Indústria cearense de calçados deve crescer 14% neste ano

Mesmo em meio ao baque provocado pela pandemia no ano passado, o Ceará apresentou saldo positivo na geração de 3,4 mil postos de trabalho de janeiro a novembro pelo setor. Perspectiva de crescimento segue projeção nacional

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: No Ceará, a recuperação do setor vem contribuindo para a melhora do nível de atividade industrial
Foto: Rayane Oliveira/Fiec

Após registrar um tombo de 21,8% da produção em 2020, o setor calçadista nacional espera um crescimento de 14,1% em 2021, com a produção de 810 milhões de pares, conforme estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A perspectiva de crescimento é a mesma para o mercado cearense, o maior produtor de pares e segundo principal exportador do País.

O volume esperado de produção no País é equivalente ao dos anos de 2010 (813 milhões). "Não poderíamos ter tido um ano pior, em 2020. Para este ano, as projeções tanto de produção como de exportações são positivas", diz Haroldo Ferreira, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

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Apesar da forte retração do setor ao longo de 2020, o Ceará apresentou crescimento na geração de empregos no setor, na contramão do que aconteceu no País. "No pico da pandemia, o setor calçadista nacional chegou a perder mais de 60 mil postos de trabalho e a partir de julho começou uma recuperação. Porém, considerando o período de janeiro a novembro de 2020, foram fechados 13.415 postos de trabalho no País, enquanto no Ceará houve um saldo positivo de 3,4 mil postos. Com um saldo positivo de 9 mil postos a partir de julho", ressalta Ferreira.

Em abril, pior mês para o setor, foram fechados 29,7 mil postos de trabalho no País. Já em setembro, melhor mês, foram gerados 11,4 mil postos. No Ceará, a recuperação do setor vem contribuindo para a melhora do nível de atividade industrial. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-Regional), divulgada pelo IBGE na semana passada, o segmento de "Artigos para Viagem e Calçados" cresceu 6,4% de outubro para novembro, sendo um dos principais destaques positivos da indústria cearense no mês. No ano, porém, até novembro, acumula queda de 16,3%.

Exportações

Em 2020, o setor calçadista cearense registrou uma queda de 14,5% nas exportações, em número de pares, e uma retração de 28,1% no valor das vendas em dólar. Ainda assim, nos dois indicadores, o Estado apresentou um desempenho melhor do que a indústria nacional, que exportou 18,6% a menos em número de pares e 32,3% a menos no valor em dólar. No acumulado de 2020, o Ceará exportou US$ 170,8 milhões em calçados.

"O Ceará é o segundo maior exportador do País e a perspectiva para 2021 é positiva para o Estado também. Essas projeções foram feitas considerando uma melhoria da competitividade do próprio Brasil no mercado internacional", diz Ferreira. As exportações respondem por cerca de 15% das vendas do setor calçadista brasileiro e tem nos EUA o principal mercado.

Projeções

No início de 2020, a Abicalçados projetava um crescimento de 2,5% a 3% para o ano, até que em março teve início o fechamento do comércio no País. Considerando os dados até novembro, a entidade estima uma queda de 21,8% na produção de calçados ante 2019, com 710 milhões de pares produzidos, volume equivalente ao registrado em 2004 (721 milhões de pares).

Apesar do resultado, Ferreira diz que os números de novembro já foram superiores aos de novembro de 2019. "Isso foi bem positivo. Mas nas exportações, ao longo do ano, infelizmente tivemos uma queda de 32,2% em valor em dólar e de 18,6% no número de pares enviados ao exterior".

Para este ano, as projeções da Abicalçados não consideram novos fechamentos da atividade econômica como ocorreu em 2020. "Essa projeção foi feita com base na fotografia do fim de 2020, e não leva em conta novos fechamentos do varejo. Se ocorrer um grande fechamento nos polos consumidores haverá reflexos na indústria calçadista como um todo. Só o estado de São Paulo consome de 40% a 45% da produção nacional", diz o presidente da Abicalçados.

 

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