Ministro defende investigação da PF sobre apagão; ONS aponta falha em rede da Eletrobras

Uma falha no sistema da Chesf, na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, foi detectada

Escrito por Redação ,
ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia
Legenda: A Chesf admitiu um erro no sistema de proteção
Foto: Reprodução/Globo

O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, defendeu que a Polícia Federal deve apurar, "mais do que nunca", os motivos que causaram o apagão ocorrido nessa terça (15). Em coletiva de imprensa, ele informou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) ainda não encontrou as causas técnicas, mas que foi detectada uma falha no sistema da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), uma subsidiária da Eletrobras, no Ceará, na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza. As informações são do portal g1.

Silveira, no entanto, acredita que esse evento, sozinho, não seria responsável por um apagão nessas proporções. "Esse evento isoladamente não causaria interrupção tão grave", disse.

"Mais do que nunca é necessária a participação [da PF], já que o ONS não apontou falha técnica que pudesse causar na dimensão que foi. Doutor Andrei [Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal] esteve comigo agora", completou o ministro.

Ainda conforme Silveira, a Chesf admitiu um erro no sistema de proteção, mas a ONS ainda não tem conhecimento sobre as razões que levaram ao desligamento da linha da subsidiária da Eletrobras.

"A Chesf admitiu o erro que não protegeu o sistema adequadamente nessa linha de transmissão", declarou.

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Já Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, acredita que o grande desafio na investigação é descobrir por que esse erro na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza causou um apagão dessa magnitude.

"O propósito era identificar o evento zero a partir de onde essa propagação se originou. [...] Faz análise técnica. Fator humano é fator analisado do ponto de vista técnico. Pode ter havido falha humana? Pode, mas hoje não podemos afirmar", disse Ciocchi.

ORIGEM NO CEARÁ

O ministro Alexandre Silveira detalhou que "uma sobrecarga no sistema do Ceará ocasionou o desligamento" motivador do apagão. O episódio interrompeu 16 mil MW de carga em estados do Norte-Nordeste. Já no Sudeste, Centro-Oeste e Sul foram 2,9 mil MW.

Na ocasião, o titular ainda informou que a energia demorou a retornar em estados nordestinos devido à ocorrência inicial ter sido registrada na região. O incidente aconteceu entre 8h29 e 14h49. 

'VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA DESCONTROLADA'

Em entrevista à TV Globo na noite desta terça, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, informou que a frequência da rede elétrica no Ceará sofreu uma variação de frequência "descontrolada".

Na região do Ceará, as evidências, as nossas avaliações, dados e telemetria mostram que, naquela região, por volta das 8h30, houve uma variação de frequência descontrolada e não esperada. Isso nos leva a acreditar que ali possa estar contida nessa região elétrica a causa principal ou a casa raiz de todos os fenômenos que vieram a ocorrer
LUIZ CARLOS CIOCCHI
Diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)

O valor normal da frequência para não haver anormalidades é 60 Hz. O índice não foi verificado nessa terça, conforme o diretor-geral. Ele disse ainda que a perturbação dessa frequência ocorrida no estado cearense pode afetar gradativamente componentes do Sistema Interligado Nacional (SIN).

“Quando você tem uma perturbação dessa de frequência, você normalmente tem uma série de componentes que podem estar agindo no sentido de provocar essa variação brusca e inesperada de frequência. E, nesse sistema de transmissão, onde tem várias linhas de transmissão e subestações, que estão interligando consumidores e geradores, para que essa perturbação seja propagada, e vai afetando, gradativamente, outros componentes, ampliando essa região elétrica”, ponderou Ciocchi.

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