Pastor mineiro ameaça pessoas em situação de rua

As falas foram proferidas durante uma sessão na Câmara dos Vereadores de Divinópolis (MG).

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Homem branco careca e de barba cavanhaque branca, com terno preto e segurando microfone, enquanto levanta a mão em punho no ar. Ao fundo, cadeiras pretas e pessoas sentadas em uma audiência.
Legenda: Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o pastor afirma que a fala foi "infeliz".
Foto: Reprodução/TV Globo.

Uma gravação do pastor Wilson Botelho incitando a violência contra pessoas em situação de rua voltou a circular pelas redes sociais nesta segunda-feira (1º), após a temática ser resgatada em uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.

O ocorrido se deu durante uma audiência na Câmara dos Vereadores de Divinópolis (MG) no mês de setembro.

No vídeo, ele relata ter expulsado, com o apoio de "dez homens" e o aval de um coronel da Polícia Militar, uma pessoa em situação de rua. A vítima, vinda de Campo Grande (MS), foi ameaçada de morte pelo líder religioso.

Você não fica aqui. Porque aqui, se você atravessar aquela ponte, amanhã, às quatro da tarde, eu vou fazer o seu sepultamento. É só eu dar a ligada aqui e você [vai] tomar dois tiros na cabeça
Wilson Botelho
Pastor

Três meses depois, ele afirmou para a equipe de reportagem do Fantástico que sua fala foi "infeliz". O líder religioso declarou: "eu nunca maltratei um mendigo. Eu invisto a minha vida em outras vidas; [...]  nunca usei desta artimanha".

Repercussão

Em nota, a Câmara Municipal de Divinópolis declarou, ainda em setembro, que repudia as declarações do pastor, uma vez que estas incetivam ou enaltecem a violência e a intimidação. Além disso, afirma não compactuar "com quaisquer práticas que atentem contra a integridade física, a segurança ou a dignidade das pessoas".

"As falas registradas durante a reunião são inaceitáveis, repugnantes e incompatíveis com os valores de uma sociedade democrática e com o dever de proteção à dignidade humana. Rejeitamos, com toda a firmeza, qualquer incentivo à violência, à intimidação ou à expulsão sumária de pessoas em situação de vulnerabilidade. A retórica de coerção que transforme ações de acolhimento é grave e desumaniza cidadãos que merecem atendimento, políticas públicas e respeito", declarou o órgão.

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