Legislativo Judiciário Executivo

Ex-ministro de Bolsonaro, cearense é o único réu do 'núcleo 1' presente em julgamento no STF

Paulo Sérgio Nogueira é um dos oito réus na ação penal

(Atualizado às 11:52)
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira sentado no STF. ao lado dele, dois homens. ele tem uma tala no braço
Legenda: Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira acompanha o julgamento no STF, nesta terça-feira (2)
Foto: Antonio Augusto/STF

O cearense Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro, é o único dos oito réus julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) presente na Corte, nesta terça-feira (2). Ele declarou, pouco antes da abertura da sessão, que "acredita na Justiça", conforme informação do Correio Braziliense.

Nessa segunda-feira (1º) a defesa de Bolsonaro já havia declarado que ele não compareceria ao STF. O ex-presidente está, desde o início de agosto, em prisão domiciliar em Brasília, e é obrigado a usar tornozeleira eletrônica, por descumprir uma proibição de se manifestar nas redes sociais.

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira foi nomeado ministro em abril de 2022. Ele é denunciado por participar de uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022, quando a "minuta do golpe" foi apresentada pela primeira vez. Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), o cearense participou da decisão de alterar a conclusão de uma comissão que verificou a lisura das urnas e concluiu que não houve fraude nas eleições de 2022. 

Durante depoimento ao STF, em junho deste ano, Paulo Sérgio pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, negou o acesso e a distribuição da “minuta do golpe” e revelou que, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro, temeu um racha no Exército.

Acompanhe o julgamento ao vivo

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Julgamento no STF

O STF julga, desta terça até o próximo dia 12, a ação penal 2668, aberta pela Corte ao aceitar denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). São acusados 31 réus, divididos em quatro núcleos:

  • Núcleo 1: envolve oito réus, incluindo Bolsonaro, e é considerado o núcleo "central" ou "crucial" da articulação golpista.
  • Núcleo 2: conta com seis réus que são acusados de disseminar informações falsas e ataques a instituições democráticas.
  • Núcleo 3: é formado por dez réus associados a ataques ao sistema eleitoral e à preparação da ruptura institucional.
  • Núcleo 4: sete réus serão julgados por propagação de desinformação e incitação de ataques às instituições.

Cadeira com placa de advogados e partes do núcleo 1
Legenda: Cada um dos réus terá direito a uma hora de defesa nesta fase do julgamento
Foto: Antonio Augusto/STF

Quem são os réus do 'núcleo 1'?

  1. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  2. Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  3. Almir Garnier Santos (almirante), ex-comandante da Marinha;
  4. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  5. Augusto Heleno (general da reserva), ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
  6. Mauro Cid (tenente-coronel), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  7. Paulo Sérgio Nogueira (general), ex-ministro da Defesa;
  8. Walter Braga Netto (general da reserva), candidato a vice-presidente na chapa de 2022 e ex-ministro de Bolsonaro.

O grupo responde por cinco crimes:

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Tentativa de golpe de Estado;
  • Participação em organização criminosa armada;
  • Dano qualificado;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

Entenda o caso

Em novembro de 2024, o STF recebeu da Polícia Federal o relatório final sobre a investigação de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Foram coletadas provas ao longo de dois anos, por meio de quebras de sigilos telemáticos, telefônicos, bancários e fiscais, além de colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas.

Ao todo, 37 pessoas foram apontadas como integrantes do grupo. Os autos foram encaminhados à PGR, e 34 pessoas foram denunciadas em fevereiro deste ano.

Conforme a PGR, Bolsonaro era o chefe da organização criminosa que planejou, inclusive, o assassinato ou a prisão de autoridades, como o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, o Supremo acatou a denúncia contra apenas 31 dos 34 acusados.

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