Portos cearenses mantêm investimentos mesmo com perdas

Cipp S.A., administradora do Porto do Pecém, decidiu manter aporte de até R$ 20 milhões na expansão da ZPE. Já a Companhia Docas do Ceará, do Porto do Mucuripe, aposta na concessão de áreas portuárias

Escrito por Redação ,
Legenda: Recursos da Cipp S.A. Serão aplicados na construção de um gate, estradas de acesso e infraestrutura na ZPE
Foto: Foto: Bruno Gomes

Os dois portos cearenses (Pecém e Mucuripe) decidiram manter os investimentos previstos para este ano mesmo com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com Duna Uribe, diretora Executiva Comercial do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, os aportes previstos de até R$ 20 milhões para a expansão da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) permanecem em 2020.

"Nós já havíamos tomado a decisão de expandir a ZPE. Durante a pandemia, foi colocada a questão se íamos manter. A decisão foi: sim, vamos manter esse investimento de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões para estimular mais empresas que venham e se instalem na ZPE", afirmou Uribe, durante videoconferência ontem (24) sobre a Covid-19 e os impactos na atividade portuária, organizada pela Prática Eventos.

Os recursos serão aplicados na primeira fase de expansão da ZPE, que inclui a construção de um gate (portão para entrada e saída de mercadorias), estradas de acesso, infraestrutura de avenidas e urbanização da área industrial.

A diretora presidente da Companhia Docas do Ceará, Mayhara Chaves, reforçou a importância de concessões de áreas portuárias do Mucuripe e destacou o pregão eletrônico do cais pesqueiro.

"O planejamento da Companhia Docas do Ceará para o ano de 2020 está voltado, principalmente, para a concessão de áreas não operacionais. E, mesmo com a crise atual de saúde pública, à qual não tínhamos ideia de sua dimensão no início deste ano, tivemos êxito no primeiro pregão eletrônico recente da retroárea do cais pesqueiro. Outras concessões devem acontecer ao longo do ano e, com esses recursos em caixa, a diretoria definirá os investimentos prioritários a serem aplicados a partir de 2021".

Queda na movimentação

Os dois portos também sinalizaram que projetam uma movimentação menor de cargas nos próximos meses. Segundo Uribe e Chaves, as estimativas indicam queda no transporte marítimo na crise.

"Existe toda uma conjuntura delicada. Estamos vivendo algo novo. Ninguém estava preparado, mas eu acho que é importante colocar que é algo humano como resiliência e adaptabilidade. Nós tivemos um primeiro trimestre com 4,4 milhões de toneladas, um aumento de 11% de cargas comparado com o mesmo período de 2019. Tememos não saber a dimensão no impacto, mas teremos esse impacto no 2º e no 3º trimestres, e esperamos uma retomada no 4º trimestre", afirmou Uribe.

"É um momento bem difícil para nós. A Companhia Docas vinha em um crescimento considerável. Fechamos o primeiro trimestre com 22% de aumento de movimentação de cargas e a gente pensava que isso fosse replicado para todo o ano. Até o momento, não tivemos impacto. Em abril, estamos mantendo a nossa movimentação de carga. O impacto inicialmente será de 15% na movimentação, e nos combustíveis é um pouco maior do que nas outras cargas, mas a retomada vai ser imediata", explicou Chaves, da Companhia Docas.

Novos mercados

Para Uribe, uma das prioridades é expandir as rotas para novos mercados, incluindo Ásia, Oriente Médio e África. "Nós vemos no médio prazo os mercados do Oriente Médio e Ásia, e no longo o mercado africano. O Porto do Pecém já é um hub. Hoje, temos três linhas de longo curso e seis linhas de cabotagem. Isso permite que as cargas sejam distribuídas para todo o País".

Chaves disse também que depois da crise do novo coronavírus, o mercado do trigo vai permanecer em alta no Ceará. "Hoje, a gente exporta muita fruta e muita mercadoria para os mercados europeu e asiático. A gente tem capacidade sim de expandir os mercados, e o trigo vai continuar crescendo depois da pandemia", disse.

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