Reduflação inversa: produtos podem voltar ao tamanho anterior? Veja o que dizem os especialistas

Em percorrer alguns supermercados, o Diário do Nordeste encontrou alguns produtos que, em vez de diminuir, cresceram de volume

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: A volta dos tamanhos anteriores pode ocorrer por questões logísticas ou de marketing
Foto: Kid Júnior

A redução de embalagens para evitar o repasse de preços é uma tendência de mercado diante da pressão inflacionária. Mas, esses produtos que encolheram podem voltar aos seus tamanhos originais em situações econômicas mais propícias? 

Para economistas, o retorno ao tamanho anterior das embalagens pode ser justificado por uma estratégia de marketing, para incentivar o consumo em quantidades, mesmo que com a criação de produtos “tamanho família”.  

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Em alguns casos, razões logísticas também podem justificar um crescimento da embalagem, com ou sem aumento proporcional no preço do produto. Assim como a redução, esse aumento deve ser destacado na embalagem de forma clara e visível. 

Ao percorrer supermercados de Fortaleza, o Diário do Nordeste encontrou dois produtos que indicavam aumento na embalagem: o suco em pó Fresh, que foi de 10g para 15g, e o tempero para frango Knorr, com alta de 40g para 50g. 

Legenda: Tempero Knorr
Foto: Diário do Nordeste

Legenda: Suco Fresh
Foto: Diário do Nordeste

Esta é a quarta e última matéria que mostra os efeitos da reduflação nos hábitos de consumo dos consumidores. 

Volta ao tamanho anterior 

O coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Fernandes Maciel, considera que a readequação das empresas a tamanhos praticados anteriormente depende das tendências de mercado. 

Vai depender da estratégia de mercado, se de fato as empresas perceberem que se voltar as medidas antigas vão vender mais, elas podem reverter sim. Pode ser que em algumas marcas é melhor não mexer, mas a tendência é voltar ao caminho antigo, ter produtos de marcas melhores”
Vladimir Fernandes
Coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica

Para tanto, é preciso ocorrer um crescimento econômico constante e consistente nos próximos 3 anos, de acordo com o economista. Ele pondera, contudo, que é difícil fazer previsões devido ao momento atual de incerteza, às vésperas do pleito eleitoral. 

“O desejável é que, independentemente do presidente eleito, o crescimento estável e previsível deveria ser o Norte. A gente está em 2022, a gente teria condição de crescer de uma forma constante e positiva, em 2025 a gente pode ter uma situação para superar e voltar a ser o que era lá em 2015. Isso supondo que não vá ter uma outra recessão. Precisa crescer uns 3 anos constante para reduzir a taxa de desemprego, aumentar salário, para fazer um caminho inverso dos produtos”, coloca. 

Logística e marketing 

O doutor em economia e professor da FACC-UFRJ Joseph Vasconcelos é mais cético com relação à volta de produtos aos tamanhos de antes da reduflação. Ele percebe que a tendência é que sejam criadas novas linhas de produtos tamanho família para suprir a necessidade por produtos maiores. 

Ele acrescenta que, dependendo do tipo de produto, o acréscimo de peso ou volume pode se dar por o custo da embalagem ser mais significante até do que do produto em si. 

Um dos custos mais pertinentes para algumas categorias de produto é a embalagem. Ela pode conceder esse benefício de criar uma embalagem maior e incluir mais produto mesmo mantendo o mesmo preço. Porque para ela essa quantidade a mais não representaria tanto custo do ponto de vista produtivo”
Joseph Vasconcelos
Doutor em economia pela FACC-UFRJ

O economista considera que, por mais que não haja uma tendência de reversão da reduflação, esse fenômeno de encolhimento dos produtos tem um ponto limite que pode inclusive já ter sido encontrado em alguns produtos – como é o caso das barras de chocolate, na opinião de Joseph. 

O que dizem as marcas

Em nota, a Mondelez, detentora da marca Fresh, informou que a mudança de peso da embalagem é parte de uma busca por inovações para atender às diferentes necessidades dos consumidores.

Nesse contexto, o novo Fresh chega ao mercado com um novo rendimento: cada embalagem passa de 1L para 2L. Além disso, o produto já vem adoçado e agora tem um preço por litro mais atrativo para o consumidor . O novo Fresh atende a família toda, é fácil de preparar e tem custo-benefício ainda mais atrativo", diz. 

O Diário do Nordeste entrou em contato com a assessoria de imprensa da Unilever, responsável pela Knorr, mas não recebeu retorno até o fechamento da reportagem. 

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