Suspensão de exportações de carne bovina à China afeta o Ceará? Entenda impactos

Segundo especialistas, Estado só deve ser afetado se o caso não for isolado

Escrito por Redação ,
Legenda: Carlos Favaro, ministro da Agricultura, afirmou que todos os indícios apota para que a doença seja atípica
Foto: Nelson Almeida / AFP

A confirmação de um caso do mal da vaca louca em um bovino no município de Marabá (PA) provocou a suspensão temporária das exportações de carne bovina brasileira para a China.

O caso já gera preocupação na população sobre possíveis consequências. Veja o que se sabe até o momento sobre impactos no Ceará.

O presidente da Federação Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, garante que não há motivos para preocupação no Estado. Ele acredita que o registro do Pará seja realmente um caso isolado.

A doença atinge animais que se alimentam com proteína, o que não é o nosso caso nem o do Pará, onde os rebanhos se alimentam de pasto. Além disso, nós importamos carne de outros estados"
Amilcar Silveira
Presidente da Faec

O analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, pontua que ainda é muito cedo para falar das consequências, já que o processo de verificação de possível contaminação ainda está em andamento.

Ele lembra, no entanto, que se for um volume considerável de contaminação, a medida de contenção é o abatimento do rebanho.

Veja também

"De qualquer forma, se preços internos caírem, cai pouco, se cair. Dado que podem deixar o boi em pé, já que seus custos operacionais de comer capim são baixos no Brasil. Depende do tamanho do problema e ainda não sabemos o quanto é grave ou não", afirma.

O analista de mercado da Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, reforça que ainda não se tem certeza sobre a gravidade do problema e, consequentemente, de quais serão os impactos. O economista pontua que o gado do Pará é bastante consumido no Norte e Nordeste do País.

Autoembargo

Embora os envios para a China tenham sido suspensos, os demais países importadores de carne brasileira continuam consumindo a proteína bovina. Isso porque a suspensão ocorre em função de um protocolo assinado em 2015 entre os dois países que prevê um autoembargo dos envios diante de novos registros de vaca louca.

"Os mercados nacional e internacional continuam normais (com exceção da China), não teve nenhum impacto para o produto ainda. Os comerciantes têm alegado não ter impacto registrado ainda. Talvez na próxima semana, com maior divulgação do assunto", pontua.

Girão também explica que, caso o registro não seja um caso isolado, pode haver uma queda tanto na oferta de carne bovina quanto na demanda interna. Dessa forma, é possível que inicialmente haja um recuo nos preços a nível nacional.

Entenda o caso

Carlos Favaro, ministro da Agricultura, afirmou nesta quarta-feira (22) que todos os indícios apota para que a doença seja atípica, quando se desenvolve durante o processo degenerativo do animal à medida que este envelhece.

"A experiência dos nossos técnicos na avaliação, a rotina onde o animal era criado, sem consumo de rações (...) tudo isso permite dizer que a probabilidade é muito grande de que seja atípica", disse.

O ministro ainda tranquilizou a população. Segundo ele, não existem riscos para quem consumir carne bovina, já que casos atípicos não são transmissíveis.

Como o Brasil não possui capacidade laboratorial para identificar a tipologia da doença, o material da contraprova foi enviado ao Canadá para confirmar se é um caso atípico.

Em 2021, o Brasil registrou dois casos atípicos da doença em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG). Os registros provocaram a suspensão de exportações à China por mais de 100 dias.

Isso porque o processo de envio de dados às autoridades chinesas para que os riscos sejam avaliados e, posteriormente, as vendas de carne retomadas pode se arrastar por meses.

 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados