Legislativo Judiciário Executivo

Após sinalizar apoio a Ciro Gomes, PSB recua e dará apoio a Lula no Ceará

Nacionalmente, sigla indicou o vice na chapa de Lula, mas havia recebido autonomia para decidir sobre o apoio a nível estadual

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e presidente estadual do partido, Denis Bezerra
Legenda: Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e presidente estadual do partido, Denis Bezerra
Foto: Thiago Gadelha

Quatro meses após receber “carta branca” para reforçar o palanque de Ciro Gomes (PDT) no Ceará, o PSB decidiu recuar e dar apoio, no Ceará, à candidatura do ex-presidente Lula (PT). Com essa deliberação, o diretório local do partido estará alinhado com a executiva nacional, que lançou Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa liderada por Lula. Essa decisão, no entanto, não afeta o apoio à candidatura de Roberto Cláudio (PDT) para o Governo do Ceará, garante Denis Bezerra, presidente do PSB Ceará.

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O partido tem uma relação histórica com o grupo liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes (PDT). Entre 2005 e 2013, os dois políticos e centenas de aliados foram filiados à sigla. No caso do diretório cearense do PSB, o presidente do partido, Denis Bezerra, integra o grupo Ferreira Gomes.

Em evento realizado no Estado em março deste ano, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, deu liberdade ao diretório cearense para definir apoio ao candidato à presidência da República.

"Há uma tendência (de apoio) com relação ao presidente Lula, mas aqui, no Ceará, é a terra de um outro grande brasileiro que é o Ciro Gomes, que nós apreciamos muito. Aqui, no Ceará, a condução vai ser feita pelo deputado Denis (Bezerra), o que ele decidir aqui será aprovado na direção nacional"
Carlos Siqueira (PSB)
Presidente nacional do PSB

À época, Denis Bezerra afirmou que o partido iria apoiar a candidatura de Ciro no primeiro turno, podendo o apoio se estender a Lula no caso de um segundo turno entre o petista e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). "Desde o primeiro momento, nós, que fazemos parte aqui da base governista, entendemos que o Ciro é o melhor nome para o Brasil. O povo é que vai decidir isso na eleição", disse.

Neste sábado (23), em entrevista ao Diário do Nordeste, Bezerra falou sobre a nova decisão do partido.

“Vamos reunir o diretório na próxima quarta-feira (27) e devemos tirar o encaminhamento de, já no primeiro turno, respeitar a aliança nacional, com apoio ao ex-presidente Lula e, a nível estadual, vamos estar com o PDT”
Denis Bezerra (PSB)
Presidente do PSB Ceará

Impactos na eleição local

No Ceará, o PSB é pressionado a recuar do apoio ao ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que foi lançado como candidato ao Governo do Ceará pelo PDT. Neste sábado, o presidente PSB Ceará confirmou que foi procurado pelo ex-governador Camilo Santana (PT) para apoiar o candidato que será lançado pelo PT – em coligação com MDB, PP, PV, PCdoB.

Denis Bezerra, no entanto, se mantém irredutível quanto à aliança local com os pedetistas. Como, nacionalmente, PSB e PT formam uma coligação, os diretórios estaduais têm autonomia para decidir sobre suas alianças a partir de articulações com os dirigentes nacionais.

“Conversei com ele (Camilo), mostrei que a decisão do PSB (de apoiar o PDT) tinha sido tomada de forma democrática, mostrei os cenários que tínhamos naquele momento e afirmei que manteria o posicionamento do partido”
Denis Bezerra (PSB)
Presidente do PSB Ceará

Na entrevista, o político garantiu que, quanto ao cenário estadual, não haverá recuo do partido comandado por ele. “Não vejo chance de mudar isso”, ressaltou.

Conforme interlocutores do PSB no Ceará, esse apoio já no primeiro turno à candidatura nacional de Lula foi um recuo feito pelo diretório cearense para garantir que o apoio ao PDT no Ceará não seria revisto. 

Integrantes do PT, no entanto, reafirmam que lideranças do partido farão uma ofensiva ao PSB para tentar, por vias nacionais, fazer o partido recuar no Ceará e também se alinhar ao PT, como deseja o ex-governador Camilo Santana.

Já no caso da eleição para os cargos de deputado, cada partido lançará sua própria chapa, já que, para essas essas disputas, as coligações foram extintas desde 2017.

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