súbito.

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