Legislativo Judiciário Executivo

Luizianne Lins vai embarcar em missão humanitária a Gaza; grupo teve barco atacado por drone

A deputada federal do Ceará está na Itália, de onde embarcará para encontrar com grupo de ativistas como Greta Thunberg

Escrito por
Bruno Leite bruno.leite@svm.com.br
(Atualizado às 10:20, em 10 de Setembro de 2025)
Foto de Luizianne Lins, deputada federal que está na missão internacional que teve embarcação atacada por drone em porto da Tunísia
Legenda: A parlamentar cearense foi para a Itália em 31 de agosto, a fim de embarcar na missão
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A deputada federal Luizianne Lins (PT) integra a missão humanitária da Global Sumud Flotilla (GSF), iniciativa que denunciou um ataque a drone contra um dos seus principais barcos na Tunísia, nesta terça-feira (9). Segundo a assessoria da parlamentar, ela deve partir em direção a Gaza nos próximos dias. A ação pretende levar ajuda para o território palestino, que sofre com um cerco e ataques promovidos por Israel.

Ao que informou a equipe que assessora a petista, a última atualização enviada pela política foi na segunda-feira (8), antes do atentado divulgado pela organização internacional. Ela não fez parte da primeira leva de embarques, que partiu de Barcelona no fim de agosto e está em águas tunisianas desde domingo (7).

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“A deputada está na região da Sicília [Itália], em terra, e finalizando os preparativos para o embarque”, frisou uma assessora em contato com o PontoPoder.

“A frota que saiu de Barcelona aportou na Tunísia no dia 7/9, com alguns dias de atraso devido a ajustes técnicos comuns à missão. Embarcações têm se juntado à flotilha ao longo do percurso. Aguardamos, no momento, a data de saída dos barcos da Sicília”, completou. 

A própria Luizianne compartilhou registros dessa espera no Instagram nesta segunda. Na publicação, ela detalhou os próximos passos da viagem e disse estar bem. “Estamos no penúltimo dia de treinamento aqui, agora vamos para os últimos preparativos, que vai ser no barco, amanhã”, iniciou. 

E prosseguiu: “A gente teve que atrasar aqui porque atrasou na Espanha, então a gente vai encontrar todo mundo no meio do [Mar] Mediterrâneo, com ânimo de quem quer chegar em Gaza e fazer o trabalho não violento, pacífico, de entrega e ajuda humanitária”. 

Participação na missão

Luizianne foi para a Itália em 31 de agosto, um dos locais de onde ativistas pelos direitos humanos devem embarcar rumo a Gaza. O objetivo, explicou ela em um vídeo publicado nas redes sociais, é abrir um corredor para furar o bloqueio marítimo israelense e entregar medicamentos, alimentos e água potável para a população.

“A gente sofre todo dia quando a gente vê aquelas imagens e a gente não pode fazer nada. Todo mundo pode ajudar a partir de agora. Eu estou fazendo a minha parte. Eu estou indo para a missão humanitária, estou indo para a Sicília, onde a missão vai partir para Gaza”, comentou a petista na gravação.

No final de agosto, as Nações Unidas declararam oficialmente um cenário de fome em Gaza, atribuindo a culpa a Israel. Especialistas da organização alertaram que 500 mil pessoas estão em uma situação “catastrófica”, conforme a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), órgão da ONU com sede em Roma.

A fome em Gaza “poderia ter sido evitada” sem “a obstrução sistemática de Israel”, acusou o diretor do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA na sigla em inglês) da ONU, Tom Fletcher, em uma entrevista coletiva em Genebra. “Esta fome atormentará a todos”, insistiu.

Por sua vez, o Governo de Israel classificou o relatório como parcial e “baseado em mentiras do Hamas”. “Não há fome em Gaza”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do país.

Desde 2023, como uma resposta para um ataque realizado pelo grupo terrorista, as forças israelitas estabeleceram um controle sobre a região e realizam bombardeios recorrentes.

Embarcação atacada carregava comitê de direção

Cerca de 20 embarcações que compõem a missão humanitária partiram de Barcelona, na Espanha, no último dia 31 de agosto, e aportaram na Tunísia no domingo. Um deles, foi o “Barco da Família”, que segundo a iniciativa internacional, foi alvo de um ataque por drones nesta terça.

A previsão era de que o conjunto de embarcações, transportando representantes de 44 países, zarpasse ainda nesta quarta-feira (10) para se juntar com outros grupos em direção à Gaza.

O barco atacado navegava sob bandeira portuguesa e levava membros do comitê de direção da flotilha, incluindo a ambientalista sueca Greta Thunberg. Conforme um comunicado, divulgado no Instagram da Global Sumud Flotilla, apesar do episódio, todos os seis passageiros e tripulantes estão seguros. 

“O incêndio causou danos ao convés principal e no porão de armazenamento. Uma investigação está em andamento e, assim que mais informações estiveram disponíveis, elas serão divulgadas imediatamente”, completou a nota assinada por três porta-vozes.

Um dos que subscrevem o informativo é o brasileiro Thiago Ávila, preso e deportado pelo governo israelense em junho, após ter sido interceptado no Mar Mediterrâneo quando tentava levar ajuda para Gaza.

Luizianne Lins repercutiu a denúncia do ataque em suas redes sociais. Na noite desta segunda-feira, ela postou imagens do barco em chamas, gravadas por um dos integrantes da missão e escreveu, na legenda, que o fato era “urgente e grave”.

“A primeira informação é de que não há feridos. A coordenadora da missão, Yasemin Acar, publicou que a explosão seria um ataque de drone”, completou a ex-prefeita de Fortaleza.

Os ativistas compartilharam o vídeo de uma câmera de vigilância instalada em outra embarcação da flotilha que mostra o momento exato do ataque. Nele, é possível ver um artefato em chamas caindo sobre a Barco da Família, que logo tem uma parte tomada pelo fogo.

Representante da ONU reforçou que houve ataque, mas Tunísia refutou

Francesca Paola Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinianos ocupados, compartilhou no X outro vídeo de câmera de segurança mostrando o momento em que o barco é atacado. 

“1. Som de algo que a tripulação identificou como um drone. 2. A tripulação soa o alarme e pede ajuda. 3. Explosão. Tirem suas conclusões”, discorreu ela, que foi até o porto após o ocorrido.

Em seu Facebook, a Guarda Nacional da Tunísia rebateu denúncia feita pelos ativistas e sustentou que seriam “totalmente infundadas” as informações que indicam a presença de um ataque aéreo contra o barco atracado no porto de Sidi Bou Said, perto da capital do país do norte da África.

“De acordo com as investigações preliminares, o incêndio foi causado por um colete salva-vidas a bordo do navio que pegou fogo como resultado de um isqueiro ou ponta de cigarro, e não houve nenhum ato hostil ou ataque externo”, argumentou a corporação.

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