União Brasil e PP articulam federação, mas lideranças no CE sinalizam posições opostas sobre relação com governo
No Estado, o PP tem três deputados estaduais, e o União Brasil soma quatro. Já na Câmara, a bancada cearense tem um parlamentar do PP e quatro do União
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Em um movimento que deve criar a maior bancada partidária do Brasil, as cúpulas do União Brasil e do Progressistas (PP) têm “conversas avançadas” para a formação de uma federação entre as duas siglas. O Progressistas, inclusive, aprovou internamente, na última terça-feira (18), a junção partidária. No Ceará, a união das legendas deve colocar lado a lado integrantes da base e da oposição ao Governo do Estado.
Presidente do União Brasil no Ceará, o ex-deputado federal Capitão Wagner conversou com o PontoPoder e confirmou que as “tratativas têm tudo para avançar”. Nesta quarta-feira (19), ele esteve em Brasília para articular a montagem da federação com o presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
“Teremos a maior bancada, o maior tempo de TV e o maior fundo eleitoral (...) A divisão está pacificada, o União Brasil ficará com nove estados, entre eles o Ceará, o PP com nove e em outros nove a articulação será com as direções nacionais”, disse Wagner.
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Segundo ele, as direções nacionais das siglas comandam as articulações, mas já há conversas entre lideranças estaduais.
"No Ceará, estive com o AJ Albuquerque (deputado federal e presidente do PP no Estado) nesta semana, mas ainda não conversei com os demais integrantes do PP no Ceará, até porque vim para Brasília. Do ponto de vista do AJ, não haverá problema, ele deve permanecer no partido, mas ainda vou conversar com os demais, inclusive com o Zezinho Albuquerque (secretário do Governo Elmano), para saber se devem ficar ou não. Por mim, não há restrição”
Wagner reforçou ainda que o União Brasil deve comandar a federação no Ceará por ter maioria nas bancadas estadual e federal. “A tendência é essa, temos a maioria de oposição, mas vamos ver como vão ficar as lideranças (do PP), porque a própria liderança fica com a maior bancada, mas tudo isso ainda será discutido, ainda vamos dialogar”
No Estado, o PP tem três cadeiras na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e o União Brasil tem quatro. No Legislativo Federal, o PP tem uma vaga na bancada cearense e o União Brasil soma quatro deputados.
Base ou oposição
Deputado estadual licenciado, secretário das Cidades do Governo Elmano e pai de AJ Albuquerque, Zezinho Albuquerque também se mostrou cauteloso com a tomada de posição da federação, mas já sinalizou uma tendência diferente de Wagner.
Ele contou que, na última terça-feira, a cúpula nacional do PP decidiu “dar carta-branca” ao presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira, para articular a federação.
“No Ceará, nada muda. O PP segue com a liderança do AJ. O União Brasil está procurando uma federação, o PP também, mas continuamos do mesmo jeito, o que for decidido será por votação, mas a parte financeira do PP continua do mesmo jeito, do União Brasil também continua, assim como a liderança do AJ”
Independentemente da federação, Zezinho reforçou que seguirá aliado do Governo do Ceará. “Sem dúvida nenhuma, o AJ tem uma parceria de amizade muito grande com o governador Elmano, são nossos parceiros, parceiros do PP, das lideranças que temos no Interior, fazemos parte desse projeto, então a parceria continua”, completou.
Segundo o secretário, “só mais para a frente” que a federação vai decidir “algumas coisas”. “Até lá, continua tudo a mesma coisa com os nossos prefeitos, com as nossas bancadas (...) Agora não foi decidido nada, para a gente, continua tudo a mesma coisa. Para mim, Zezinho, nada muda, eu não arredo o pé um milímetro do meu apoio ao governo do Estado”, concluiu.
Tratativas nacionais
O anúncio mais concreto de articulação entre os dois partidos foi feito pelo presidente do PP, Ciro Nogueira.
“Em reunião convocada pela presidência do Progressistas para consultar a Executiva Nacional sobre a formação de federação partidária com o União Brasil, após intensa discussão, deputados federais, senadores e presidentes de diretórios estaduais decidiram, por unanimidade, dar pleno aval à presidência do partido para prosseguir as tratativas no sentido de consolidar a criação da federação”, escreveu o senador em uma publicação nas redes sociais na terça-feira.
Agora, cabe ao União Brasil analisar e votar internamente a federação.
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Caso a união seja efetivada, ela irá aglutinar os 50 deputados e os seis senadores do PP aos 59 deputados e sete senadores do União Brasil, chegando a 109 parlamentares na Câmara dos Deputados e 13 no Senado Federal. Conforme a legislação eleitoral, os partidos federados devem atuar em conjunto pelo período mínimo de quatro anos.
Na divisão estadual, o PP deve comandar a federação nos estados do Acre, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina. Já o União Brasil fica com Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte e Rondônia. Os dois dividiriam a gestão no Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
AJ Albuquerque foi procurado pela reportagem, mas não houve retorno.