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Candidato de Evandro na Câmara, Léo Couto acena para oposição e deve ganhar apoio de Gardel

A partir de conversas com os envolvidos no processo, o PontoPoder analisa cenário que antecipa o pleito

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(Atualizado às 17:56)
Câmara Municipal
Legenda: Em 1º de janeiro será eleito o novo presidente e escolhida a Mesa Diretora para o biênio 2025–2026.
Foto: Fabiane de Paula

Os vereadores de Fortaleza decidem, em 1º de janeiro, como ato contínuo da posse para a nova legislatura, quem comandará a Câmara Municipal pelos próximos dois anos. Até aqui, apenas uma candidatura foi anunciada, a de Léo Couto (PSB). O atual presidente da Casa, apesar de estar habilitado para uma possível reeleição, tende a não tentar a recondução, por força de um apoio a um “candidato de consenso”. Uma segunda candidatura — esta encabeçada pelo PL — tem sido ventilada, mas empecilhos regimentais colocam em xeque a viabilidade da chapa.

A cerca de 20 dias da data, em que também serão escolhidos os demais integrantes da Mesa Diretora, o PontoPoder conversou com as partes envolvidas nas movimentações que antecipam o processo, para entender como está a corrida eleitoral pela presidência do Legislativo municipal e o que está em jogo neste momento. Diálogos entre lados opostos do xadrez político e a influência do Poder Executivo municipal na decisão final são alguns dos aspectos que se destacam nesse cenário.

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Pelo que diz o Regimento Interno da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), o presidente é o representante legal do Legislativo. São prerrogativas do ocupante dessa cadeira a de dirigir trabalhos, fiscalizar a ordem e defender institucionalmente a instância. Na lista de atribuições estão atividades como as convocações de sessões legislativas, a distribuição de proposições, a designação dos componentes de comissões — sejam elas permanentes ou temporárias — e a colocação de pautas para apreciação pelo plenário.

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'Nome de consenso'

O nome do vereador Leo Couto corre sozinho na disputa. Ele emergiu como um player possível desde a vitória de Evandro Leitão (PT) para a Prefeitura de Fortaleza e passou a ser especulado desde então. A indicação foi confirmada pelo prefeito eleito no último dia 2 de dezembro, durante uma coletiva de imprensa. Na ocasião, o futuro mandatário destacou que a confirmação de Leo se deu pela tentativa do grupo em construir “um nome de consenso” e que o restante dos membros da chapa que será lançada estava sendo estudado.

Ao PontoPoder, na terça-feira (10), Couto afirmou estar “conversando” com colegas para chegar a esse tal consenso. “Tenho conversado com o presidente Gardel (Rolim) e estamos caminhando”, completou o pessebista, que disse ainda almejar uma construção que seja “o melhor para a Casa” e para um “diálogo entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo”.

Nas palavras de Leo Couto, a chapa que irá concorrer deve obedecer regras previstas no Regimento Interno quanto ao cumprimento dos critérios de proporcionalidade partidária e dos blocos parlamentares que participam da CMFor, e de paridade de gênero. “A gente está, dentro do possível, formando uma chapa mais eclética e pensando em contemplar todos”, pontuou o entrevistado, que também alegou manter diálogos com parlamentares do PL.

Hoje, o Legislativo de Fortaleza mantém serviços como a Central da Cidadania, o projeto itinerante “Meu Bairro, Nossa Câmara” e a Procuradoria Especial da Mulher. Todos eles oferecem atendimentos ao público para obtenção de documentos e resolução de outras demandas. O discurso do candidato já colocado tem como pilares iniciativas parecidas, no sentido de inserir a Câmara nessas frentes, a exemplo da atenção a pessoas autistas, o fortalecimento de um ecossistema de inovação e tecnologia, e a sustentabilidade. “Acredito que a Câmara não pode fugir dessas pautas”, frisou.

Léo Couto é o atual vice-líder do bloco de oposição e tem um histórico de críticas a decisões governistas. Na lista de políticas que foram alvo de denúncia pelo vereador estão a Taxa do Lixo — implementada pelo prefeito José Sarto (PDT) no fim de 2022 —, a realização de desafetações de terrenos públicos e a postergação na conclusão do Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor). 

