A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) que investiga os serviços prestados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) no município ouviu, na tarde desta quarta-feira (4), o presidente da concessionária, Neuri Freitas. Durante a oitiva, a primeira do colegiado, o dirigente respondeu, entre outros pontos, questionamentos feitos pelos membros da instância acerca da qualidade e da eficiência no fornecimento de água e esgotamento sanitário e da cobrança de tarifas.
Presidente da comissão de inquérito, o vereador Iraguassú Filho (PDT) questionou o presidente da companhia sobre as denúncias de 40% da fuga de água na rede e o aumento no número de ligações. De acordo com Neuri Freitas, há um trabalho para a identificação de fraudes no sistema e, consequentemente, para que haja uma mitigação do problema.
Pelo que disse o dirigente da Cagece, para haver uma redução, é necessário investimento. “Tenho hoje uma regulação que diz que eu posso tirar um vazamento em 24 horas. O que eu podia fazer? Tirar em 4 horas, mas para isso eu precisaria aumentar a equipe. Mas o que ia acontecer? Iria aumentar custo. Se aumenta custo, aumenta tarifa”, discorreu.
Com relação a aumentos sentidos pelo público consumidor ao pagarem as tarifas, ele indicou serem um reflexo do custo operacional. “Esse reajuste foi o que era possível nesse momento”, devolveu, dando conta da correlação entre o valor de insumos e o que é repassado para o cliente.
Relator da CPI, o vereador Lúcio Bruno (PDT) indagou o convocado sobre a falta de água em bairros de Fortaleza, se essa problemática estaria acontecendo em consequência de obras realizadas pela concessionária. Ao que alegou o representante da empresa, há mesmo um impacto das intervenções. “Algumas são por conta das obras, algumas podem ser por problema na tubulação”, justificou.
Outro ponto que entrou no roteiro de perguntas dos membros da CPI foi o despejo de efluentes sem tratamento no mar da orla. Conforme disse Neuri Freitas, existem fatores que favorecem situações do tipo, como ligações irregulares de esgoto na rede, que fazem com que o volume suportado pela tubulação seja ultrapassado. “Já tivemos caso de supermercado, com tubulação de 500 mm, jogando água da chuva na rede de esgoto”, falou.
A primeira oitiva ainda abordou temas como a manutenção do asfalto de localidades do município após obras da Cagece. Ao presidente da empresa, vereadores se queixaram sobre a execução de serviços sem que houvesse o devido conserto do pavimento posteriormente.
Próximos passos
Ao Diário do Nordeste, o relator Lúcio Bruno disse que, na lista de ações a serem tomadas pelo colegiado, estão o envio de ofício solicitando informações para a Cagece e o envio de convites para que prepostos de agências reguladoras possam ser ouvidos. “A gente quer saber, de fato, como esses recursos estão sendo utilizados e se eles estão sendo fiscalizados”, salientou o parlamentar.
Neuri Freitas, por sua vez, à reportagem, frisou que a Companhia irá continuar contribuindo com a CPI. “Estamos totalmente à disposição, até porque somos uma instituição pública, onde temos a participação societária do Estado e do próprio Município de Fortaleza”, declarou.
“Não temos nada a esconder. A gente sabe que operar sistemas de água e esgoto é uma tarefa árdua, difícil, principalmente numa cidade como Fortaleza”, continuou, citando que a companhia está procurando melhorias na prestação do serviço e que compreende a complexidade em torno delas, já que algumas intervenções na tubulação causam reflexos como a falta de água ou mudanças na dinâmica da cidade.