'Nunca imaginei que no IJF ia faltar almoço, isso nunca me foi trazido', diz Elmano sobre crise em Fortaleza

Declaração foi feita pelo governador nesta quinta-feira (30), em café da manhã com jornalistas

Escrito por
Ingrid Campos, Jéssica Welma producaodiario@svm.com.br
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Legenda: "Eu tomei uma decisão sobre o IJF a partir de uma realidade que me foi trazida e que eu não tinha conhecimento", argumentou Elmano.
Foto: Tiago Stille/Governo do Ceará

Uma semana após anunciar incremento de R$ 50 milhões para o Instituto Dr. José Frota (IJF), que tem protagonizado crises na Prefeitura de Fortaleza desde o ano passado, o governador Elmano de Freitas (PT) explicou que o reforço só veio agora porque ele não havia sido comunicado do problema antes. Ele se refere à dívida de R$ 100 milhões acumulada pelo equipamento, que foi herdada pelo novo prefeito, Evandro Leitão (PT), da Gestão Sarto. 

O hospital passará a receber R$ 120 milhões por ano, com a liberação recente dos R$ 48 milhões mais os atuais R$ 72 milhões de ajuda. Segundo Elmano, o problema se estende a toda a área da saúde do Município, que concentra quase metade da dívida da gestão, em torno de R$ 500 milhões.

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"Eu tomei uma decisão sobre o IJF a partir de uma realidade que me foi trazida e que eu não tinha conhecimento. Eu nunca soube que o IJF devia R$ 100 milhões, mas sim que não tinha insumo, e isso no final do ano. Nós devolvemos ao IJF mais de R$ 600 mil de material de insumo. Eu sabia que o IJF tava com problema financeiro de pagamento de algumas pessoas. Eu fui ao Governo Federal e consegui R$ 9 milhões para o IJF. Mas eu nunca imaginei que a dívida estava em 100 milhões", relatou o governador nesta quinta-feira (30), em café da manhã com jornalistas.

"Quem entrou com essa informação foi o Evandro Leitão. O Sarto, até por questões eleitorais, nunca quis apresentar. Eu nunca imaginei que no IJF ia faltar almoço para um paciente, isso nunca me foi trazido. Quando chegou no final do ano, por coincidência, uma pessoa da minha relação pessoal teve um problema, um acidente, foi para o IJF e eu soube que ele não tinha almoço. Foi assim que eu soube", disse, ainda.

Ao tomar ciência da necessidade de sanar a dívida para não comprometer mais ainda os serviços do hospital, Elmano articulou o reforço. "Ele precisava negociar essa dívida para o hospital não parar, e eu não dizer que não vou fazer nada", argumentou. 

Recursos para o IJF

O IJF segue no centro do debate público desde o ano passado. Ainda em dezembro, o ex-prefeito José Sarto (PDT) argumentou que o hospital precisava ser "estadualizado ou federalizado" devido ao volume de recursos que demanda e às atividades que desempenha.

"Quem mantém o IJF de portas abertas sem participação maior do Governo Federal e Governo do Estado, é a Prefeitura. O IPTU de Fortaleza, praticamente todo ele, vai para o custeio do IJF. O Hospital precisa ser estadualizado ou federalizado, porque a missão do município é a atenção básica e isto estamos fazendo muito bem”, disse, em coletiva de imprensa.

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Já Socorro Martins, atual secretária da Saúde do Município, defendeu a responsabilidade da Prefeitura sobre o equipamento, mas destacou a necessidade de ajuda.

"Não adianta a gente se separar do Estado. É o todo, um conjunto. A população está lá e precisa. Não podemos colocar só a responsabilidade no Estado, como está se cobrando hoje de o Estado resolver a questão do IJF.  Quem tem que resolver a questão do IJF é a Prefeitura, são as pessoas que estão lá agora. E se precisar de ajuda, deve dizer o que está precisando", afirmou.

Desde o fim do ano de 2024, o IJF garantiu uma ajuda de quase R$ 60 milhões do Governo do Estado e da União para 2025. Além disso, o orçamento previsto para a unidade neste ano traz um incremento de R$ 85 milhões em relação ao ano passado.

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