Margem Equatorial: Petrobras e universidades realizam expedição científica exploratória
Objetivo é produzir e aprofundar conhecimentos sobre a porção marítima da região, considerada a nova fronteira de petróleo e gás
Durante trinta dias, pesquisadores da Petrobras, do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e de 10 universidades de estados que compõem a região geográfica da Margem Equatorial, incluindo representantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), realizarão uma expedição científica, no Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) “Vital de Oliveira”, operado pela Marinha do Brasil, e que fica atracado em Fortaleza até o sábado (30).
O grupo, composto por 28 cientistas mais a tripulação do navio, totalizando cerca de 130 pessoas, estará a bordo da embarcação para aprofundar estudos sobre a geologia marinha da região da foz do rio Amazonas, no Amapá. A Margem Equatorial se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá e é considerada a nova e mais promissora fronteira exploratória em água profundas.
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Segundo Halésio Barros, pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), a expedição científica tem o caráter acadêmico de procurar entender as características dos ecossistemas da região da Margem Equatorial, neste primeiro momento no Amapá.
"Isso é para que a eventual exploração de petróleo e gás seja feita com a maior segurança operacional e ambiental possível. Para isso vamos gerar dados científicos em parceria com universidades, Marinha e o Serviço Geológico Brasileiro para que isso sirva como conhecimento necessário para o País direcionar como pode ser feita a exploração de petróleo na Margem Equatorial".
Ele explica que outros editais estão sendo elaborados pela Petrobras para que ocorram pesquisas semelhantes por toda a região da Margem Equatorial, nos próximos anos, porém as publicações ainda não têm data prevista.
Primeira vez embarcando no navio Vital Oliveira, Ana Clara Souza, professora do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma das representantes cearenses na expedição e se diz com grande expectativa com relação à troca de experiências entre a tripulação.
"Estaremos congregando informações, a visualização de dados inéditos e de dados que estão sendo adquiridos pela primeira vez. Então acho que isso vai ser uma atividade realmente enriquecedora para a universidade e para os alunos que, no futuro, vão trabalhar com esses dados desta primeira missão".
Ela salienta a importância de se navegar em um dos melhores navios brasileiros para pesquisa científica. "É muito gratificante ter pesquisadores cearenses junto desta expedição".
Ana Clara ainda reforça que o retorno da expedição traz dados biológicos, geológicos, de coleta de água, que se tornam recursos que podem ser estudados por diferentes grupos de pesquisa, institutos, por diferentes pesquisadores. "Ou seja, são destinados às pessoas com conhecimento específico nas áreas e que poderão desenvolver suas pesquisas a partir desta coleta".
Os pesquisadores embarcados se revezam 24 horas por dia, todos os dias da expedição, em turmas que de análise e coleta nos laboratórios seco e molhado do navio. Assim, a captação das informações ocorrem em diversos cenários climáticos, além da divisão diurna e noturna.
Marcelo Soares, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC), conta que dois doutorandos e um mestrando de oceanografia participarão nos próximos 30 dias da expedição. "Essa é uma bagagem que em sala de aula é muito difícil de se conseguir. Além disso, o embarque multidisciplinar traz uma troca de experiências riquíssima para toda a tripulação."
Segunda expedição
Esta é a segunda vez que a Petrobras realiza expedição nesta área específica do Amapá. Segundo informações do presidente da empresa, Jean Paul Prates, em nota divulgada pela Petrobras, futuramente, serão aplicadas tecnologias que foram usadas na Bacia de Santos, como inteligência artificial, drones e sensoriamento remoto para produzir conhecimento desse ambiente que devem ser compartilhados com a academia e demais instituições, especialmente com os grupos locais de pesquisa.
"A partir dos resultados dessa expedição, a comunidade científica poderá ter mais informações e monitorar os componentes ambientais relevantes da Margem Equatorial, como habitats e grupos biológicos sensíveis, etapa fundamental para futuros programas ambientais que levem a Petrobras gerar ganhos de biodiversidade nas regiões de atuação", explica Carlos Travassos, diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras.
Os estudos serão realizados com coleta de material entre 130 e 800 metros de profundidade, a cerca de 150 quilômetros da costa, na porção marítima do Amapá. “Esta é uma das vantagens da pesquisa associada, uma vez que poucas instituições detém os meios apropriados para realizar expedições como esta”, destaca Travassos.
O que é a Margem Equatorial
A Margem Equatorial é a parte oceânica de uma região geográfica que se estende da foz do rio Oiapoque ao litoral norte do Rio Grande do Norte, abrangendo as bacias hidrográficas da foz do rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Bacia Potiguar.
Nesta expedição, o objetivo é estudar a bacia da foz do Amazonas, no limite até a Guiana Francesa, dentro do brasileiro. Os estudos serão realizados com coleta de material entre 130 e 800 metros de profundidade, a cerca de 150 quilômetros da costa, na porção marítima do Amapá.
Laboratório de pesquisas em alto mar
O Navio “Vital de Oliveira” está atracado no Porto de Fortaleza, no bairro Mucuripe, para embarque dos pesquisadores, manutenção e abastecimento de suprimentos. Ele é uma moderna plataforma de pesquisa marítima, construída para identificar e registrar, detalhadamente, os recursos naturais existentes em águas brasileiras.
Com 28 equipamentos a bordo, o navio é capaz de mapear dados da atmosfera, oceano, solo e subsolo marinhos, 24 horas por dia, sete dias por semana, atendendo as principais demandas da comunidade científica nacional nas diversas áreas das ciências do mar, como oceanografia, biologia marinha, geologia e meteorologia.
Já realizou 85 viagens ao longo de toda a costa brasileira e embarques de pesquisadores de 44 instituições científicas e acadêmicas. O navio é um complexo laboratório embarcado e uma das plataformas de aquisição de dados hidroceanográficos mais completas do mundo. Abriga uma tripulação de 90 militares e pode receber até 40 pesquisadores.
A embarcação é subordinada ao Grupamento de Navios Hidroceanográficos, da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil. O navio homenageia o patrono da Hidrografia Brasileira, o Capitão de Fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira.