As tensões entre Estados Unidos e Venezuela devem escalar ainda mais nesta segunda-feira (24), quando o governo de Donald Trump deve incluir o regime venezuelano de Nicolás Maduro na lista de organizações terroristas.
Grupos islamistas, separatistas, guerrilhas e, mais recentemente, quadrilhas e organizações do narcotráfico do México e da Colômbia são exemplos de integrantes da lista norte-americana.
Segundo Washington, o próximo a ser inserido no mecanismo é o 'Cartel de los Soles', grupo de narcotráfico supostamente chefiado por Maduro.
Especialistas descartam a existência de uma organização formalmente estabelecida, e citam somente redes de corrupção permissivas com atividades ilícitas.
O que pode mudar com a medida?
O especialista em sociopolítica e professor universitário no México, Juan Manuel Trak, avalia que a classificação do governo de Maduro como terrorista aumentaria as opções de investidas de Trump contra a Venezuela.
"Abre um leque de possibilidades, tanto militares quanto sancionatórias, para o governo Trump seguir exercendo pressão."
Recentemente, os Estados Unidos mobilizaram para o Caribe o maior porta-aviões do mundo, junto com uma flotilha de navios de guerra e caças para operações antidrogas.
Segundo o presidente venezuelano, o único objetivo das ações dos Estados Unidos é forçá-lo a sair do poder.
"Esse aumento da pressão gera a percepção de que algum tipo de ataque já é quase iminente", considera Trak.
Até o momento, 83 pessoas foram mortas em cerca de 20 bombardeios norte-americanos contra supostas embarcações do narcotráfico na região venezuelana.
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Possibilidade de negociações e queda de Maduro
O presidente venezuelano disse estar disposto a conversar "cara a cara" com Trump, que já sinalizou uma reunião "em algum momento", mas nada está na agenda até agora.
Para Trak, é "muito pouco provável" que o chavismo caia agora e que Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória eleitoral nas eleições presidenciais de julho, assuma o poder com a prêmio Nobel da Paz María Corina Machado.
"Trump poderia estar pensando em ter acesso a recursos minerais venezuelanos, em troca de reduzir um pouco a ameaça no Caribe e depois fazer algum tipo de transição interna na Venezuela", indica o especialista.