Quais remédios Bolsonaro diz terem causado a 'paranoia' que o fez violar a tornozeleira
Ex-presidente segue preso preventivamente após audiência de custódia.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou ter danificado a tornozeleira eletrônica por conta de uma “certa paranoia” motivada pela ingestão de medicamentos. A declaração foi dada durante a audiência de custódia deste domingo (23), quando ficou definida a manutenção da prisão preventiva do político.
Os remédios em questão seriam o Pregabalina e o Sertralina, ambos usados para tratamentos psiquiátricos. O primeiro é um anticonvulsivo recomendado para tratar ansiedade, enquanto o segundo é um antidepressivo.
Segundo Bolsonaro, os medicamentos foram receitados por médicos diferentes, o que teria acarretado uma interação inadequada. O ex-presidente comentou ter passado a tomar um deles há cerca de quatro dias antes da prisão, realizada no sábado (22).
Conforme consta na ata da audiência de custódia de Bolsonaro, “o depoente afirmou que estava com “alucinação” de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa.
Bolsonaro também disse ter o sono “picado” e, sem dormir direito, resolveu, por volta da meia-noite, “com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento”.
Anteriormente, quando questionado sobre a avaria na tornozeleira eletrônica, durante vídeo filmado na chegada à Superintendência da Polícia Federal, o ex-presidente chegou a responder que a ação foi motivada por "curiosidade".
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REMÉDIOS PODEM CAUSAR SURTO?
Comumente utilizados para tratamentos de ansiedade e depressão, a Pregabalina e a Sertralina podem apresentar efeitos colaterais que incluem dor de cabeça, inchaço, tontura, alterações de humor e até mesmo alucinações, embora sejam sinais mais raros.
Anticonvulsivo, a Pregabalina atua na regulação da transmissão de mensagens excitatórias entre as células nervosas, segundo a bula do remédio. Costuma ser receitada no tratamento de quadros de epilepsia, ansiedade e dor neuropática.
Por sua vez, a Sertralina age inibindo de modo seletivo a recaptação de serotonina, mantendo os níveis elevados dessa substância elevados no cérebro, o que contribui para o equilíbrio mental e a regulação do humor. O medicamento é utilizado no tratamento de diversos quadros psiquiátricos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e síndrome do pânico.
Veja os efeitos colaterais mais comuns dos remédios, conforme as bulas:
- Sertralina — náusea, diarreia, indigestão, perda de apetite, aumento da sudorese, tremores e disfunção sexual;
- Pregabalina — tontura, sonolência, ganho de peso, visão turva ou dupla, inchaço, boca seca, dificuldade de concentração e atenção, alucinação e desmaios — estes dois últimos considerados mais raros.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve continuar preso, determinou a audiência de custódia deste domingo (23). A reunião ocorreu por meio de videoconferência, na Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal, onde Bolsonaro se encontra detido preventivamente desde a manhã do sábado (22).
Segundo a ata do encontro, o ex-presidente alegou ter danificado a tornozeleira eletrônica que usa por determinação judicial com um "ferro de solda" devido a uma “certa paranoia”.
Além disso, durante a audiência, foi registrado que a prisão ocorreu segundo o cumprimento das formalidades legais, sem qualquer abuso ou irregularidade por parte dos policiais.
O momento foi conduzido pela juíza auxiliar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Luciana Yuki Fugishita Sorrentino. Moraes é o relator do processo que levou à detenção de Bolsonaro.
Também participaram os advogados do ex-presidente, Daniel Bettamio Tesser e Paulo Henrique Aranda Fuller, e o representante da Procuradoria-Geral da República, Joaquim Cabral da Costa Neto.