Empresário que matou gari pediu orientações a ex-coronel da PM antes de ser preso e confessar crime
Renê Júnior deve responder por homicídio qualificado por motivo fútil
O empresário Renê Júnior, que matou o gari Laudemir de Souza Fernandes no último 11 de agosto, em Belo Horizonte, pediu orientações a um coronel da reserva da Polícia Militar após cometer o crime. Conforme as investigações, o ex-coronel afirmou que solicitou "cautela na abordagem dos fatos".
Na troca de mensagens, publicada pelo g1, Renê chamou o militar de "meu amigo" e "meu presidente" e passou cerca de dois minutos com ele em um telefonema. No entanto, de acordo com o inquérito, ainda não é possível saber se o ex-coronel, de fato, interveio na Polícia Militar a favor do assassino.
Durante a conversa, Renê também faz parecer que não cometeu o homicídio, dizendo que não sabia nem onde era o local do crime. "Eles querem me conduzir para delegacia", ele disse. "É o procedimento, pois a Polícia Civil irá apurar", responde o ex-coronel. "Estou surpreso. Desculpe ter incomodado, meu presidente", retorna o empresário.
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Lembre o caso
Laudemir Fernandes foi morto a serviço. No dia do crime, irritado com o caminhão de lixo que obstruía sua passagem, Renê exigiu que o veículo fosse retirado e ameaçou atirar contra os trabalhadores se eles não saíssem do local.
"Os coletores começaram a falar para ele não fazer isso e foi quando um deles, o Laudemir, levou o tiro", narrou o sargento da PM, Thiago Ribeiro.
Renê foi preso no mesmo dia, em uma academia de luxo, e confessou o assassinato. Ele foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Se condenado, pode passar cerca de 35 anos na prisão.
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Quem é Renê Júnior?
Com cerca de 28 mil seguidores em uma rede social, Renê Júnior se intitula "cristão, marido, pai e patriota". Além disso, se apresenta como CEO da Fictor Alimentos — a empresa, no entanto, negou vínculo com ele.
O assassino confesso é, também, marido de uma delegada de Polícia Civil que, atualmente, está lotada na Casa da Mulher Mineira. A profissional não estava com o marido no momento do crime, mas foi levada pela Corregedoria e também se tornou alvo da investigação, por ter a propriedade da arma utilizada para matar Laudemir.