E-mails do caso Epstein citam Trump e indicam que presidente sabia dos crimes
O líder americano reagiu à divulgação das mensagens e acusou o Partido Democrata de tentar desviar o foco de outros assuntos.
O caso Jeffrey Epstein ganhou novos contornos nesta quarta-feira (12) com a revelação de e-mails ligados ao empresário e criminoso sexual que mencionam o nome do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo as mensagens, Trump teria conhecimento dos crimes sexuais de Epstein e chegou a “passar horas” com uma das vítimas.
Em um e-mail datado de abril de 2011 e enviado a Ghislaine Maxwell — principal associada de Epstein e condenada por tráfico sexual —, o empresário se refere ao republicano como “o cachorro que não latiu”.
Outras correspondências envolvem o escritor Michael Wolff, autor de quatro livros sobre Trump. Em uma delas, enviada em 2016, Wolff teria oferecido a Epstein uma oportunidade de entrevista “para acabar” com o então candidato.
Já em uma mensagem de janeiro de 2019, Epstein afirma que “Trump sabia das meninas, pois pediu a Ghislaine que parasse”.
Trump reage à revelação dos e-mails
O presidente se pronunciou pela primeira vez sobre o caso em sua rede social, Truth Social. Ele afirmou que o Partido Democrata está usando os documentos de Epstein para “desviar a atenção” da paralisação do governo americano, o chamado shutdown.
“Os democratas estão tentando ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein porque farão qualquer coisa para desviar o foco do fracasso com o shutdown e de tantos outros assuntos”, escreveu Trump. “Só um republicano muito ruim, ou muito estúpido, cairia nessa armadilha".
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump prometeu divulgar a suposta lista de clientes de Epstein, que foi encontrado morto na prisão em 2019.
Ele voltou a negar qualquer envolvimento: “Não deve haver desvios de atenção para Epstein ou qualquer outro assunto. Nosso foco deve ser reabrir o país e reparar os danos causados pelos democratas.”
O que dizem os democratas e a Casa Branca
Os e-mails foram divulgados nesta terça-feira (12) por democratas da Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA, que ainda possui cerca de 20 mil documentos relacionados ao caso.
Durante coletiva de imprensa, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou a divulgação como uma tentativa de difamar o presidente. Uma reunião de emergência foi convocada para tratar do caso.
“Os e-mails não provam absolutamente nada além do fato de que o presidente Trump não fez nada de errado”, afirmou.
Ela chamou a revelação de uma “farsa fabricada”. “Não existem coincidências em Washington, e não é coincidência que os democratas tenham vazado esses e-mails justamente hoje”, completou Leavitt.
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Relação antiga e conturbada
Donald Trump e Jeffrey Epstein foram próximos nos anos 1990, mas, segundo o presidente, o rompimento ocorreu no início dos anos 2000 — cerca de dois anos antes da primeira prisão de Epstein.
Trump insiste que as acusações contra ele são uma “farsa” orquestrada por adversários políticos e nega ter conhecimento das atividades ilegais do empresário.