Quem é a 'rainha do vaso sanitário' e por que ela quer investir ainda mais no Nordeste

A CEO da Astra, Ana Oliva, compartilha como se deu o apelido inusitado e conta os planos para o Nordeste

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: A 'Rainha do Vaso Sanitário' conta do surgimento do negócio e das dificuldades enquanto mulher na área da construção civil
Foto: Divulgação/ Astra

Sempre que a CEO da Astra, Ana Oliva, entra em um banheiro, a primeira coisa que ela olha é o assento, o sanitário e o espelho. Autointitulada “Rainha do Vaso Sanitário”, a mulher à frente da empresa líder em acessórios para banheiro no Brasil prevê novos investimentos no Nordeste. 

A empresa inaugurou um centro de distribuição em Pernambuco em 2018 e pretende investir mais R$ 4 milhões neste ano para expandir a operação para além da distribuição, com compra de maquinário para produção de mecanismos de descarga. A estrutura atende todo o Nordeste. 

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A “Rainha do Vaso Sanitário” assumiu a empresa da família após a morte de seu avô, Francisco Oliva, fundador da Astra. Hoje, ela comanda um negócio de R$ 1 bilhão que tem como foco principal o banheiro. 

Ana brinca que o apelido surgiu porque não há glamour no setor de construção civil, mesmo no cargo de CEO. Segundo ela, a empresa foi pioneira na criação do assento sanitário como é conhecido hoje. 

“A Astra é líder nesse mercado. Tudo era feito de madeira, meu vô uma vez, inspirado em uma boia de criança, pensou ‘por que não fazer um assento sanitário soprado?’. Ele patenteou e hoje nós somos conhecidos pelo assento sanitário e pela caixa de privada”, conta. 

História da empresa 

A Astra é uma empresa familiar que começou com trabalhos na área de marcenaria, comandada pelo avô de Ana. O grupo cresceu para além do banheiro, incluindo as empresas F. A. Oliva, da área imobiliária, e Finamax, do ramo financeiro e de crédito, além da Japi, também ligada a acessórios de banheiro. 

Ana começou a trabalhar nos negócios da família desde cedo, aos 17 anos, quando havia decidido cursar administração na faculdade. Para que ela pudesse aprender na prática, o avô deu à empresária uma loja de presentes para gerir. 

“Eu realmente aprendi e vi o quanto era difícil ganhar dinheiro na vida. Eu vim, passei pela área comercial, financeira. Fui trabalhar no mercado financeiro, trabalhei em banco, tesouraria, corretora. Trabalhei em mesa de operação, operava câmbio”, resume. 

Pela experiência no mercado financeiro, Ana assumiu a parte de finanças da Finamax. Mas, quando Francisco Oliva morreu, em 2014, Ana assumiu a Astra. 

A mando de Ana, a empresa hoje comercializa mais de 6 mil itens, com expectativa de lançamento de 200 novos produtos todos os anos. Apesar da fundação da empresa ter começado no banheiro, hoje os negócios se expandem para as áreas de jardinagem e pet. 

Hoje a gente tem 35 mil clientes ativos. Um dos nossos grandes diferenciais é pulverização de produtos, clientes e mercado. Tenho muitos representantes de venda, mas quando a gente vê a quantidade de pontos de venda são 100 mil, temos um potencial enorme de venda”.
Ana Oliva
CEO da Astra

Para Ana, o setor de construção civil está aquecido e as expectativas são de crescimento tanto para o mercado como para a empresa. 

“A gente tem tido uma média de expectativa de crescimento, consigo estimar que a gente vai crescer esse ano uns 10%. O mercado de construção está aquecido e depois da pandemia a gente teve um aquecimento com fluxo de demanda reprimida, acabamos vendendo muito mais em um ano que foi desesperador”, diz. 

Igualdade  

Mesmo com a pujança do setor em que trabalha, ela conta que é um desafio ser uma mulher nesse mercado. Ana relata não ter sofrido preconceito de gênero de forma escrachada por ter estado sempre do lado do avô, mas que esteve em sua carreira várias vezes em espaços masculinizados. 

Ela lembra que no período em que trabalhava no mercado financeiro, teve momentos tensos em que pensou que não poderia se emocionar por ser a única mulher na mesa. Mãe de dois filhos, ela concilia a maternidade com o comando na empresa. 

Eu sou a rainha do vaso sanitário porque estou em um cargo de liderança, sou mulher, sou nova, fiz toda a sucessão da família e era muito nova. Eu tinha 30 e poucos anos. E é um mercado masculino, indústria é um mercado masculino”
Ana Oliva
CEO da Astra

Preocupada com igualdade, a empresa busca equivaler o número de funcionários masculinos e femininos. Ela calcula que hoje 33% da força trabalhadora é formada por mulheres, longe ainda dos 50% mas um bom número para um setor tão masculinizado. 

Segundo Ana, a empresa é preocupada com os princípios de ESG (governança ambiental, social e corporativa), com lançamentos ligados a matéria prima limpa e ações sociais. A empreendedora tem projetos inclusive no Ceará. 

“No Ceará tem 6 núcleos da escolinha de Triátlon. Começou em Curitiba, fomos um dos pioneiros a investir e hoje somos o principal investidor em todo o Brasil. É um projeto muito lindo de inclusão social através do esporte”, conta. 

Potencial do Nordeste 

De acordo com Ana, o Nordeste representa 15% do faturamento da empresa. Ela vê potencial no centro de distribuição existente em Pernambuco, que atende toda a região. 

“A gente enxerga um potencial grande. Esse ano estamos levando mais máquina para aumentar a produção e a atuação. Em Pernambuco começou com um centro de distribuição para organizar e hoje em dia está produzindo assento sanitário e caixa de descarga, estamos levando mais uma produção. Vamos levar mais maquinário e vamos fazer uma linha de mecanismo de descarga para lá. A gente começou pequeno, foi feito investimento na casa de R$ 8 milhões, agora vai ser investimento na casa de R$ 4 milhões”, cita. 

A empresa não tem planos de investir em novos centros de distribuição. Ela afirma que hoje são 55 representantes no Nordeste, 9 deles no Ceará.  

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