Legislativo Judiciário Executivo

Relator da PEC da Blindagem recomenda rejeição e diz que proposta é “abrigo seguro para criminosos”

Relatório do senador Alessandro Vieira será votado nesta quarta-feira (24) na CCJ

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 06:50, em 24 de Setembro de 2025)
Senadores Alessandro Vieira e Otto Alencar conversar na comissão.
Legenda: Vieira já havia antecipado que seu parecer seria contrário.
Foto: Roque de Sá / Agência Senado.

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da chamada PEC da Blindagem, recomendou a rejeição da proposta em parecer apresentado nesta terça-feira (23). Ele classificou o texto como um “golpe fatal” na legitimidade do Congresso e um “abrigo seguro para criminosos”.

A PEC, aprovada em regime de urgência na Câmara dos Deputados na semana passada, prevê ampliar a proteção judicial de parlamentares contra investigações abertas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, a abertura de processos dependeria de votação secreta entre deputados.

Vieira já havia antecipado que seu parecer seria contrário. A expectativa é que a proposta seja rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira (24) e, em seguida, no plenário do Senado.

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“Abrigo seguro para criminosos”

Apelidada de PEC das Prerrogativas por seus defensores, a proposta ganhou mais resistência após as manifestações do último domingo (21).

No relatório, o senador afirma que a medida não fortalece o Parlamento, mas ameaça sua credibilidade: “A PEC que formalmente aponta ser um instrumento de defesa do Parlamento é, na verdade, um golpe fatal na sua legitimidade, posto que configura portas abertas para a transformação do Legislativo em abrigo seguro para criminosos de todos os tipos”, escreveu.

Segundo ele, a proposta busca proteger “interesses escusos” de figuras públicas que desejam travar ou retardar investigações.

Senador Otto Alencar, presidente da CCJ.
Legenda: O senador Otto Alencar, presidente da CCJ, pretende votar a proposta para "sepultá-la".
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil.

Risco de impunidade

Vieira argumenta que o texto representa um retrocesso institucional, ao resgatar a imunidade processual anterior à Emenda Constitucional nº 35, de 2001.

“Retornar à imunidade processual existente anteriormente (…) representa permitir a impunidade de deputados, senadores, presidentes de partidos e, por simetria, deputados estaduais e distritais, o que certamente se choca com o interesse público”, afirmou.

Diante disso, o relator concluiu recomendando a inconstitucionalidade e a injuridicidade da PEC, reforçando seu parecer contrário.

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