Submarino Titan implodiu por 'grave falha de segurança', diz relatório final
Investigadores não pediram abertura de processo criminal contra a empresa, pois ela não se encontra mais em atividade
O Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira americana concluiu, em relatório divulgado nesta terça-feira (5), que o submersível Titan, que matou cinco pessoas ao implodir em 2023, foi mal projetado pela empresa que o construiu, além de falhas na manutenção e inspeção do equipamento de transporte.
O relatório afirma que o primeiro evento que levou à implosão do Titan teria sido a perda de integridade estrutural de seu casco, feito de fibra de carbono. Após dois anos, o documento foi produzido com base em audiências públicas e outros arquivos. Ao menos 26 testemunhas foram ouvidas.
Ao longo de 335 páginas, o órgão relata que a empresa OceanGate, que projetou e construiu o Titan, conhecia as anomalias da estrutura do submersível anos antes do acidente fatal, e que a companhia não investiu adequadamente para corrigir os erros estruturais.
O documento diz que a empresa não adotou princípios fundamentais de engenharia para seleção de materiais para a construção do Titan, sem levar em consideração o ambiente tão perigoso pelo qual foi construído e que viria a ser utilizado, não realizando testes e análises suficientes durante a produção, tornando o projeto falho como um todo.
A investigação também revelou um ambiente de trabalho ''tóxico'', onde teria contribuído para o desastre, pois a OceanGate usou da ameaça iminente de demissão para inibir funcionários de expressarem preocupações de segurança, com o CEO da empresa, Richard Stockton Rush III, escondendo as reais condições do Titan, que ele vendia como ''indestrutível''.
O empresário, que também morreu no acidente, afirmava reiteradamente sobre uma suposta conformidade do submersível com princípios avançados de engenharia, dando um ''falso senso de segurança'' para passageiros e órgãos marítimos reguladores.
Entretanto, os investigadores não encaminharam o relatório para instaurar processo criminal contra a OceanGate, pois no entendimento deles, a empresa encerrou permanentemente todas as suas atividades.
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A implosão do Titan
Submersível Titan implodiu em junho de 2023, com o anúncio foi feito no dia 22 daquele mês pela OceanGate, que também admitiu a morte dos cinco ocupantes. Entre eles Stockton Rush, presidente da Ocean Gate; o bilionário Hamish Harding; Shahzada e Suleman Dawood, um empresário paquistanês e seu filho; e Paul-Henry Nargeolet, ex-comandante da Marinha Francesa, e especialista no naufrágio do Titanic.
Dias depois, partes do submersível haviam sido encontradas a 3,2 km de profundidade e a cerca de 480 metros do Titanic. O Titan havia submergido quatro dias antes, em 18 de junho.