Mesmo em meio à crise econômica, setor de perfumaria e beleza cresce no 1º trimestre de 2022

Busca por produtos e serviços de estética tem crescido nos últimos anos com influência das redes sociais, mas resultado menor que o esperado

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Vendas de segmento de beleza e perfumaria cresceram em 2022
Foto: Saulo Roberto

Novos procedimentos e produtos de beleza surgem a todo instante e impulsionados pela influência de artistas movimentam a indústria da beleza. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) apontam que o setor cresceu 6,5% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. 

Os segmentos de Higiene Pessoal (3,5%), Perfumaria (8,9%) e Cosméticos (3,6%) registraram alta em relação ao mesmo período de 2021. Além disso, a ABIHPEC aponta o destaque do segmento de Cosméticos foi a categoria “Maquiagem”, que apresentou uma alta de 18% em valor de vendas ex-factory, em comparação ao mesmo período do ano anterior.  

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Apesar disso, a associação pondera que o crescimento ainda é aquém da expectativa por conta da alta dos insumos, que têm de ser repassada aos produtos, e da inflação. De acordo com o presidente-executivo da ABIHPEC, João Carlos Basilio, que é inevitável não haver recomposição de preços.  

Os custos seguem altos e consumindo as margens e o cenário econômico, somado à retração da renda, continuam apresentando desafios aos fabricantes que lutam para não perder a preferência junto a seus consumidores”.  
João Carlos Basilio
presidente-executivo da ABIHPEC

Além disso, as exportações do setor no mês de abril de 2022 tiveram alta de 7,5% comparado ao mesmo mês de 2021, chegando ao valor de US$ 65,1 milhões. As importações, por sua vez, tiveram queda, de 14,3%, totalizando US$ 57,3 milhões. 

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Desempenho durante a pandemia  

Em 2020, mesmo durante a pandemia, o setor teve crescimento ante o ano anterior de 5,8% em vendas ex-factory, ou seja, o faturamento líquido da fábrica.  

Somente o segmento de Cosméticos teve alta de 1,5% no ano de 2020, comparado ao mesmo período de 2019.  

Contudo, em 2021, o desempenho foi de queda, de 2,8% em relação a 2020. Conforme a ABIHPEC, os dados mostram que, o setor enfrentou dificuldades e limitações de repassar aos preços, os aumentos de custos enfrentados ao longo do segundo ano de pandemia. 

Popularização de tratamentos 

Para a economista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alessandra Benevides, o crescimento está atrelado a uma maior acessibilidade, já que esses tratamentos ganharam inovações tecnológicas.  

"Saiu da classe A, houve uma popularização desses procedimentos, porém, às vezes as pessoas caem em cilada, porque tem parcelamento e outras facilidades. A pessoa se imagina com aquele padrão de beleza fictício e entra nesse tipo de cilada, especialmente as mulheres”, explica.  

Por isso, a economista aponta a necessidade de haver um planejamento para que não haja endividamento ou que se deixe de realizar outras necessidades para ceder a uma pressão estética.  

Você dar um passo maior que a perna é sempre muito complicado, porque depois não tem como esticar o orçamento e aí vem uma bola de neve de juros. Se você tem como objetivo botar botox, por exemplo, faça pesquisa de preço, vá guardando a quantia e pagando à vista é possível até conseguir desconto”.  
Alessandra Benevides
economista

Mercado em ascensão 

Para além de produtos, os serviços de beleza e estética também estão em alta. O professor e coordenador dos cursos de MBAs em Marketing da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fernando Marchesini, diz que o segmento de saúde teve o terceiro melhor resultado das franquias em 2021, movimentando R$ 47,3 bilhões.  

Isso demonstra o quanto o mercado vem crescendo e o quanto a gente pode afirmar que, nos próximos anos, a expectativa é de que esse desempenho vai triplicar. Em se tratando de business, é um excelente negócio para se investir hoje em dia”. 
Fernando Marchesini
professor

Conforme o professor, essa busca por procedimentos estéticos está também relacionada à imagem pessoal, principalmente para quem trabalha com autoimagem.  

“Com a utilização da internet como uma ferramenta para relacionamento, o rosto ficou muito importante, a imagem da pessoa ficou muito voltada para procedimentos estéticos. As pessoas querem fazer procedimento para tirar olheiras, tirar bolsas abaixo dos olhos por exemplo”, conclui.   

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