Arquivo do caso Epstein cita Fortaleza e Rio como destinos associados ao turismo sexual
Cidades da Europa e da Ásia também são destacadas.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos liberou uma parte dos arquivos relacionados ao caso do abusador sexual Jeffrey Epstein, nesta sexta-feira (19). Entre os documentos tornados públicos está um arquivo técnico produzido pelo JPMorgan Chase, utilizado como material de referência sobre tráfico de pessoas, no qual aparecem citações a Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ).
No texto, Fortaleza e Rio de Janeiro são citadas como exemplos de cidades que, historicamente, adquiriram reputação internacional como destinos associados ao turismo sexual, ao lado de locais como Amsterdã (Holanda), Bangkok e Phuket (Tailândia), Tijuana (México) e Angeles City (Filipinas).
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O material integra a biblioteca de arquivos do caso Epstein sob o nome “238-19.pdf – Governo das Ilhas Virgens dos Estados Unidos v. JPMorgan Chase Bank, N.A., No. 1:22-cv-10904 (S.D.N.Y. 2022)”. Ao todo, o arquivo conta com 16 páginas e é datado como sendo de agosto de 2008.
O Brasil é citado no tópico "Sex Tourism" ao lado de Tailândia, Sri Lanka, República Dominicana, Costa Rica, Cuba e Quênia
Muitas delas coincidem com importantes zonas de prostituição, como Amsterdã, na Holanda; Zona Norte, em Tijuana, México; Boys Town, em Nuevo Laredo, México; Fortaleza e Rio de Janeiro, no Brasil; Bangkok, Pattaya e Phuket, na Tailândia; Vladivostok, no Extremo Oriente Russo, destino de turistas sexuais asiáticos; e Angeles City, local de uma antiga base militar dos Estados Unidos na província de Pampanga, Filipinas. Em alguns países, incluindo Fiji e Cuba, indivíduos que trabalham em hotéis e casas noturnas, bem como membros da família, atuam como facilitadores do turismo sexual
O arquivo não trata de investigações específicas no Brasil nem aponta crimes diretamente ligados às duas cidades. A menção ocorre em um contexto global, em um capítulo dedicado ao turismo sexual internacional, prática descrita como uma das ramificações da exploração sexual associada ao tráfico de pessoas.
O documento ressalta que cidades turísticas podem se tornar polos de exploração sexual quando há desigualdade social, fluxo intenso de visitantes estrangeiros e vulnerabilidade econômica.
Documento técnico, não investigativo
O material foi elaborado pela área de AML (Anti-Money Laundering) do JPMorgan Chase e tem caráter referencial e institucional, servindo como base para análise de risco e prevenção a crimes financeiros relacionados ao tráfico humano. Não há detalhamento sobre casos concretos, operações policiais ou indivíduos ligados às cidades citadas.
A abordagem é macro e comparativa, reunindo dados de organismos internacionais como ONU, OIT, UNICEF, BBC e o Departamento de Estado dos EUA, com o objetivo de mapear padrões globais de exploração humana.
Segundo o documento, o turismo sexual envolve viagens organizadas com o objetivo de exploração sexual comercial, prática combatida por organismos internacionais devido aos impactos sociais, econômicos e de direitos humanos.
O texto destaca que, além de adultos, crianças e adolescentes figuram entre as principais vítimas, especialmente em regiões marcadas por pobreza e desigualdade.
Entenda o caso Epstein
Epstein foi condenado em 2008 por solicitação de prostituição de uma menor. À época, ele se declarou culpado de duas acusações criminais, incluindo aliciamento de menor.
Além deste processo, porém, foi novamente preso em 2019, acusado de tráfico sexual e conspiração para traficar menores para fins sexuais, com ajuda da então namorada Ghislaine Maxwell.
Ele tirou a própria na prisão em 2019, segundo as autoridades, antes de um novo julgamento. Maxwell, por sua vez, cumpre pena de 20 anos por ter sido considerada culpada, em 2021, de ajudar o magnata a abusar sexualmente de adolescentes.