Dermatite atópica: o que é, causas e tratamentos

Conheça a condição cutânea caracterizada por comichão e vermelhidão da pele, que aparece frequentemente como consequência de fatores genéticos e ambientais

Escrito por Redação ,
pessoa coçando braço
Legenda: Geralmente a dermatite se inicia na infância, com 85% dos casos surgindo até os cinco anos de idade e somente 2% na vida adulta
Foto: Shutterstock

A dermatite atópica é uma doença crônica da pele que apresenta erupções que coçam e apresentam crostas, geralmente nas dobras dos braços e na parte de trás dos joelhos. Não é contagiosa e, em grande parte dos casos, está associada à asma e à rinite alérgica.

Geralmente se inicia na infância, de acordo com a dermatologista Bárbara Bastos*, sendo que 85% dos casos surgem até os cinco anos de idade e somente 2% na vida adulta.

Muitos especialistas acreditam que a combinação de pele seca e irritável com um mau funcionamento do sistema imunológico estejam entre as causas mais prováveis, além da base genética. Produtos irritantes, bactérias, suor, banhos quentes e clima frio e/ou seco podem ajudar no agravamento dessa patologia, acrescenta a dermatologista, que frisa a necessidade de o tratamento ser feito com orientação médica.

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O que é dermatite atópica?

“Derma” é um prefixo relacionado à pele, enquanto “ite” é um sufixo associado à presença de inflamações. Sendo assim, temos uma inflamação na pele. Essa é uma doença crônica, explica a dermatologista Bárbara Bastos, que, muitas vezes, não tem um gatilho muito bem definido.

Ela é caracterizada pela presença de lesões que formam crostas e coçam bastante, incomodando muito o paciente afetado.

Quais as causas da dermatite atópica?

Não se sabe bem quais são as causas para esse problema. Ainda são necessárias pesquisas para definir a origem, mas hipóteses levantadas trazem pontos como a presença de uma pele naturalmente mais sensível associada à debilitação do sistema imunológico, detalha a dermatologista. Também é relacionada a fatores ambientais, destacando-se a alergia ao ácaro (poeira doméstica).

Quais são os sintomas?

Inchaço na pele

Um dos sintomas mais frequentes, causado pela inflamação. Ele pode ser generalizado ou afetar apenas as regiões das lesões.

Vermelhidão

Causada por conta da migração de células e de sangue para a área afetada, em uma tentativa de resolver o problema.

Alteração na temperatura da pele

A temperatura de uma área inflamada também tende a ficar mais elevada. Por isso, não é incomum encontrarmos pacientes com dermatite atópica que apresentam áreas da pele com uma sensação mais quente do que as demais.

Descamação da pele

Devido à coceira, é possível também ocorrer descamação cutânea. Além disso, esse sintoma pode surgir como uma tentativa de regeneração da pele ou também por conta do ressecamento.

Secreções

A ocorrência de secreções e, por vezes, sangramentos é um problema frequente para quem sofre com as lesões geradas pela dermatite atópica.

Alteração no tom da pele

É possível notar a mudança de coloração de certos pontos da sua pele — os mesmos que são afetados pelas lesões. Eles podem ficar mais claros ou mais escuros, mas qualquer alteração na tonalidade deve ser um sinal de alerta e ser observado por um médico.

Mudança na textura da pele

As lesões também podem fazer com que a textura da pele mude, tornando-a áspera ou com uma sensação parecida com a de couro, ou seja, lisa e ressecada. Alterações dessa natureza devem ser avaliadas o quanto antes por um dermatologista.

Coceira constante

Um dos sintomas mais característicos da dermatite atópica: a coceira. Também chamada de prurido, ela pode acontecer em lesões já estabelecidas ou, até mesmo, em pele “íntegra”, precedendo o surgimento do problema.

Existem fatores de risco?

  • Alergia a pólen, mofo, ácaros, pelo de animais;
  • Contato com materiais ásperos;
  • Pele seca;
  • Exposição a irritantes ambientais;
  • Exposição excessiva à água;
  • Fragrâncias ou corantes adicionados a loções ou sabonetes;
  • Produtos de limpeza;
  • Roupas de lã e de tecido sintético;
  • Baixa umidade do ar;
  • Frio, calor e transpiração intensa;
  • Estresse.

Como tratar a dermatite atópica, em especial as manchas que aparecem?

O tratamento exige cuidados contínuos, já que a doença é crônica. Portanto, a hidratação da pele deve ser diária, sempre após os banhos. Quanto mais hidratada a pele estiver, menor a chance de ter novas crises de coceira, ressalta Bárbara Bastos.       

Importante evitar fatores que desencadeiam as crises como: suor excessivo, banhos demorados e com água quente e contato com poeira e perfumes. “Nas crises, geralmente podemos usar antialérgicos e pomadas de corticoide para tratar as manchas vermelhas e a coceira”, acrescenta a dermatologista.

O que usar para dermatite atópica? O que é contraindicado?

O mais importante é usar hidratante hipoalergênico, sem perfume. Outro cuidado é lavar as roupas com sabões neutros e não usar amaciantes, destaca Bárbara Bastos. “Evitar também o uso de produtos com perfume, ureia, ácido salicílico e amônia, que são irritantes para a pele”, frisa.

Algum alimento deve ser evitado?

Raramente a dermatite atópica se relaciona com alérgenos alimentares, avalia a dermatologista, então não é orientada nenhuma restrição alimentar inicialmente. Evitar somente, acrescenta, em casos mais refratários ou com associação de piora dos sintomas da pele após ingerir algum alimento específico (dentre eles, os mais comuns: leite, ovo, trigo, amendoim) e sempre com orientação do médico.

O que causa dermatite atópica em bebês?

A dermatite atópica é uma doença que geralmente aparece em bebês, com aproximadamente 60% dos casos já se apresentando até 1 ano de idade. As causas são as mesmas em todas as idades: história familiar (os pais também costumam ter alergias) e fatores ambientais, destacando-se a alergia a poeira doméstica (ácaro).

No caso das crianças, o ideal, de acordo com Bárbara Bastos, é cortar as unhas delas com frequência, com o objetivo de diminuir o risco de ferir a pele e complicar com infecções por bactérias.

*Bárbara Bastos é médica dermatologista, formada pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com residência médica em Dermatologia pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG). Pós-graduada em Laser, cosmiatria e procedimentos estéticos pelo Hospital Albert Einstein-SP. Atua como dermatologista em sua clínica em Fortaleza, no bairro Dionísio Torres.

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