José Antonio Kast é eleito presidente do Chile; conheça o líder da direita

Com mais de 95% das urnas apuradas, Kast obteve 58,3% dos votos, enquanto Jara alcançou 41,7%.

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 21:40)
Homem de meia-idade, de cabelos grisalhos, usando terno escuro, camisa branca e gravata azul, acena com a mão direita enquanto sorri levemente. Ao fundo, aparecem várias bandeiras do Chile, desfocadas, em tons de azul, branco e vermelho.
Legenda: A vitória marca a primeira vez, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que a extrema-direita volta a comandar o país.
Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP.

O candidato da direita José Antonio Kast, do Partido Republicano, foi eleito presidente do Chile neste domingo (14), vencendo de virada o segundo turno das eleições contra a candidata de esquerda Jeannette Jara, do Partido Comunista. 

Com mais de 95% das urnas apuradas, Kast obteve 58,3% dos votos, enquanto Jara alcançou 41,7%, segundo o Serviço Eleitoral do Chile (Servel).

No primeiro turno, realizado em 16 de novembro, Jara havia ficado em primeiro lugar, com 26,8% dos votos, enquanto Kast obteve 23,9%. 

A vitória marca a primeira vez, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que a direita volta a comandar o país. Kast deverá receber a faixa presidencial do atual presidente, Gabriel Boric, e assumir o Palácio de La Moneda em março do próximo ano.

Pouco após a divulgação do resultado, Jeannette Jara reconheceu a derrota e parabenizou o adversário.

“A democracia falou alto e claro. Acabei de falar com o presidente eleito José Antonio Kast para desejar-lhe sucesso para o bem do Chile”, escreveu a candidata em uma publicação na rede X.

O segundo turno foi realizado com voto obrigatório para todos os eleitores registrados, sob pena de multa. Cerca de 15 milhões de chilenos estavam aptos a votar, e o Servel decretou o encerramento da votação por volta das 18h (horário local).

Campanha eleitoral

A campanha foi fortemente marcada pelo tema da imigração e da segurança pública. O Chile dobrou sua população estrangeira em sete anos, chegando a 8,8% do total em 2024, com cerca de 337 mil imigrantes em situação irregular – um cenário explorado politicamente pelo candidato vencedor.

Ao encerrar a campanha, Kast prometeu “um choque de esperança” após anos de “caos, desordem e insegurança”. “Este governo gerou caos, desordem e insegurança. E nós vamos fazer o contrário: vamos gerar ordem, segurança e confiança”, afirmou durante comício em Temuco.

Após a confirmação do resultado, apoiadores de Kast foram às ruas para celebrar a vitória com bandeiras do Chile e do Partido Republicano. O presidente eleito prometeu governar para todos. “Quem vencer terá que ser presidente de todos os chilenos”, disse após votar.

Quem é Kast?

José Antonio Kast, de 59 anos, é advogado, católico e pai de nove filhos. Ele construiu sua trajetória política na direita chilena, tendo sido deputado por mais de uma década antes de fundar o Partido Republicano, legenda pela qual disputou e venceu a eleição presidencial.

Filho de um imigrante alemão que se estabeleceu no Chile após a Segunda Guerra Mundial, Kast teve sua biografia alvo de controvérsias em campanhas anteriores, devido a investigações jornalísticas que apontaram a filiação de seu pai ao Partido Nazista.

O presidente eleito afirma que o pai foi recrutado à força e nega vínculos ideológicos com o nazismo.

Kast também é conhecido por sua defesa pública do regime de Augusto Pinochet, período que já classificou como responsável por um suposto “passado glorioso” do país, embora tenha evitado aprofundar o tema durante a campanha para não perder apoio eleitoral.

Na área econômica, o presidente eleito defende menos regulamentação, flexibilização das leis trabalhistas e redução de impostos corporativos, ainda que aliados indiquem uma possível moderação das propostas para viabilizar a governabilidade.

Em temas sociais, Kast já declarou oposição ao aborto em qualquer circunstância e à venda da pílula do dia seguinte. Questionado no último debate televisivo, afirmou: “Eu apoio a vida desde a concepção até a morte natural”.

O contexto político chileno segue marcado pelas consequências dos protestos de massa observados em 2019, que deixou 32 mortos e milhares de feridos, e pelas frustrações em torno das tentativas fracassadas de reformar a Constituição herdada da ditadura.