Legislativo Judiciário Executivo

Ex-prefeita de Canindé diz que Cid Gomes cria 'cortina de fumaça': 'Descompensado e mal-educado'

Rozário Ximenes rebateu as falas do senador cearense que saiu em defesa do deputado federal Júnior Mano na quarta (16)

Escrito por
Luana Barros luana.barros@svm.com.br
(Atualizado às 12:35)
Ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes, dá entrevista com microfones apontados para ela
Legenda: A ex-prefeita de Canindé Rozário Ximenes rebateu críticas feitas pelo senador Cid Gomes
Foto: Reprodução/Instagram Rozário Ximenes

A ex-prefeita de Canindé Rozário Ximenes (Republicanos) respondeu, nesta quinta-feira (17), às críticas do senador Cid Gomes (PSB) à denúncia feita por ela no inquérito que investiga o deputado federal Júnior Mano (PSB). Rozário afirma que Cid tenta criar uma "cortina de fumaça" para defender o aliado "em tom agressivo, visivelmente descontrolado, nervoso e um tanto descompensado". 

Júnior Mano foi alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da operação Underhand, realizada no dia 8 de julho. Ele é suspeito de desvio de emendas parlamentares, inclusive com uso dos recursos federais para interferir em campanhas eleitorais no Ceará. O parlamentar nega envolvimento no esquema e afirma ter "plena convicção de que a verdade dos fatos prevalecerá".

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Na quarta-feira (16), o senador Cid Gomes convocou coletiva de imprensa para defender Júnior Mano, a quem chamou de "vítima". O senador alega que "a única coisa que a Polícia Federal tem é um depoimento de uma prefeita que perdeu a eleição e que teve a filha denunciada em propaganda eleitoral".

A "prefeita" é Rozário Ximenes, que foi citada por ele diversas vezes, durante a coletiva de imprensa, como sendo "a única pessoa que fez acusação". "E não apresenta nada de forma objetiva, nada que possa criar uma suspeição, quanto mais uma condenação prévia em relação ao deputado Júnior Mano", alega o senador. 

Em publicação nas redes sociais, Rozário Ximenes respondeu ao senador e chamou de "leviana" a forma como foi citada por Cid. "Na ânsia de desviar o foco dos verdadeiros investigados, Cid Gomes teve a ousadia de citar meu nome por várias vezes, de forma leviana, atribuindo a mim acusações que sequer cabem", disse. Ela afirma ainda que não se "prestaria" a fazer "uma denúncia sem provas". 

"É mais fácil atacar quem denuncia do que encarar a realidade dos fatos revelados pelas autoridades. (...) Além de tudo isso, sua postura na coletiva foi inaceitável: não teve respeito por nenhuma entidade, pela Justiça, pela imprensa e muito menos pelas mulheres. Comportou-se como um descompensado e mal-educado, num discurso prepotente, contraditório e típico de quem se acha dono da verdade".
Rozário Ximenes
Ex-prefeita de Canindé

Críticas a Gilmar Mendes

Cid Gomes afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, responsável por autorizar a operação contra Júnior Mano, deveria declarar suspeição do caso, devido a "uma ligação com a política do Ceará". Gilmar Mendes é casado com uma cearense, a advogada Guiomar Mendes, que é irmã de Chiquinho Feitosa, empresário e presidente estadual do Republicanos. Rozário Ximenes é prima de Chiquinho.

Ele criticou também a "espetacularização" das operações da Polícia Federal, que segundo ele seria usada para "desmoralização" e como uma forma de "massacre". "Isso é só para achincalhar, só para desmoralizar a pessoa. E lamentavelmente o Judiciário brasileiro é conivente e a Polícia Federal é pródiga em fazer essas coisas", disse Cid. 

Ela ainda chamou Júnior Mano de "pau mandado" de Cid Gomes e disse ter perdido o respeito pelo senador, a quem atribui "desequilíbrio emocional" e afirma já ter tentado "resolver divergências políticas com um trator em Sobral". "Agora, tenta atropelar a reputação de quem pensa diferente, inclusive das instituições da República".

O PontoPoder contatou o senador Cid Gomes, mas a assessoria de imprensa, informou que ele não irá se pronunciar sobre as críticas feitas por Rozário Ximenes. 

Entenda o caso

O deputado federal Júnior Mano foi um dos alvos da operação Underhand da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar em Brasília e no Ceará, incluindo o gabinete dele na Câmara dos Deputados.  

Além dele, outras seis pessoas também foram alvo dos mandados. O cumprimento de ordens ocorreu em Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio. No total, foram 15 mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. 

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O núcleo criminoso é suspeito de articular o direcionamento de verbas públicas a determinados municípios cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo. 

Além dos mandados de busca, foi determinado o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas. Conforme a PF, a medida visa interromper a movimentação de valores de origem ilícita e preservar ativos para eventual reparação ao erário.

Os alvos são investigados pelos crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com finalidade eleitoral.

Defesa de Júnior Mano

Júnior Mano tem feito poucas manifestações sobre o caso. Em nota enviada à imprensa no dia da operação da PF, ele diz não ter "qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos". Ele pontua ainda que "tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta".

Na noite da quarta-feira, após declarações de Cid, o deputado agradeceu ao senador "pelo apoio e pela confiança no meu trabalho e na minha conduta". "Vou continuar de cabeça erguida, fazendo política com responsabilidade, seriedade e compromisso com que mais precisa", disse em publicação nas redes sociais.

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