Professora Zuleide toma posse na Alece, após saída de Léo Suricate, em ‘rodízio’ do Psol
Suplentes se revezam durante os 120 dias da licença do deputado Renato Roseno.
A suplente Professora Zuleide (Psol) tomou posse como deputada estadual da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), na sessão desta quinta-feira (6). A novidade na composição da Casa ocorre em meio ao revezamento entre a suplência do partido, com a saída de Léo Suricate (Psol), durante os últimos 30 dias da licença do titular Renato Roseno (Psol).
O rodízio entre os parlamentares do Psol havia sido acertado ainda em agosto, quando Roseno pediu licença de 120 dias para tratar de assuntos particulares. Internamente, esse tipo de afastamento é visto como uma estratégia de dar visibilidade aos que ficaram na suplência, principalmente em ano pré-eleitoral.
Na sessão de posse, Zuleide reafirmou o objetivo de ter um mandato pautado na “luta do povo negro”. A ideia, segundo a parlamentar, é tentar reforçar o máximo de pautas inclusivas no Legislativo durante o mandato de 30 dias.
“Novembro negro, a gente vai trazer toda essa pauta. Traz a pauta das mulheres, traz a pauta da juventude negra, traz a pauta da política de encarceramento, traz a pauta do meio ambiente, do racismo ambiental e aí, a partir desse lugar, desse Ceará negro profundo, a gente discute todas essas temáticas que devem se reestruturar e devem trazer luz para uma política pública em 2026”
Durante a solenidade, uma comissão de parlamentares foi designada para conduzir a nova deputada estadual até o Plenário 13 de Maio. Foram eles: De Assis Diniz (PT), Júlio César Filho (PT), Guilherme Sampaio (PT), Alysson Aguiar (PCdoB) e Salmito (PSB).
Na ocasião, as galerias da Alece foram ocupadas por representantes de movimentos sociais, militantes do Psol e professores universitários do Crato, na região do Cariri, base eleitoral da nova parlamentar.
Também acompanharam a posse de Zuleide alguns familiares e políticos, como o prefeito do Crato André Barreto (PT) e as secretarias estaduais Zelma Madeira (Igualdade Racial) e Socorro França (Direitos Humanos).
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TRAJETÓRIA
Recentemente, Zuleide Fernandes de Queiroz foi secretária de Direitos Humanos do Crato. Pedagoga e Doutora em Educação, a docente é professora aposentada da Universidade Regional do Cariri (URCA).
Na eleição de 2022, a política obteve 20,1 mil votos para deputada estadual, ficando na 2ª suplência do Psol. Dois anos depois, ela foi candidata a vereadora no Crato, mas não foi eleita.
Com a posse, Zuleide tornou-se a terceira mulher negra a assumir o cargo de deputada estadual em 190 anos da Assembleia. As outras duas foram Leda Moreira e Martinha Brandão.
DESPEDIDA DE SURICATE
A posse de Zuleide marca o fim do mandato temporário de Léo Suricate nos últimos 90 dias. Ele é produtor cultural, ativista social e influenciador da periferia de Fortaleza, sendo um dos administradores da página Suricate Seboso, de onde vem o nome artístico.
Na despedida da Casa, na quarta-feira (5), o parlamentar conseguiu a aprovação de um projeto de indicação que propõe a institucionalização da Zona Viva de Cultura e Tecnologia (ZVCT). A iniciativa pretende promover ações de cultura, tecnologia e qualificação profissional em locais em situação de vulnerabilidade social, como unidades habitacionais da periferia.
Em caso de projetos de indicação, o Executivo não é obrigado a implementar a proposta após a aprovação, mas os textos servem de orientação para iniciativas do Governo do Estado.
Questionado se tentará retornar ao cargo de deputado estadual, Suricate deixou o futuro político em aberto. “Essa discussão a gente não sabe, mas a gente sabe que o desejo da população é que a gente tenha representante do nosso porte, do nosso nível, que tenha a coragem de enfrentar os debates que muitas das vezes não estão indo para dentro desse plenário”, pontuou.
No período de 90 dias na Alece, Suricate atuou, ainda, pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição estadual (PEC 05/2025), que visa a universalização da internet “livre e segura” de modo gradual. A medida inclui o “acesso universal e igualitário” como direito garantido, o colocando entre as competências do Estado.