Legislativo Judiciário Executivo

Alece terá reconhecimento facial para servidores e fará mudanças na estrutura de segurança da Casa

Entre as novidades, as atribuições da Coordenadoria de Polícia serão ampliadas para abranger os familiares do presidente da Assembleia

Escrito por
Marcos Moreira marcos.moreira@svm.com.br
Foto aérea mostra o espaço externo da Assembleia Legislativa do Ceará próximo ao Plenário 13 de Maio
Legenda: Assembleia Legislativa do Ceará contará com reconhecimento facial em todos os acessos
Foto: Dário Gabriel/Alece

A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) busca implementar uma série de mudanças na estrutura de segurança, o que inclui um novo sistema digital de acesso para servidores com reconhecimento facial. Em paralelo, a Casa quer aprovar atualizações administrativas por meio de um projeto de resolução da Mesa Diretora, que começou a tramitar na última quinta-feira (14).

Em retorno ao PontoPoder, a Alece confirmou que a novidade no acesso de servidores está em fase final e deve estar disponível a partir de setembro. “O reconhecimento facial trará aos servidores a garantia do ponto de presença no trabalho, trazendo melhorias ao Poder Legislativo e seguindo uma política de valorização dos colaboradores”, defendeu. 

As mudanças também estão no rol de preparação da Assembleia para a reabertura das galerias do Plenário 13 de Maio, programada para 1º de setembro. O espaço é destinado à população que queira, de forma presencial, acompanhar as sessões legislativas, mas foi fechado à época da pandemia de Covid-19 e, desde então, foi aberto apenas de modo pontual e não está disponível. 

Veja também

“Esta é uma medida de caráter democrático, voltada a aproximar ainda mais a população do Parlamento. Naturalmente, a reabertura exige a adoção de medidas adicionais de segurança para garantir a integridade de todos os presentes”, informou a Alece. 

Ao mesmo tempo, o Legislativo cearense está negociando um contrato de R$ 19,1 milhões para solução integrada de rastreamento em tempo real, com o objetivo de aprimorar a segurança e eficiência das operações legislativas e administrativas, conforme apuração do PontoPoder. À reportagem, a Alece confirmou o processo, mas não deu mais detalhes acerca da ação.

MUDANÇAS NA COORDENADORIA DE POLÍCIA

A Assembleia Legislativa também está na iminência de aprovar um pacote de medidas que altera a resolução nº 698/2019, a qual trata da estrutura organizacional e cargos comissionados da Casa. Por meio do projeto nº 12/2025, a Mesa Diretora pretende, entre outros pontos, ampliar as atribuições da Coordenadoria de Polícia para abranger os familiares do presidente da Alece, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PSB).

“Incluem-se nas atribuições previstas no caput a adoção de medidas específicas e ações próximas de segurança pessoal do Presidente da Assembleia Legislativa e de seus familiares"
Trecho do projeto de resolução nº 12/2025

Em nota, a Alece alegou que a atualização busca garantir que o conjunto de atribuições da Coordenadoria de Polícia esteja “plenamente alinhado às necessidades institucionais”, com o objetivo de preservar a integridade das autoridades e do funcionamento do Poder Legislativo. 

“Não há previsão de impacto orçamentário ou de alteração no quadro de pessoal em razão dessa medida”, finalizou a Assembleia. 

NOVIDADES NA CONTROLADORIA

Uma parcela importante das mudanças passa por atualizações ligadas às competências da Controladoria da Assembleia Legislativa, órgão central do Sistema de Controle Interno voltado a ações independentes de avaliação e consultoria. Em geral, a previsão é reforçar as auditorias e outras ações de monitoramento de gestão. 

Entre as alterações, caso o projeto seja aprovado, a resolução que rege a estrutura administrativa do órgão passará a contar com o seguinte trecho: 

“A Controladoria terá acesso livre e irrestrito a pessoas, sistemas, documentos, operações, registros, ambientes e quaisquer outras informações requisitadas que compõem a estrutura física e organizacional da Alece” 

Em resposta, a Alece explicou que a medida já existe desde 2024, no Referencial Técnico de Auditoria Interna (Ato Normativo nº 352/2024), e está alinhado com as Normas Globais de Auditoria Interna publicadas pelo Instituto dos Auditores Internos (The IIA). 

“As alterações previstas no Projeto de Resolução têm por objetivo reforçar a possibilidade de execução dos serviços de auditoria interna em todas as áreas, processos e setores do Poder Legislativo, aprimorando a governança interna da Alece e reforçando mecanismos de auditoria e controle, com base nas melhores práticas nacionais”
Assembleia Legislativa do Ceará
Em nota do PontoPoder

Ainda segundo a Alece, a meta é avançar do atual nível “Ouro” para o nível “Diamante” no ranking de governança do Tribunal de Contas do Estado (TCE), “elevando ainda mais os padrões de transparência, eficiência e efetividade da gestão.”

CONSENSUALIDADE EM PROCESSOS

Ainda no projeto de resolução, a justificativa do texto traz a previsão da introdução da “consensualidade” no âmbito do processo administrativo disciplinar, abrindo a possibilidade de utilização de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para “infrações de menor gravidade”, o que evitaria a continuidade da ação. 

Questionada pela reportagem, a Assembleia argumentou que a previsão do TAC representa a adoção de um meio alternativo à instauração de processo administrativo disciplinar nas hipóteses de "irregularidades de menor potencial ofensivo". No entanto, não detalhou o que, na prática, a introdução da “consensualidade” deve causar, nem quais casos poderão ser enquadrados nesse aspecto. 

“Trata-se de uma prática moderna, já utilizada por órgãos como a Advocacia-Geral da União (AGU), que privilegia a solução consensual, a celeridade e a proporcionalidade, promovendo ajustes de conduta sem a necessidade de um procedimento sancionatório completo”, pontuou a Alece. 

> Participe do canal do PontoPoder no Whatsapp para saber tudo sobre a política do Ceará e do Brasil

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados