Letras de músicas rendem até R$ 50 mil por mês a compositor

Gênero musical é mais lucrativo que outros bem mais requisitados do Sudeste do País, pelo que conta letrista

Escrito por Redação ,
Legenda: Enquanto Renato Moreno foca no mercado forrozeiro e sertanejo, produzindo cerca de 40 hits mensalmente, Chico Pessoa tem nos artistas da MPB seu principal público
Foto: Foto: José Leomar/Divulgação

Letras que fixam rápido na memória de quem as escuta, traduzem uma rotina de festas e bebidas caras, ou a dor de algum amor mal resolvido - as composições clássicas do forró pop, que chegam a receber duras críticas, trazem um retorno financeiro surpreendente para os compositores. Criando letras que podem render a partir de R$ 50 mil em apenas um mês, boa parte desses profissionais pegou carona nesse estilo musical para melhorar, ou melhor, mudar de vida.

Marcas associam-se a artistas para crescer 

Grifes de cantoras atraem forrozeiros e outros públicos

Um dos que atesta essa trajetória é o compositor Renato Moreno, responsável por sucessos de artistas como Wesley Safadão, Gustavo Lima, César Menotti e Fabiano e Leo Magalhães. "Uma música, por mês, pode render a partir de R$ 50 mil, e a gente faz várias", calcula Renato, que compõe, em média, 30 a 40 letras por mês, a maioria com tema romântico, "que pode se adaptar a qualquer estilo de música".

O início da carreira de Renato como compositor foi no Rio de Janeiro, em 1995, com uma dupla de MCs que cantava nos morros. "Eu sempre peguei as coisas do dia a dia, frases, gírias, fazia as músicas e mandava pra galera", conta. A transição para o forró foi por meio de um amigo que o indicou, à época, para a o Forró Saborear. "Eles estavam com a música da Patricinha. Peguei a ideia e fiz a música do Mauricinho. Lançaram no mesmo disco, fez sucesso e de lá surgiram outros convites", diz.

O carioca assinou vários outros hits que estouraram em bandas do gênero, até chegar ao Aviões do Forró, quando recebeu o convite para vir morar em Fortaleza. A diferença na rentabilidade entre as composições para o funk e para o forró logo ficaram evidentes, conta ele. "O funk toca muito em favela, rádio comunitária, a gente recebia alguma coisa, mas era muito pouco. Começou a entrar mais dinheiro com o forró, porque tem muita casa de show, toca em todas as rádios, TVs, a gente grava muita coisa", compara.

Novelas projetam hits

As inserções em novelas globais foram outro fator que ajudaram a popularizar Renato, entre os ouvintes e entre as bandas. Das três que ele emplacou, a mais recente foi "Safadim", gravada por Aviões do Forró, que integrou a trilha sonora da novela "A Regra do Jogo", exibida no horário das 21h na TV Globo.

De proprietário de uma loja simples de discos no Rio - ofício que ele dividia com as composições de funk -, Renato transformou-se em dos compositores mais requisitados atualmente.

O desenvolvimento foi tanto que ele, atualmente, possui a própria editora, para patentear suas composições e garantir os direitos autorais. "Eu fui o primeiro a ter editora, eu mesmo libero a música, faço autorização pra disco e CD. A obra é 100% minha", estabelece.

Outros gêneros

Enquanto Renato se vale desse artifício para garantir o controle sobre as próprias criações, outros compositores revelam-se frustrados com a dinâmica envolvendo direitos autorais. É o caso de Chico Pessoa, que apesar não atuar mais fortemente com composições comerciais voltadas para bandas de forró, foi autor de inúmeros sucessos interpretados por artistas como Eliane e Mastruz com Leite, e teve canções em trilhas de novelas.

"Não ganhei quase direito autoral, a novela reprisou, mas, para mim, o efeito dos direitos não chegou", lamenta. Atualmente, ele se dedica às composições mais voltadas à MPB, gravadas por nomes como Zélia Duncan e Elba Ramalho. (JC)

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