Criador da Lei Magnitsky recomenda a Moraes que processe Trump nos tribunais americanos
Cerca de 35 países já adotaram a lei para atingir líderes acusados de crimes graves contra a humanidade, como genocídio
Criador da Lei Magnitsky, William Browder recomendou que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), entre na Justiça americana contra a aplicação da norma.
Na última quarta-feira (30), o governo americano sancionou o magistrado, justificando que o juiz age contra a liberdade de expressão, acusando o ministro de "abusos graves de direitos humanos". A Lei Magnitsky Global foi aprovada nos EUA em 2012, durante o governo Obama.
"O governo Trump perde 96% dos processos que enfrenta nos tribunais. Estão tentando todo tipo de coisa maluca que não funciona. Esta é só mais uma. Minha principal sugestão é que ele vá à Justiça e conteste a inclusão", afirmou Browder à coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.
Bowder foi um dos maiores investidores na Rússia até ser expulso do País, tornando-se posteriormente ativista pelos direitos humanos após a morte do seu advogado, Sergei Magnitsky, em uma prisão russa.
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Para o empresário britânico, Donald Trump deturpa a interpretação da lei pois enquadrar Moraes "tem a ver com ajudar seu amigo Jair Bolsonaro". "É óbvio que isso não tem a ver com direitos humanos. Isso desrespeita completamente o legado de Sergei".
"Hoje são 35 nações com Leis Magnitsky. É um monumento legal à coragem de Sergei", diz William. A lei, idealizada por ele, visa acabar com a impunidade contra violadores acusados de graves crimes contra os direitos humanos, como cleptocratas. “Pelo que sei, o juiz brasileiro Moraes não se enquadra em nenhuma dessas categorias", disse o ativista.
O empresário não mantém relações com a atual administração americana por não concordar com as decisões políticas da atual administração. Ainda assim, afirma ter confiança no Judiciário dos EUA para reverter a medida. "É só mais uma de muitas manobras que não vão prosperar".
À Mônica Bergamo, o ativista disse ter recebido inúmeras mensagens de apoio mas também críticas de brasileiros. "Alguns dizem: ‘Você não sabe do que está falando, esse juiz é um homem terrível’, relata.
William, no entanto, afirma que “não importa se ele [Alexandre] é santo ou pecador. Ele não se enquadra nos critérios da Lei Magnitsky”. Ele afirma também não ter sido procurado pelo governo brasileiro, mas que está disposto a ajudar. "Se alguém me pedir ajuda, eu posso avaliar. Mas até agora ninguém me procurou".