Ex-ministro de Bolsonaro, cearense é o único réu do 'núcleo 1' presente em julgamento no STF
Paulo Sérgio Nogueira é um dos oito réus na ação penal
O cearense Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro, é o único dos oito réus julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) presente na Corte, nesta terça-feira (2). Ele declarou, pouco antes da abertura da sessão, que "acredita na Justiça", conforme informação do Correio Braziliense.
Nessa segunda-feira (1º) a defesa de Bolsonaro já havia declarado que ele não compareceria ao STF. O ex-presidente está, desde o início de agosto, em prisão domiciliar em Brasília, e é obrigado a usar tornozeleira eletrônica, por descumprir uma proibição de se manifestar nas redes sociais.
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira foi nomeado ministro em abril de 2022. Ele é denunciado por participar de uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022, quando a "minuta do golpe" foi apresentada pela primeira vez. Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), o cearense participou da decisão de alterar a conclusão de uma comissão que verificou a lisura das urnas e concluiu que não houve fraude nas eleições de 2022.
Durante depoimento ao STF, em junho deste ano, Paulo Sérgio pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, negou o acesso e a distribuição da “minuta do golpe” e revelou que, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro, temeu um racha no Exército.
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Julgamento no STF
O STF julga, desta terça até o próximo dia 12, a ação penal 2668, aberta pela Corte ao aceitar denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). São acusados 31 réus, divididos em quatro núcleos:
- Núcleo 1: envolve oito réus, incluindo Bolsonaro, e é considerado o núcleo "central" ou "crucial" da articulação golpista.
- Núcleo 2: conta com seis réus que são acusados de disseminar informações falsas e ataques a instituições democráticas.
- Núcleo 3: é formado por dez réus associados a ataques ao sistema eleitoral e à preparação da ruptura institucional.
- Núcleo 4: sete réus serão julgados por propagação de desinformação e incitação de ataques às instituições.
Quem são os réus do 'núcleo 1'?
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos (almirante), ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno (general da reserva), ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
- Mauro Cid (tenente-coronel), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira (general), ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto (general da reserva), candidato a vice-presidente na chapa de 2022 e ex-ministro de Bolsonaro.
O grupo responde por cinco crimes:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Participação em organização criminosa armada;
- Dano qualificado;
- Deterioração de patrimônio tombado.
Entenda o caso
Em novembro de 2024, o STF recebeu da Polícia Federal o relatório final sobre a investigação de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Foram coletadas provas ao longo de dois anos, por meio de quebras de sigilos telemáticos, telefônicos, bancários e fiscais, além de colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas.
Ao todo, 37 pessoas foram apontadas como integrantes do grupo. Os autos foram encaminhados à PGR, e 34 pessoas foram denunciadas em fevereiro deste ano.
Conforme a PGR, Bolsonaro era o chefe da organização criminosa que planejou, inclusive, o assassinato ou a prisão de autoridades, como o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, o Supremo acatou a denúncia contra apenas 31 dos 34 acusados.