Questionado sobre como iria tratar de tais temas, caso seja eleito, o político disse que teria “muita tranquilidade” para dar andamento para questões do tipo, que “tem que tentar, de todas as formas, ser mais legalista possível” e “usar o bom senso”. Mas ele ponderou que suas posições permanecem as mesmas com relação aos assuntos que, no entendimento dele, desfavorecem a população. “Todas as pautas que colocamos aqui, no campo da oposição, sempre foram pautas propositivas”, argumentou.

“Nós temos aí o Plano Diretor, que já se arrasta há alguns anos e que eu acho que a ideia é a gente viabilizar que ele seja fechado”, sugeriu, dando conta de que, no caso das desafetações, entidades com credibilidade precisam participar da precificação das áreas que são alvos de alienação, e que pretende trabalhar pela extinção da Taxa do Lixo, dando andamento para a discussão prometida por Evandro Leitão durante a campanha eleitoral.

Gardel sinaliza apoio

O atual chefe do Legislativo de Fortaleza, Gardel Rolim (PDT), não tem dado indícios de que irá tentar uma recondução no próximo biênio. Eleito para a Presidência da Câmara Municipal de Fortaleza em 2022, o vereador é um dos quadros trabalhistas que ensaiam uma aproximação da ala liderada pelo PT, após a derrota dos aliados José Sarto, no primeiro turno das eleições municipais, e de André Fernandes (PL), no segundo turno.

De forma breve, em uma conversa com a reportagem, nesta terça, Rolim não fez menção a uma candidatura própria, mas reforçou a ideia de que estará alinhado a Leo Couto nesse pleito.

Nós estamos dialogando, muito possivelmente nós vamos ter um candidato de consenso. Estamos conversando, inclusive, com a base do governo, que já sinalizou que deve ser o vereador Léo Couto.
Gardel Rolim (PDT)
Presidente da CMFor

Segundo Gardel, as conversas estão ocorrendo para haver “um candidato único” o que, no entendimento dele, manteria “a harmonia na Câmara”. Provocado, o pedetista mencionou que, em breve, irá bater o martelo. 

Chapa do PL é uma dúvida

As chances de ter uma segunda chapa ainda existem, mas o cenário não parece ser tão animador. A ideia passou a ser ventilada no dia 21 de novembro, quando uma nota disparada à imprensa pela assessoria de comunicação do deputado federal André Fernandes, presidente do PL em Fortaleza, indicou que havia o desejo do partido em unir a oposição numa chapa pela chefia do Legislativo.

“Se aliar ao PT não é uma opção. Tendo isso como algo inegociável, o PL Fortaleza se posiciona contra a candidatura proposta pelo PT para Presidência da Câmara de Vereadores”, pontuou o ex-prefeiturável na ocasião, ao se referir ao lançamento de Leo Couto. No mesmo trecho divulgado, ele disse estar trabalhando pela formação de uma chapa oposicionista.

Três semanas após o comunicado, a agremiação ainda não engatilhou a formação. A maior dificuldade alegada pelos próprios vereadores liberais é de que não conseguem atingir o número de dez membros para composição de uma chapa visando concorrer pela Mesa Diretora.

“O nosso partido tentou viabilizar uma chapa, contudo, até agora não conseguimos o número mínimo de componentes para formação da chapa”, revelou o vereador Julierme Sena (PL), quando procurado.

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Julierme disse que André Fernandes vai realizar uma reunião na próxima semana, junto com os vereadores eleitos, para que seja definido o posicionamento do partido na eleição para a Presidência da Casa.

O parlamentar eleito Marcelo Lemos (PL) não deu detalhes sobre o encontro e se deteve em informar que ele e os colegas de partido ainda estão “nas tratativas e articulações para a montagem de uma chapa, que requer 10 nomes, como exige o Regimento Interno”. 

A vereadora Priscila Costa (PL), por sua vez, minimizou o insucesso no lançamento da chapa própria da oposição. “Ainda estamos há alguns dias da eleição. Há muita água pra passar debaixo da ponte”, considerou. 

“Sobre a formação de uma chapa de oposição, é algo possível e está sendo muito bem avaliado. Se confirmando essa viabilidade, tenho certeza que é um cenário que promove maior participação nessa disputa que é democrática”, finalizou.

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