A sinusite é a inflamação das mucosas da região paranasal, também conhecida como “seios da face”. Está situada em torno da cavidade nasal e abrange nariz, olhos, maçãs do rosto e testa. Normalmente, estas cavidades são ocas, mas durante as crises de sinusite ou resfriados, ficam preenchidas com muco.
Doença considerada comum, de acordo com a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAO-HNSF), uma a cada oito pessoas em todo o mundo sofre com sinusite. Já a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, a sua forma crônica atinge cerca de 15% da população mundial, enquanto a comum afeta de 15% a 20% das pessoas no mundo. A condição requer tratamentos e cuidados específicos, porque seus sintomas são bem incômodos.
Apesar de ser recorrente, é preciso ter cuidado, porém, para que tudo não seja chamado de sinusite, alerta o médico otorrinolaringologista Davi Garcia*. “É muito frequente os pacientes atribuírem dor na região da face a um quadro de sinusite. No entanto, se não houver sintomas nasais como obstrução ou secreção, essa hipótese se torna menos plausível, devendo ser investigadas outras causas para a dor, como enxaqueca, por exemplo”, detalha.
Outro comentário frequente, explica o médico, “é o paciente achar que, uma vez tendo um quadro de sinusite, este permanecerá indefinidamente — no jargão popular, os pacientes falam que ‘têm sinusite’”.
“Na maioria das vezes, a sinusite ocorre em episódios cuja frequência varia entre as pessoas. Enquanto há aqueles que são acometidos poucas vezes na vida, há outros casos em que realmente o quadro é mais grave ou repetitivo”, aprofunda Davi Garcia. Assim, acrescenta, é fundamental a avaliação do especialista para identificar se realmente são sinusites de repetição ou não, bem como identificar as causas e direcionar a conduta.
O que é sinusite?
Sinusite, ou mais corretamente rinossinusite, é uma inflamação do nariz e dos seios paranasais, que são cavidades cheias de ar localizadas nos ossos da face e do crânio, explica o médico otorrinolaringologista. Fala-se mais corretamente em rinossinusite, explica Davi Gargia, porque a inflamação, via de regra, acomete tanto o nariz quanto os seios da face.
A doença pode ser aguda ou crônica. Quando aguda, tem início súbito e pode durar até 12 semanas. Já a sinusite crônica, é caracterizada quando os sintomas persistem por um período superior a 12 semanas, e ocorrem com uma certa frequência.
Quais os sintomas da sinusite?
Dentre os sintomas da sinusite, estão:
- Obstrução e secreção nasais;
- Sensação de dor ou pressão na face;
- Redução do olfato.
Em crianças, a tosse é um sintoma importante. É preciso destacar que esses sintomas são inespecíficos e podem surgir no contexto de uma simples gripe ou resfriado, pontua Davi Garcia.
O que é a chamada sinusite bacteriana?
Os seios da face são cavidades que normalmente estão cheias de ar e apresentam um sistema eficiente de drenagem das secreções que são produzidas no seu interior. No entanto, quando há uma inflamação mais intensa, as vias de drenagem ficam obstruídas e a secreção acaba por ficar acumulada. Caso essa permanência seja prolongada, pode haver contaminação por bactérias e gerar uma sinusite bacteriana.
“É essencial frisar que a maioria das sinusites são de natureza viral. Estima-se que apenas 2% dos casos são de origem bacteriana, aqueles que requerem o uso de um antibiótico”, pontua o otorrinolaringologista.
Outros tipos de sinusite
As gripes e resfriados, que causam inflamação no nariz e nos seios paranasais e são causadas por vírus, são consideradas rinossinusites.
Além de ser consequência de vírus e bactérias, existem os quadros causados por fungos também, mas que são bem menos frequentes. A sinusite fúngica é um tipo que acontece quando fungos conseguem se desenvolver na cavidade nasal, levando a uma inflamação que pode desencadear graves lesões nas mucosas nasais. Causada principalmente por fungos do gênero Candida sp., Rhizopus sp., Aspergillus sp., e Rhinosporidium sp., dentre outros.
Pode ocorrer também a chamada sinusite alérgica. Aqui, a inflamação das mucosas nasais é resultado de uma crise alérgica, como a rinite, por exemplo. Ácaros, poeira, pólen, pelos de animais, fumaça de cigarro, partículas de inseto e até mofo, podem causar irritações que produzem secreções que se acumulam nos seios da face.
