Trump sanciona lei que obriga divulgação de arquivos sobre Jeffrey Epstein
Procuradora-geral terá 30 dias para liberar documentos não classificados; medida expõe racha entre republicanos.
O presidente Donald Trump sancionou, nesta quarta-feira (19), o projeto de lei que determina a divulgação de arquivos relacionados a Jeffrey Epstein pelo Departamento de Justiça.
A medida, fruto de uma articulação bipartidária que se arrastou por meses, chegou a enfrentar resistência do próprio presidente e abriu fissuras dentro do Partido Republicano.
Embora tenha confirmado que assinaria a legislação, Trump voltou a chamá-la de “farsa” — acusando democratas de tentar desviar o foco de seu governo.
A assinatura não teve cerimônia oficial: o presidente anunciou o ato diretamente no Truth Social, onde também reforçou críticas à oposição.
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A Câmara aprovou a proposta na terça-feira, com apenas um voto contrário, do republicano Clay Higgins, da Louisiana. Horas depois, o Senado encaminhou o texto à Casa Branca de forma unânime.
A nova lei exige que a procuradora-geral Pam Bondi libere, em até 30 dias, todos os registros não classificados relacionados a Epstein.
O texto permite reter informações que possam comprometer investigações em andamento. Na semana passada, Bondi já havia atendido a um pedido de Trump para apurar especificamente as conexões de Epstein com os democratas.
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O Departamento de Justiça afirmou anteriormente não ter encontrado evidências para investigar terceiros não acusados no caso. Questionada novamente, Bondi disse haver “novas informações”, mas não especificou quais.
A tramitação da lei expôs um raro desentendimento entre republicanos alinhados ao presidente. A proposta foi encabeçada pelo republicano Thomas Massie e pelo democrata Ro Khanna, recebendo apoio de parlamentares de ambos os partidos — inclusive da deputada Marjorie Taylor Greene, que chegou a se desentender publicamente com Trump durante o processo.
Sobreviventes de Epstein também foram a Washington pedir a divulgação dos arquivos. Uma delas, Jena-Lisa Jones, pediu que Trump “pare de politizar” o caso.
Emails comprometedores
O tema voltou ao centro do debate na semana passada, quando republicanos da Câmara divulgaram mais de 20 mil páginas de documentos do espólio de Epstein, dias após democratas tornarem públicos e-mails do financista mencionando Trump.
Em uma dessas mensagens, Epstein afirma que o então presidente “sabia sobre as meninas”, embora não o acuse formalmente de nenhum crime.
A Casa Branca reagiu dizendo que os e-mails “não provam absolutamente nada”. Trump, que rompeu com Epstein no início dos anos 2000, sempre negou envolvimento em qualquer irregularidade. O financista morreu em 2019, em uma prisão federal, enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual.