Uísque, vodca e cachaça: consumo de destilados ilegais chega a 320 mi de garrafas com pandemia

Pesquisa aponta crescimento de 10,1% neste ano, que teve a crise deflagrada pela Covid-19 uma das causas

Escrito por Redação ,
Legenda: A consultoria revela que houve crescimento em todas as atividades ilícitas relacionadas à bebida, com destaque para o contrabando do produto
Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil

Destilados como uísque, vodca e cachaça ilegais tiveram o consumo ampliado durante a pandemia, chegando 130,7 milhões de litros de álcool puro de bebidas destiladas ilícitas ou 320 milhões de garrafas de um litro de uma bebida destilada com teor alcoólico de 40%, segundo atestou pesquisa realizada pelo Euromonitor. Os números representaram uma alta de 10,1% no consumo de bebidas destiladas ilícitas no Brasil durante a pandemia do coronavírus na comparação com igual período de 2019. 

Conforme o relatório da Euromonitor, os números representam um consumo anual per capita de 820 mililitros, em álcool puro, de bebidas destiladas ilícitas - o mesmo que duas garrafas de um litro de uma bebida destilada com teor alcoólico de 40%.

A consultoria revela que houve crescimento em todas as atividades ilícitas relacionadas à bebida, com destaque para o contrabando do produto. O aumento da desigualdade devido às implicações econômicas da pandemia afetou o poder de compra dos consumidores, que acabaram optando pelos preços mais baixos das bebidas ilícitas.

"A Covid-19 levou mais consumidores ao mercado ilícito por meio de novas dinâmicas de compra, aumentando os desafios de controle. As políticas públicas precisam tornar a atividade ilícita menos lucrativa e assegurar que os criminosos sejam punidos", destaca o relatório.

Impostos impactam

O Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) lembra que em 2015 foram instituídas no Brasil normas tributárias que estipularam alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os destilados entre 25 e 30% e avalia que isso favoreceu o desenvolvimento do mercado ilegal.

"No Brasil, as bebidas ilícitas são hoje até 70% mais baratas do que as legítimas e não se submetem às regras trabalhistas, sanitárias e ambientais. O mercado ilegal tem impactado duramente o setor da Cachaça, uma das categorias que mais sofre com a produção ilegal", explica Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac).

O Instituto estima que o valor perdido com o mercado ilegal total de bebidas alcoólicas em 2017 foi de R$ 10 bilhões. "Todos perdem com o mercado ilegal, o Governo, pois deixa de arrecadar impostos, a sociedade, pois está sujeita aos riscos apresentados pela ilegalidade e a cadeia produtiva legalizada, pois compete em um ambiente de concorrência desleal", arremata Carlos Lima.

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