O que esperar para o Ceará com a possibilidade de retorno do horário de verão

O adiantamento do relógio é avaliado pelo governo federal

Escrito por Diário do Nordeste ,
Homem olhando para o relógio
Legenda: Criado em 1931, o Horário de Verão foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019
Foto: Agência Brasil

O Governo Lula avalia adotar novamente horário de verão no Brasil. Nessa quinta-feira (19), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou o retorno da medida para gerar economia de energia no País.

No entanto, durante reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou a possibilidade de crise energética este ano. Com isso, a implementação do horário de verão deverá ser reavaliada pelo governo.

Além da decisão pela retomada, entretanto, ainda será preciso definir se todos os estados brasileiros deverão adotar a "hora nova". Para fontes especializadas ouvidas pelo Diário do Nordeste, o adiantamento do relógio não traria impactos expressivos para o Ceará, mas é necessário aguardar como será a implementação da prática. 

A reportagem questionou o Ministério de Minas e Energia sobre os critérios para a adoção e como isso está sendo avaliado para o Nordeste e para o Ceará, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Quando as respostas forem enviadas, o texto será atualizado. 

“No Ceará, geralmente não tem, mas temos que aguardar o pronunciamento para saber quais estados serão atingidos. De qualquer forma, não havia uma afetação imediata na conta, é mais uma estratégia para evitar o aumento maior do custo de energia”, explicou. 

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Para o economista e conselheiro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), Luis Eduardo Barros, as experiências anteriores não demonstraram efeitos tão significativos para a economia. No entanto, atualmente, ponderou, o horário alternativo pode ser uma necessidade diante da escassez nos reservatórios. 

“No Ceará, seria uma questão a ser aprofundada. O dia pareceria mais longo e poderia haver uma economia de energia, o que é uma vantagem”, observou. 

Antes da extinção, o horário de verão era aplicado no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.

No caso do Ceará, a mudança nos relógios já não ocorria desde 2003, assim como em outros estados do Norte e Nordeste.

"Possibilidade real"

Na última semana, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou que a volta do horário brasileiro de verão é uma possibilidade real para melhor aproveitamento da luz natural em relação à artificial e a consequente redução de consumo de energia elétrica no país.

"O horário de verão é uma possibilidade real, mas não é um fato porque tem implicações, não só energética, tem implicações econômicas. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas, porque ela impacta muito a vida das pessoas", reconheceu o ministro.

Se a medida for adotada, entretanto, ela só deve ter início depois das eleições. Segundo o Jornal O Globo, após articulação da presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia, o presidente Lula teria dito que o horário de verão só retornaria depois dos pleitos de outubro, caso não ocorra uma crise hídrica no País.

O que é o horário de verão

O horário de verão foi implementando em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas. O adiantamento é de uma hora em alguns lugares do País. 

Depois da primeira experiência, o mecanismo foi utilizado algumas vezes, mas somente em 2008 um decreto tornou a prática permanente. Contudo, a abrangência territorial era definida por decreto presidencial. Geralmente, o Nordeste não tinha o horário de verão.

A prática foi extinta no Governo Bolsonaro, em 2019.  

Por que o horário de verão existiu e pode voltar

O objetivo do horário de verão é economizar a energia, já que se ganha uma hora a mais de luminosidade por dia. Por exemplo, às 18 horas, o céu ainda estaria claro e a demanda pelo consumo de eletricidade seria menor.  

A prática também é defendida por diversos setores, sobretudo o de alimentação fora do lar. O segmento acredita que o adiantamento do relógio estimula o consumo pela luminosidade em horários mais tardes e percepção de segurança.  

Nesta quinta-feira (19), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou estudos que apontam para os impactos positivos para o setor elétrico com a adoção do horário de verão. De acordo com os representantes da entidade, a implementação geraria economia de até 2,5 GW de despacho termelétrico no horário de ponta, o que reduziria custos e contribuiria para a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN), ampliando a capacidade de atendimento das 18h às 21h.

Com Agência Brasil

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