Na reta final da CPI da Covid-19, o senador cearense Eduardo Girão (Podemos) revelou, nesta terça-feira (5), que prepara um relatório paralelo ao do relator, Renan Calheiros (MDB). Mesmo não tendo efeito legal no colegiado, já que o relator designado é o emedebista, Girão disse que pretende articular a votação de sua apuração paralela para “registro histórico”. Apesar de se alinhar à base governista, o senador se define como parlamentar independente.
“Já estou fazendo com uma equipe, então quero anunciar oficialmente que nós vamos, com base em tudo que recebemos, entregar um relatório independente, com voto separado, deixar isso registrado na história com base em fatos e não em narrativas”, disse o senador.
Girão constantemente critica a CPI da Covid sob argumento de que as apurações não foram estendidas aos governos estaduais e municipais. Nesta terça-feira, ele usou dados de uma pesquisa realizada pela XP Investimentos para novamente questionar a condução do colegiado.
Perda de credibilidade
O cearense apontou que, de acordo com o levantamento, 76% da população brasileira não confia no Senado Federal. “São muitos fatores (que explicam esse índice), e um deles é esta CPI, na minha opinião, por justamente não querer rastrear indícios gravíssimos de corrupção, como vimos no Mensalão e no Petrolão, mas a CPI não quis rastrear, além da agressividade, do desrespeito e dos abusos que fazem essa Casa se apequenar", ressaltou.
Senadores da oposição rebateram a avaliação de Girão. Calheiros destacou que a pesquisa não traz dados exclusivos sobre a CPI. “Enquanto as instituições estão desacreditadas, esta Comissão é, com certeza, uma instituição muito bem avaliada”, disse.
O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD), também defendeu o colegiado. “De um modo geral, as instituições brasileiras estão mal avaliadas. Ele (Girão) esqueceu de falar que a avaliação do Executivo e do Judiciário também está baixa. Até uma instituição muito respeitada por todos nós brasileiros está em queda, que são as Forças Armadas”, apontou.