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Recuperação de obra de Di Cavalcanti e relógio tricentenário danificados pode não ser possível

Nível de estragos provocados nas peças durante os atos terroristas pode impossibilitar recuperação, disse ministra da Cultura

Escrito por Redação ,
Tela As Mulatas depois da invasão de manifestantes
Foto: reprodução/redes sociais

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, revelou, nessa terça-feira (10), que pode não ser possível restaurar a tela "As Mulatas", do pintor Di Cavalcanti, e o relógio de Balthazar Martinot, do século XVII, danificados por vândalos durante o ato terrorista contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

"O relógio que foi quebrado parece que não sabemos se vai ter condição de restaurar. [Era] uma peça única. O quadro de Di Cavalcanti também pela mesma forma", declarou a titular, conforme o g1.

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Avaliado em, pelo menos, R$ 8 milhões, o mural é considerado um dos mais importantes da carreira do artista modernista brasileiro e era a principal obra do Salão Nobre do Palácio do Planalto. Segundo a Secretaria de Comunicação Social do Governo (Secom), nele foram encontrados sete rasgos, de diferentes tamanhos.

Obra As Mulatas exposta no Palácio do Planalto
Legenda: A tela 'As Mulatas' antes da invasão de manifestantes.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Já o relógio possui um valor "fora do padrão", devido à raridade, segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, e está "muito danificado", detalhou a ministra. 

"O relógio talvez é a obra mais sensível ainda. Existem outros daquele tipo, mas de tamanhos menores. Está muito danificado, muito danificado. A gente não tem essa resposta ainda", disse a titular.

Antes e depois de relógio histórico
Legenda: Antes e depois mostra relógio histórico danificado.
Foto: Reprodução

Produzido pelo relojoeiro do rei francês Luís XIV, Balthazar Martinot, a peça de mais de 300 anos foi um presente da Corte Francesa para o monarca português Dom João VI, na época que o Brasil era colônia de Portugal. Existem somente dois relógios feitos pelo artista — o outro está exposto no Palácio de Versalhes e possui somente metade do tamanho do exemplar que estava no Palácio do Planalto.

"É indescritível. É realmente a negação do respeito pelo Brasil, pela democracia e pelo Poder Judiciário. Não tenho palavras para traduzir tamanha bestialidade."
Margareth Menezes
Ministra da Cultura
 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deve finalizar, na quinta-feira (12), o levantamento das obras danificadas e possível custo de reparo, segundo a titular da Pasta. As informações são dos portais g1 Uol.

Memorial sobre ato terrorista

Ainda conforme Margareth Menezes, o projeto de criar um memorial sobre o ataque criminoso contra os Três Poderes ganhou força durante uma reunião com a primeira-dama, Janja Silva.  

“A ideia de criar um memorial sobre essa violência que sofremos. Esse é um tesouro artístico, do povo brasileiro. Isso é um pertencimento do Estado. Uma violência muito desrespeitosa e profunda. Esse memorial é para deixar marcado isso para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível, com a memória intocável que é a nossa democracia”, disse.

Saiba as obras vandalizadas

Obra 'As Mulatas', de Di Cavalcanti

É considerada a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto. Foi achada com sete rasgos, de diferentes tamanhos.

Valor estimado: R$ 8 milhões.

Obra 'O Flautista', de Bruno Jorge

A escultura em bronze foi encontrada totalmente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.

Valor estimado: R$ 250 mil.

Escultura de parede em madeira, de Frans Krajcberg

A obra se utiliza de galhos de madeira e foi quebrada em diversos pontos. Seus pedaços foram atirados longe.

Valor estimado: R$ 300 mil.

Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck

A mobília foi utilizada como barricada pelos invasores do prédio. Ainda será feita uma avaliação para calcular os danos.

Valor estimado: não informado.

Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues

O móvel guarda as informações do presidente em exercício e teve o vidro quebrado.

Valor estimado: não informado.

Relógio de Balthazar Martinot

O relógio de pêndulo data do século XVII e foi um presente da Corte Francesa para Dom João 6º. Martinot era o relojoeiro de Luís 14º. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas tem metade do tamanho da peça que estava guardada no Brasil.

Valor estimado: considerado fora de padrão.

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