O senador Cid Gomes (PDT) apontou, nesta segunda-feira (16), a possibilidade de uma candidatura do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) em 2024, como articulação do diretório municipal da legenda. Desde o ano passado, o PDT sofre racha interno, que já se reflete nas articulações eleitorais do próximo ano.
Mesmo que o prefeito José Sarto seja apontado como pré-candidato, os rumos do PDT em Fortaleza no próximo ano estão no centro da queda de braço atual. Nesta segunda-feira, o grupo de Cid mobiliza novas eleições para definir a presidência do PDT Ceará até dezembro deste ano. Ao chegar à sede do partido e ser questionado sobre as discussões municipais, o senador evitou se comprometer com a pré-candidatura de Sarto.
"Eu desconfio que, no âmbito municipal, se depender só do municipal, desconfio que o candidato acaba sendo Roberto Cláudio", disse Cid. Ele ressaltou ainda que o "partido irá se manifestar no tempo que for conveniente", ressaltando que a decisão sobre a candidatura à Prefeitura de Fortaleza é do diretório municipal, e não do estadual.
Hoje, o PDT Fortaleza está sob comando de Roberto Cláudio e abriga, em sua maioria, pedetistas mais próximos do ex-prefeito, de Sarto, do presidente nacional interino, André Figueiredo, e do ex-ministro Ciro Gomes.
A nível estadual, esta ala tem disputado o comando do PDT Ceará com o grupo cidista e que integram a base aliada ao Governo Elmano de Freitas (PT) — este último grupo foi o responsável por convocar reunião nesta segunda, na sede do partido, para eleger uma nova Executiva estadual.
Caso a eleição se confirme, André Figueiredo será deposto da presidência estadual. O senador Cid Gomes deve assumir em caráter definitivo para mandato até o final de dezembro, quando serão realizadas novas eleições internas.
'Perde legitimidade'
O senador falou sobre a mobilização desta segunda-feira e disse ser algo dentro da "normalidade". Segundo ele, a atual direção do PDT Ceará perdeu "legitimidade". "No momento que a porta-voz do partido deixa de expressar a maioria do partido, ele perde legitimidade. É isso que está acontecendo aqui. Não se trata de nada pessoal contra A, B ou C", garantiu.
"Há um sentimento no partido que não é respeitado pela atual direção do partido. Nessas horas o que se pode fazer? Reunir o partido e decidir por quem o partido deseja ser representado", completou.
O Diário do Nordeste entrou em contato com o ex-prefeito Roberto Cláudio sobre a citação de Cid. Se houver resposta, a matéria será atualizada.
Conversa com Lupi
A escolha de uma nova Executiva estadual começou a ser mobilizada, inicialmente, em junho. Mas o acordo entre Cid Gomes e André Figueiredo, mediado pelo presidente nacional licenciado do PDT, o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), foi firmado no início de julho.
Na época, Figueiredo se licenciou da presidência estadual do PDT e Cid Gomes, que é vice no diretório, assumiu o comando do partido. O acordo era que o senador permanecesse no cargo até o final de dezembro, quando apoiaria Figueiredo em eleição para novo mandato da Executiva.
No entanto, no final de setembro, Figueiredo resolveu encerrar a licença, tirando Cid da presidência. "Ele rompeu o acordo unilateralmente, inventou desculpas não existentes, querendo imputar a minha responsabilidade pela quebra do acordo, quando foi dele, totalmente dele", disse.
Em resposta, Cid e aliados convocaram uma reunião do diretório estadual para eleição de nova Executiva. Um dia antes da publicação da convocação, no entanto, Figueiredo inativou o diretório estadual e foi criada comissão provisória no lugar.
Na última terça-feira (10), a Justiça cível e a Justiça Eleitoral derrubaram o ato, restituíram os mandatos dos integrantes do diretório e desfizeram a comissão provisória. Com isso, a convocação para eleição nesta segunda foi restabelecida.
O senador cearense admitiu ter conversado com Lupi a respeito da votação para a Executiva estadual e que o ministro fez apelo ao "entendimento". Para Cid, no entanto, a sequência de acontecimentos entre as duas alas do PDT Ceará fez com que, segundo ele, haja pouca possibilidade para entendimento. "Acordo pra mim agora é maioria. O que a maioria decidir, eu topo", disse.