Suspensão de exportações de carne bovina à China afeta o Ceará? Entenda impactos
Segundo especialistas, Estado só deve ser afetado se o caso não for isolado
A confirmação de um caso do mal da vaca louca em um bovino no município de Marabá (PA) provocou a suspensão temporária das exportações de carne bovina brasileira para a China.
O caso já gera preocupação na população sobre possíveis consequências. Veja o que se sabe até o momento sobre impactos no Ceará.
O presidente da Federação Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, garante que não há motivos para preocupação no Estado. Ele acredita que o registro do Pará seja realmente um caso isolado.
A doença atinge animais que se alimentam com proteína, o que não é o nosso caso nem o do Pará, onde os rebanhos se alimentam de pasto. Além disso, nós importamos carne de outros estados"
O analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, pontua que ainda é muito cedo para falar das consequências, já que o processo de verificação de possível contaminação ainda está em andamento.
Ele lembra, no entanto, que se for um volume considerável de contaminação, a medida de contenção é o abatimento do rebanho.
Veja também
"De qualquer forma, se preços internos caírem, cai pouco, se cair. Dado que podem deixar o boi em pé, já que seus custos operacionais de comer capim são baixos no Brasil. Depende do tamanho do problema e ainda não sabemos o quanto é grave ou não", afirma.
O analista de mercado da Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, reforça que ainda não se tem certeza sobre a gravidade do problema e, consequentemente, de quais serão os impactos. O economista pontua que o gado do Pará é bastante consumido no Norte e Nordeste do País.
Autoembargo
Embora os envios para a China tenham sido suspensos, os demais países importadores de carne brasileira continuam consumindo a proteína bovina. Isso porque a suspensão ocorre em função de um protocolo assinado em 2015 entre os dois países que prevê um autoembargo dos envios diante de novos registros de vaca louca.
"Os mercados nacional e internacional continuam normais (com exceção da China), não teve nenhum impacto para o produto ainda. Os comerciantes têm alegado não ter impacto registrado ainda. Talvez na próxima semana, com maior divulgação do assunto", pontua.
Girão também explica que, caso o registro não seja um caso isolado, pode haver uma queda tanto na oferta de carne bovina quanto na demanda interna. Dessa forma, é possível que inicialmente haja um recuo nos preços a nível nacional.
Entenda o caso
Carlos Favaro, ministro da Agricultura, afirmou nesta quarta-feira (22) que todos os indícios apota para que a doença seja atípica, quando se desenvolve durante o processo degenerativo do animal à medida que este envelhece.
"A experiência dos nossos técnicos na avaliação, a rotina onde o animal era criado, sem consumo de rações (...) tudo isso permite dizer que a probabilidade é muito grande de que seja atípica", disse.
O ministro ainda tranquilizou a população. Segundo ele, não existem riscos para quem consumir carne bovina, já que casos atípicos não são transmissíveis.
Como o Brasil não possui capacidade laboratorial para identificar a tipologia da doença, o material da contraprova foi enviado ao Canadá para confirmar se é um caso atípico.
Em 2021, o Brasil registrou dois casos atípicos da doença em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG). Os registros provocaram a suspensão de exportações à China por mais de 100 dias.
Isso porque o processo de envio de dados às autoridades chinesas para que os riscos sejam avaliados e, posteriormente, as vendas de carne retomadas pode se arrastar por meses.