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Quem é Julia Zanatta, deputada que postou fotos com fuzis e foi criticada por Oruam

Deputada federal bolsonarista respondeu ao rapper.

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Redação producaodiario@svm.com.br
A deputada federal Júlia Zanatta fala ao microfone em um ambiente legislativo. Ela veste um blazer azul-claro e usa uma coroa de flores na cabeça, gesticulando com as mãos enquanto se dirige ao plenário. Outras pessoas aparecem desfocadas ao fundo.
Legenda: A deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta teve embate com o rapper Oruam.
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A deputada federal bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC) trocou ataques com o rapper Oruam pela rede social X (antigo Twitter). O embate teve início com a publicação de Zanatta sentada em um 'trono' cercada de fuzis com a legenda "Game of Santa Catarina".

O rapper republicou a foto e criticou: "Se eu postar uma foto dessa é apologia ao crime", disse. Em resposta, a deputada disse que o Brasil vive uma "troca de valores, a ponto de um filho de traficante tentar me cancelar na internet".

O artista é filho de Marcinho VP, apontado como liderança do Comando Vermelho, que está preso desde 1996.

Ela citou ainda o projeto de lei Antifacção, que deve ser votado pela Câmara dos Deputados nos próximos dias. Ela alegou ainda que o "êxito da criminalidade" estaria associado ao desarmamento. "A mentalidade desarmamentista levou o povo brasileiro a ficar de joelhos", disse. 

O argumento da parlamentar, no entanto, costuma ser refutado por pesquisadores e especialistas em segurança pública, que publicaram diversos manifestos ao longo dos últimos anos indicando que mais armas de fogo em circulação podem aumentar o cenário de violência no Brasil. 

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Quem é Juliana Zanatta? 

A deputada federal envolvida no embate com Oruam foi eleita para a Câmara dos Deputados por Santa Catarina em 2022. Ela recebeu cerca de 111,5 mil votos, sendo a sexta mais votada daquele estado. 

O mandato como deputada federal foi conquistado com a defesa de pautas alinhadas ao bolsonarismo, como a defesa da liberdade de expressão e do armamento para a população brasileira, além de uma defesa da vida e da propriedade. 

Apesar de ser o primeiro mandato exercido por ela, a candidatura à Câmara Federal não foi a primeira na trajetória política dela. Ela também foi candidata, em 2020, à Prefeitura de Criciúma, terra natal da parlamentar, mas acabou ficando em 3º lugar, com cerca de 7% dos votos.

Filha como "escudo" humano

Ao longo do mandato, ela se envolveu em outras polêmicas. Uma das mais recentes foi a denúncia contra ela ao Conselho Tutelar por ter levado a filha, de apenas 4 meses, para o Plenário da Câmara dos Deputados quando os parlamentares de oposição estavam realizando um 'motim' para obstruir os trabalhos legislativos

A própria Zanatta admitiu ter levado a filha como "escudo" humano.

"Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança (nenhum abortista jamais esteve) eles querem  é INVIABILIZAR o exercício profissional de uma MULHER usando SIM uma criança como escudo. CANALHAS", escreveu a deputada federal. 

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O episódio aconteceu em agosto, na reabertura das sessões na casa legislativa e gerou diversas críticas, chamadas de hipócritas pela bolsonarista. 

Investigação por emenda a clube de tiro

O embate com Oruam por conta da foto de Júlia Zannata em um 'trono', formado por projéteis e cercada de fuzis, acabou ganhando novos desdobramentos. Isto porque o clube de tiro onde a foto foi retirada pertence a um amigo da deputada federla e foi local para onde ela direcionou emenda parlamentar. 

Uma representação foi aberta contra Zanatta na Procuradoria-Geral da República. Na denúncia feita pela deputada federal Ana Paula Lima (PT-SC), a parlamentar bolsonarista é acusada de usar a emenda "para beneficiar, com recursos federais, um negócio de aliados".

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A questão é alvo de investigação no Tribunal de Contas de Santa Catarina. O órgão apontou, em relatório técnico, que há indícios de uma tentativa de favorecer a empresa no processo licitatório da Prefeitura de São José para o treinamento da Guarda Municipal – a emenda de Zannata foi enviada para a Prefeitura com esse objetivo. 

Entre os indícios estão a pesquisa de preços restrita, a ausência de alternativas públicas, os critérios feitos sob medida para o clube e a falsificação de documentos. As informações são do Estadão. 

Em resposta, a deputada federal disse que a emenda cumpre os requisitos de transparência e rastreabilidade e que irá "enviar mais recursos para que a guarda municipal possa continuar treinando em clube de tiro".

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