Após dias de homenagens, funeral do papa Francisco chega ao fim com sepultamento reservado
Túmulo ficará aberto para visitação permanente

Após três dias de velório aberto ao público, homenagens e outros rituais, o funeral do papa Francisco foi realizado na manhã deste sábado (26), no Vaticano. Com o fim da Missa das Exéquias, na Praça São Pedro, o caixão do religioso seguiu para a Basílica Santa Maria Maior, em Roma, onde foi sepultado em cerimônia reservada.
Seu enterro, o primeiro de um pontífice fora dos muros do Vaticano desde Leão XIII em 1903, conclui o pontificado de 12 anos marcado pela defesa dos migrantes, do meio ambiente e da justiça social.
Pontualmente, às 5h, horário de Brasília, a missa foi realizada pelo Cardeal Giovanni Battista Re, decano do colégio dos Cardeais. Mais de 50 chefes de estados, como Donald Trump e o presidente Luís Inácio Lula da Silva, 10 monarcas e mais de 200 mil pessoas acompanharam o evento.
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Como foi a missa
Com o caixão colocado ao centro e em frente ao altar externo da basílica, lacrado com as tampas de zinco e de madeira, conforme a tradição, seguiu-se a liturgia, como as leituras do Salmo 22 (23), "O Senhor é meu Pastor e nada me faltará", e do Evangelho segundo João, com cânticos e orações sendo entoados.
Ao falar, durante o momento da homilia, sobre os feitos de Francisco e seu papado de 12 anos, o cardeal disse que ele "elevou incessantemente sua voz, implorando pela paz e convidando à razão e à negociação para encontrar possíveis soluções" para as guerras.
"A guerra sempre deixa o mundo pior do que estava antes: é uma derrota dolorosa e trágica para todos", acrescentou o cardeal diante de dezenas de autoridades internacionais, incluindo o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodimir Zelensky.
Após o evangelho, foram realizadas a leitura das preces em seis línguas diferentes. A terceira delas foi em português e feita pela brasileira Bianca Fraccalvieri, que é coordenadora das redes sociais do Vaticano.
Cortejo até Santa Maria Maggiore
Logo depois, um grande cortejo saiu em procissão com o caixão, cerca de 4,4 km de distância da praça São Pedro até a Basílica de Santa Maria Maggiore. Na chegada, foi recebido por uma homenagem aos pobres, devido à forte ligação de Francisco com os marginalizados da sociedade.
Em cerimônia fechada, o sepultamento ocorre, sendo colocado no caixão, os selos do cardeal camerlengo, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Escritório das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano, o que confirmará todo o ritual. Água benta também será aspergida.
O ritual de despedida do líder da Igreja Católica começou ainda na sexta-feira (25), com o fechamento do caixão, momento presidido pelo Camerlengo da instituição, o cardeal Kevin Farrell, em que foram colocados o tradicional véu branco sob o rosto do papa, as medalhas cunhadas e um pergaminho.
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Mais homenagens
O enterro marca o primeiro dia do Novendiali (novenário), os quais são os nove dias de luto e orações em honra ao papa. Ainda no sábado, às 21h (16h, em Brasília), será rezado o Rosário em frente a Basílica.
O túmulo será aberto para visitação permanente no domingo (27), pois no mesmo dia, às 10h30 (5h30, em Brasília), será celebrada a segunda missa dos nove dias de novenário que se seguirão em respeito ao luto pela partida do pontífice.
Papa pediu simplicidade
Em seu testamento, assinado em 22 de junho de 2022, o papa Francisco reforçou a sua vontade quanto à realização do seu funeral, como ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, não ter ornamentos ou decorações especiais e apenas a inscrição “Franciscus” no túmulo.
“Sempre confiei minha vida e meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Santa Maria. Portanto, peço que meus restos mortais descansem aguardando o dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maggiore”, disse Francisco no documento.
Por fim, o papa disse na mensagem, que ofereceu “ao Senhor o sofrimento que se fez presente na última parte da minha vida pela paz mundial e pela fraternidade entre os povos”.