Nesta modalidade, as crises podem ocorrer frequentemente, comprometendo a qualidade de vida ao conviver com a situação, por isso, é essencial evitar a exposição a alérgenos.
Como diferenciar um quadro viral de um bacteriano?
Aqui é preciso avaliar a evolução da doença. Sabemos que um quadro gripal comum tem um tempo de resolução médio ao redor de sete dias. “Quando há uma piora, por volta do quinto dia de doença ou os sintomas permanecem por mais de 10 dias, a probabilidade de que a infecção tenha se tornado bacteriana aumenta. Daí tiramos uma informação importante: dificilmente é necessário um antibiótico antes do quinto dia de evolução, mesmo que estejam presentes sintomas que os pacientes possam atribuir a uma sinusite”, destaca o médico.
É fundamental, portanto, que os pacientes saibam que a presença de secreção, mesmo amarelada ou esverdeada, não significa necessariamente que se trata de um processo bacteriano e que, consequentemente, necessitaria do uso de antibióticos, acrescenta o otorrinolaringologista. “Quando sabemos que a minoria dos casos é de origem bacteriana, nos damos conta da enorme quantidade de antibióticos que são utilizados desnecessariamente”, frisa o médico, fazendo também um alerta.
Sinusite dá febre?
Pode até causar febre, mas este não é um sintoma tão frequente, diz Davi Garcia. “Normalmente a febre está até mais associada ao quadro viral que inicia o processo de sinusite ou mesmo nas raras complicações de maior gravidade”, acrescenta.
Quando a sinusite é grave?
A sinusite bacteriana pode se espalhar em direção aos olhos, gerando uma inflamação e mesmo a presença de pus na órbita, que é a região que fica ao redor da zona ocular, destaca o otorrinolaringologista. “Além disso, pode invadir o crânio, gerando meningites e mesmo a presença de pus nas estruturas cerebrais. Geralmente são quadros graves e que, em sua maioria, requerem cirurgia com relativa urgência. Felizmente, esses quadros são pouco frequentes”, adiciona.
Quais as causas?
A sinusite pode ser causada por fatores infecciosos, como: bactérias, fungos e vírus e também por fatores alérgicos como: poeira, choque térmico, cheiros, ácaros, poluição, pólen, mofo, pelos de animais, fumaça de cigarro e partículas de insetos. As causas mais comuns de sinusite crônica são:
- Pólipos nasais: os pólipos são tecidos que cresceram nas áreas nasais ou nos seios da face e que bloqueiam a passagem de ar;
- Reações alérgicas: como a sinusite pode ser causada por fatores alérgicos, quando expostos por muito tempo, as reações podem se agravar;
- Alergias: outras doenças alérgicas, como rinite e asma, podem favorecer um quadro de sinusite;
- Desvio de septo nasal: quando a parede entre as narinas não está alinhada, pode haver restrição ou bloqueio da passagem de ar para o seio nasal;
- Trauma na face: quando se fratura um osso na face por causa de um acidente, pode haver a obstrução das vias nasais;
- Doenças que afetam a imunidade: complicações de fibrose cística, refluxo gastroesofágico, AIDS e outras doenças relacionadas com o sistema imunológico podem resultar na obstrução nasal e em uma sinusite;
- Infecções respiratórias: gripe, resfriado e outras doenças também podem inflamar as vias áreas criando um ambiente perfeito para bactérias e assim, proporcionando uma sinusite.
Qual o tratamento?
Tendo em vista que a maioria dos quadros de sinusite são virais, o tratamento é principalmente de suporte, com analgésicos e lavagem nasal com soro fisiológico, indica Davi Garcia.
Nos casos de sinusite bacteriana, acrescentamos um antibiótico. Dependendo da avaliação de cada caso, outros medicamentos podem ajudar também. A cirurgia é utilizada em casos em que o tratamento clínico não funciona ou quando há complicações ou mesmo sinusites de repetição, comenta o otorrinolaringologista.
Lavagem nasal auxilia a combater a sinusite?
A lavagem nasal com solução salina ocupa um papel extremamente relevante no tratamento da sinusite, sinaliza Davi Garcia. Por remover as secreções, proporciona conforto ao paciente e ajuda na recuperação.
*Davi Garcia é médico otorrinolaringologista, com especialização em Rinologia (doenças do nariz), doutorado pela Santa Casa de São Paulo e Universidade Johns Hopkins (EUA) e professor do Curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor).