Gastos com saúde crescem e impulsionam faturamento do setor

Ao mesmo tempo em que a expectativa de vida cresce para os cearenses, os preços de medicamentos e planos de saúde tornam-se ainda mais caros

Escrito por Áquila Leite - Repórter ,

Cercados por diversos reajustes, recessão econômica e pelas incertezas que rondam o País, muitos brasileiros tiveram que se desdobrar para conseguir fechar suas contas em 2015, o que não deve ser diferente neste ano. Em um cenário assim, áreas consideradas essenciais acabam priorizadas pelo orçamento familiar, como é o caso da saúde. O problema é que os aumentos também atingiram em cheio os produtos e serviços ligados ao setor. Plano de saúde, consultas, exames e medicamentos, por exemplo, têm ficado cada vez mais caros, alavancando assim os gastos dos consumidores na área.

Medicamentos tendem a ficar 11% mais caros neste ano

Clínica popular ganha espaço e vira opção de bom negócio

Usuários de planos crescem 88,6% no Estado

Para se ter uma ideia, em pesquisa recente divulgada pelas consultorias Bain & Company e Euromonitor, estima-se que os gastos com saúde ocuparão 8,4% do orçamento familiar do brasileiro até o ano de 2020. Em 2014, segundo o levantamento, 7,75% do rendimento líquido era destinado à área. "Nas regiões metropolitanas, o gasto per capita já é superior a R$ 300. Em 75% das cidades rurais, o gasto é inferior a R$ 315", afirmou Luís Oliveira, sócio da Bain & Company.

Efeitos da longevidade

Além da alta nos produtos e serviços ligados à saúde, outro fator preponderante no aumento dos gastos com o setor tem sido o avanço da expectativa de vida dos brasileiros, que atingiu 75,2 anos em 2014, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Ceará, a média foi de 73,4 anos, a segunda maior do Nordeste, atrás apenas do Rio Grande do Norte (75,2 anos). Assim, com a população ficando mais velha, cresce a demanda por medicamentos, que devem ficar até 11% mais caros no Estado ainda neste ano, e também por melhores planos de saúde, que, no caso dos idosos, custam bem mais do que o convencional.

Necessidade x Orçamento

Com a saúde impactando cada vez mais no orçamento familiar, é necessário que os consumidores busquem o equilíbrio de seus gastos para não acabarem se complicando, explica o consultor Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin). "É uma setor que tem apresentado aumentos acima da inflação e que, portanto, requer cuidado. Lógico que não tem como abrir mão da saúde da família, que é tão essencial quanto a alimentação e educação, por exemplo, mas é preciso analisar qual a disponibilidade de recursos para tal. Tenho condições de bancar um plano de saúde? Um plano odontológico? A minha situação financeira que dirá", comenta o consultor.

Reinaldo Domingos também lembra que há alguns caminhos que podem ser seguidos por quem quer minimizar os gastos com a saúde, como a opção por medicamentos genéricos e a criação de uma reserva emergencial para substituir o plano de saúde. "Pode ser uma boa opção, principalmente para quem não adoece muito, juntar determinada quantia e deixá-la a postos para uma emergência de saúde. O lado ruim é que quando o consumidor precisar ir a um hospital, ele provavelmente vai ficar pobre, tendo em vista que tudo é absurdamente caro", destaca.

Oportunidade

Por ser uma área considerada essencial pela maioria das famílias, a saúde também pode se tornar uma boa oportunidade para quem quer apostar em um negócio em tempos de instabilidade econômica, como o vivido atualmente pelo Brasil. Com os consumidores gastando mais, o outro lado da moeda mostra muitas empresas se destacando no setor, que tem visto sua demanda e faturamento crescerem cada vez mais.

O UnitedHealth Group, por exemplo, dono da operadora de saúde Amil no Brasil, teve lucro trimestral melhor que o esperado, ajudado pelos resultados de seu negócio de gestão de benefícios em farmácias Optum. As receitas subiram 70%, para US$ 21,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado.

Além disso, a rede cearense de farmácias Pague Menos fechou o terceiro trimestre de 2015 com lucro líquido ajustado de R$ 25,3 milhões, um crescimento de 20,6%, enquanto a Unimed Fortaleza viu sua receita crescer 16% no ano passado, com um faturamento previsto de R$ 1,5 bilhão.

Assim, com a expansão do número de farmácias, o crescimento de beneficiários de planos de saúde, a popularização das clínicas populares e a expansão e surgimento de outros negócios ligados ao setor, fica claro que a saúde pode ser um dos melhores investimentos em tempos de crise econômica.

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